Encerrado o pregão dessa terça-feira (6/mai), RD Saúde reportou o resultado do 1º trimestre de 2025. Mais um trimestre fraco, onde a companhia roda em um nível de crescimento de lojas maduras e recomposição de margens abaixo dos pares.
Com uma Receita bruta de R$ 10,82 bilhões (+10,8% a/a; -1,8% vs. Est. Genial), a companhia emplaca mais um trimestre fora do “padrão Raia”. Acreditamos que parte dessa performance mais fraca se explica por um efeito calendário desfavorável.
Embora o 1T25 tenha apresentado o mesmo número de dias úteis teóricos que o 1T24 (62 dias), na prática houve um potencial de encolhimento relevante no número de dias úteis reais.
💭 Um exemplo foi o feriado de Ano Novo, que caiu em uma quarta-feira e acabou criando a famosa “ponte”, o que pode ter reduzido até dois dias úteis adicionais (quinta e sexta-feira) em muitas operações comerciais. Esse tipo de efeito calendário tende a pressionar o início do trimestre em termos de vendas — algo especialmente crítico no setor farmacêutico.
Isso porque o varejo farmacêutico é extremamente dependente de dias úteis para performar bem. É durante a semana que há maior fluxo de clientes e consumo programado, seja para medicamentos de uso contínuo, seja para itens de higiene e beleza.
Diferentemente de supermercados, por exemplo — que muitas vezes têm seus maiores picos aos finais de semana — farmácias tendem a ter movimento mais fraco em fins de semana e feriados. Por isso, mesmo pequenas variações no calendário podem ter um impacto relevante no desempenho trimestral.
Outro ponto relevante para a leitura do 1T25 é a base comparativa desafiadora em algumas categorias específicas. A demanda por repelentes de mosquitos, por exemplo, foi excepcionalmente forte no 1T24, impulsionada pela crise de dengue que se intensificou entre fevereiro e março, criando um pico atípico de vendas justamente na vertical de perfumaria — que representa cerca de 25%~26% do faturamento da companhia.
Embora repelentes tenham um peso relativamente pequeno dentro dessa cesta (algo em torno de poucos pontos percentuais), o volume extraordinário registrado no ano passado amplia o impacto quando analisado em maturidade de lojas.
Seguindo para rentabilidade, a margem bruta da RD Saúde no 1T25 ficou pressionada, totalizando 26,6% (-0,6 pp a/a), com lucro bruto consolidado de R$ 2,88 bilhões.
O número veio ligeiramente abaixo da nossa estimativa, que projetava um lucro bruto de R$ 2,96 bilhões (-2,7% vs. Est. Genial) e uma margem de 26,8% (-20 bps vs. Est. Genial). Esse desempenho refletiu um mix de categorias menos favorável, investimentos em precificação e ações promocionais mais intensas, além de uma pressão de 0,3 pp pelo índice de perdas.
Apesar do resultado aquém, a companhia reforçou que esse patamar representa um “vale” da margem, com perspectiva de melhora já nos próximos trimestres, ancorada na sazonalidade positiva, na esperada redução do índice de perdas e em ganhos comerciais provenientes de parcerias com fornecedores.
No entanto, essa pressão na margem bruta — de cerca de 60 bps — não veio sozinha. Ela se somou à pressão de custos fixos já mencionada, afetando diretamente a margem EBITDA do trimestre. A companhia reportou um EBITDA ajustado de R$ 644 milhões, uma margem de 6,0% (-1,0 pp a/a), enquanto nossa expectativa era de R$ 685 milhões (6,4% de margem). Esse desvio reforça a leitura de que o ambiente operacional segue desafiador, com menor alavancagem operacional diante do aumento nas despesas com pessoal e custos fixos mais altos.
Por fim, no lucro líquido, o trimestre também decepcionou: o resultado consolidado foi de R$ 181 milhões, ficando 14,3% abaixo da nossa projeção (e também do consenso do mercado). A combinação de vendas mais fracas, pressão na margem bruta e custos mais elevados continua dificultando uma retomada mais consistente da rentabilidade.
Tabela 1: Comparação entre o resultado consolidado pela RD Saúde e a expectativa Genial (IAS 17; R$ milhões).

Resumo do trimestre
Receita bruta: A RD Saúde reportou uma receita bruta de R$ 10,82 bilhões no 1T25 (+10,8% a/a; -1,8% vs. Est. Genial), em linha com o ritmo de crescimento moderado já observado nos últimos trimestres. A companhia manteve o foco na expansão orgânica, com 75 novas lojas abertas no período e um total de 3.301 farmácias em operação.
Lucro bruto: O lucro bruto totalizou R$ 2,88 bilhões (+8,4% a/a; -2,7% vs. Est. Genial), com margem bruta de 26,6% (-0,6 pp a/a; -20 bps vs. Est. Genial). A pressão veio de um mix menos favorável, maiores investimentos em promoções e precificação, e um impacto de 0,3 pp pelo índice de perdas. A empresa reforçou que este patamar representa um “vale”, com expectativa de recuperação nos próximos trimestres.
EBITDA ajustado: O EBITDA ajustado atingiu R$ 644 milhões (-5,3% a/a; -6,0% vs. Est. Genial), com margem de 6,0% (-1,0 pp a/a; -40 bps vs. Est. Genial). A pressão sobre a margem EBITDA veio tanto da menor diluição de despesas — reflexo do efeito calendário e do pico de vendas no 1T24 — quanto do aumento nas despesas com pessoal, fruto da recomposição do quadro de funcionários iniciada ainda no 2T24.
Lucro líquido: O lucro líquido consolidado ficou em R$ 181 milhões (-15,1% a/a; -14,3% vs. Est. Genial), com margem líquida de 1,7% (-0,5 pp a/a). O resultado reflete a combinação de vendas mais fracas, margens pressionadas e maiores despesas operacionais.