A RD divulgará seus resultados do 1T23 na terça-feira (02/mai), após o fechamento do mercado. Apesar de uma forte base comparativa ano contra ano, esperamos mais um bom resultado da companhia, com seu top line crescendo high-teens (+18,9% a/a Est. Genial), ganhos de alavancagem operacional e um AVP mais suavizado, melhorando a rentabilidade a/a.
Seguimos com nossa recomendação de MANTER e preço-alvo 2023FY de R$ 25,00, que representa um downside de -5% em relação ao preço de fechamento do dia 28/04.
Para maiores detalhes, confira nossa tabela de expectativas a seguir:
O faturamento deve crescer high-teens
O cenário para as empresas de varejo farmacêutico foi positivo no último ano, dentro de um ambiente de inflação alta, fez com que o anúncio do reajuste da CMED, divulgado em março de 2022, atingisse um de seus maiores registros na década, para 10,89%.
Enquanto isso, considerando o pipeline robusto de expansão da companhia (+260 lojas/ano), esperamos que a RD finalize o trimestre com um parque de ~2.757 lojas, somando mais ~34,5 mil m² em área de vendas (+8,6% a/a).
A combinação do último reajuste da CMED 2022 junto de um crescimento de ~9% do parque de lojas, se traduz em nossa projeção de expansão do faturamento de 18,9% ano contra ano, no qual estimamos que a companhia reporte uma receita bruta de R$ 8,3b e um Same Store Sales de 15%.
Quando falamos do top-line do Grupo, há um “Q” de curiosidade quando separamos a unidade de varejo das investidas (controladora vs. consolidado).
A 4Bio, uma das principais investidas da companhia, teve um excelente ano de 2022 e com dois motivos que podemos explicar essa performance, sendo eles:
(I) Concorrentes com dificuldades. A 4Bio vai se encaixar dentro da categoria de medicamentos especiais (oncologia, neurologia, infectologia etc.), no qual ainda não há nenhum grande consolidador ou algum pequeno grupo seleto de players com participação de mercado relevante, porém vimos alguns competidores tendo alguns entraves no ano, que favoreceu a 4Bio;
(II) 4Bio obteve benefício na justiça referente ao Difal. Com o ganho, a companhia teve a opção de não precisar pagar o Difal até a virada do ano. Logo, isso trouxe uma vantagem competitiva para a empresa em termos de precificação, com os repasses desse benefício sendo colocados nos preços trazendo bastante competitividade, fazendo a 4Bio crescer 50% a/a no 4T22.
Com a virada do ano e, agora o pagamento do Difal, essa vantagem comparativa em preços cai e precisaremos monitorar como será os próximos desdobramentos em relação a crescimento e competividade no setor.
O business de medicamentos especiais tende a ter uma dinâmica particular em termos de vendas, com um foco maior no B2B. Portanto, acreditamos que apesar da queda do benefício, o bom desempenho alcançado em 2022 se traduza em uma condução melhor da carteira de clientes, melhora no cross-sell e faça com que a 4Bio consiga continuar remando. Vamos acompanhar.
Não devemos ver nenhuma mudança relevante de mix em categorias e projetamos um desempenho flat da penetração do digital para esse trimestre, não trazendo impacto significativos em margem.
AVP mais suave traz ganho de margem bruta
Diante de uma nova metodologia na forma como a companhia calcula seu AVP (Ajuste a Valor Presente) – que possui duas linhas que impactam margem bruta, sendo uma detratora entre receita bruta e receita líquida e outra positiva depois do COGS e um saldo net positivo entre elas -, faz com que dinâmica sequencial seja mais comparável que a visão ano contra ano. Logo, estimamos uma margem bruta de 28,1% (+45 bps a/a) e um lucro bruto de R$ 2,3b.
Maior alavancagem operacional e diluição em selling é positiva para o EBITDA
Com o cenário inflacionário do primeiro trimestre do ano passado, tivemos uma dinâmica de repasse de inflação vs. aumento de despesas descasadas, onde a inflação estava superior ao reajuste CMED 2021 (que ainda vingava sobre o 1T22).
Contudo, para o 1T23, a dinâmica foi inversa, com o reajuste estando acima da inflação do período, no qual estimamos um impactado positivo de +178 bps em despesas com vendas, gerando alavancagem operacional.
Dito isso, esperamos um EBITDA ajustado de R$ 638m (+64,2% a/a) e uma margem de 7,7% com expansão de +212 bps a/a.
Apesar do aumento do resultado financeiro (+46,8% Est. Genial), impulsionado pelo aumento das despesas financeiras e da alta da taxa básica de juros, projetamos um lucro líquido de R$ 287m (+86,7% a/a) e uma margem de 3,46% (+126 bps a/a).