A RD Saúde reportou seus números do 2º trimestre hoje (06/ago), após o encerramento do pregão. Sem surpresas! O resultado veio em linha com nossas estimativas em todas as linhas, com um forte crescimento de top line, guiado por uma maior abertura (+70 lojas no trimestre) e uma margem líquida pressionada por (i) um menor reajuste do CMED 2024 junto a (ii) uma carga tributária mais pesada para a companhia.
Em relação ao item (i), frente a um reajuste de preços inferior ao apresentado no ano passado (CMED 2024 de 4,5% vs. 5,6% em 2023), o ganho inflacionário sobre os estoques acaba sendo naturalmente menor – trazendo um impacto sobre a margem bruta e gerando um carrego negativo para o lucro operacional.
Somando este efeito a uma carga tributária mais pesada, item (ii), a RD reportou uma retração de -4,0% do lucro líquido, dado o início da tributação das subvenções para investimentos na apuração do IRPJ/CSLL.
Entendemos que o mercado estará de olho no plano de sucessão da diretoria anunciado pela Raia nessa terça-feira. A partir de 1º de janeiro de 2025, Renato Raduan será o novo CEO, enquanto Marcello De Zagottis assumirá como COO. O atual CEO, Marcílio Pousada, será indicado para Presidente do Conselho de Administração.
Negociando a 29x P/E 2025, acreditamos que o preço de tela hoje já incorpore as principais perspectivas de crescimento para a companhia nos próximos anos. Reiteramos nossa recomendação NEUTRA para RADL3.
Cenário positivo para vendas
A RD Saúde reportou um faturamento bruto de R$ 10,4b (+15,4% a/a), em linha com nossas estimativas (+0,3% vs. Est. Genial). As vendas foram impulsionadas por uma combinação entre a expansão da área de vendas (+9,6% a/a) e o desempenho das lojas maduras (+6,7% a/a) – que performaram acima do reajuste de medicamentos (+220bps vs. CMED 2024).
Entendemos que a pressão de um menor reajuste no preço dos medicamentos foi quase inteiramente compensado pelo efeito calendário positivo do deslocamento do feriado da Páscoa (mar/24 vs. abr/23) – suavizando o impacto sobre o crescimento de lojas maduras (SSS maduras de 6,7% vs. 6,9% no 1T24).
Rentabilidade pressionada por menor CMED
O lucro bruto totalizou R$ 2,9b (+12,8% a/a; -0,8% vs. Est. Genial), com uma margem bruta consolidada de 28,2% (-66bps a/a; -34bps vs. Est. Genial).
Conforme o esperado, a margem bruta foi impactada por (i) um menor ganho inflacionário sobre os estoques, em função de uma CMED inferior em relação ao ano passado (-50bps a/a), e (ii) pelo início da cobrança de PIS/COFINS sobre subvenções para investimentos registrados no resultado apenas a partir do 1T24 (-10bps a/a). Ainda assim, entendemos que o impacto do menor reajuste foi maior do que inicialmente estimado, levando a uma margem bruta levemente inferior às nossas projeções.
As despesas operacionais se mantiveram estáveis em relação à receita bruta, com os esforços empregados na gestão de G&A (-10bps a/a) compensando uma menor alavancagem nas despesas com vendas (+10bps a/a).
Desse modo, o carrego negativo da margem bruta se traduziu diretamente em uma pressão sobre a margem operacional. A RD reportou um EBITDA ajustado consolidado (IAS 17) em linha com nossas projeções, em R$ 824m (+7,4% a/a; -0,2% vs. Est. Genial), com uma margem de 7,9% (-58bps a/a; -4bps vs. Est. Genial).
Imposto pesa sobre a última linha
Assim como antecipamos em nossa prévia, a companhia arcou com um pagamento de imposto significativamente maior a/a (alíquota efetiva de 22,2% vs. 18,0% no 2T23).
Entendemos que isso se deve principalmente ao (i) início da tributação das subvenções para investimentos na apuração do IR/CSLL, também estando relacionado a (ii) menor provisão de JCP. Estes efeitos foram parcialmente compensados por ajustes não recorrentes referentes ao IR/CSLL de anos anteriores.
A maior carga tributária gerou uma pressão adicional sobre o resultado, impedindo uma evolução da última linha. A RD reportou um lucro líquido (IAS 17) de R$ 348m (-4,1% a/a), levemente abaixo de nossas estimativas (-4,1% vs. Est. Genial), com uma margem líquida de 3,3% (-68bps a/a; -16bps vs. Est. Genial).
O que mais?
Outros pontos relevantes: (i) a companhia encerrou o 2T24 com 3.076 farmácias em operação; (ii) o guidance de 280-300 novas unidades por ano (2024 e 2025) foi reforçado; (iii) a presença da RD atingiu 601 cidades do país (+47 vs. 1T23); (iv) houve ganho de market share em todas as regiões do país, atingindo uma participação nacional de 15,7% (+50bps a/a); (v) a receita bruta dos canais digitais avançou +44% a/a, atingindo uma penetração de 17,8% nas vendas do varejo; (vi) houve um consumo total de caixa de R$ 583m, principalmente em função de um maior consumo de capital de giro (-R$ 624m), dada a sazonalidade negativa do 2T.
Tabela 1: Números consolidados pela RD Saúde vs. Expectativa Genial (R$ milhões; IAS 17).