Após um primeiro trimestre com baixa produção devido à falta de semicondutores, começamos o segundo trimestre com a produção ainda mais baixa. Os novos lockdowns na China, geraram fechamento dos portos, bagunçando ainda mais a cadeia logística. Além disso, o congestionamento em diversas rotas logísticas se intensificou devido aos reflexos do conflito entre a Rússia e Ucrânia. De modo geral, abril foi mais um mês de cadeia de suprimentos bagunçada. Por ser uma indústria globalizada, todos os players acabaram sentindo os reflexos negativos nos prazos de recebimento/entrega.
O lado positivo é que a China começou um processo gradual de liberação das atividades. A reabertura completa da cidade de Xangai está prevista para o dia 1º de junho e deve trazer alívio às montadoras, que devem, gradualmente, voltar ao seu nível de produção normal.
BRASIL
No Brasil, foram produzidas 9.483 unidades de caminhões no mês de Abril, um número 29,9% menor na comparação com mês anterior e uma queda de 27,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já os emplacamentos de implementos rodoviários apresentaram uma queda de 9,32% no acumulado de 2022 com relação ao mesmo período do ano passado.
Embora o segmento de pesados seja menos afetado pela falta de semicondutores que o segmento de veículos leves, a escassez de componentes tem seu efeito potencializados por uma demanda que começa a se acomodar. Os juros mais altos impactam negativamente as vendas, e por consequência os volumes de produção tendem a cair.
PRODUÇÃO DE VEÍCULOS COMERCIAIS: EUA & EU
Tanto nos EUA quanto na EU, os dados de veículos levem mostram forte desaceleração em relação ao mesmo período de 2021, refletindo os altos níveis de inflação e desaquecimento da atividade econômica. A demanda, mesmo sendo mais resiliente, também apresentou queda nas duas regiões.
Na Europa, com exceção do período de pandemia (março e abril de 2020), o número de registros de carros de passeio segue em tendência de baixa, terminando o mês de abril em 830.447 veículos registrados.
Nos EUA, as vendas de caminhões se mantiveram em níveis praticamente estáveis, caindo menos dos que os outros segmentos. No total a queda foi de 3,32% em relação ao mês anterior, na comparação anual, a queda foi de 17,26%.
EMPRESAS
Randon (RAPT4): a Randon e a subsidiária Fras-Le (FRAS3), divulgaram suas prévias de receitas referentes ao mês de abril. Em abril, o grupo atingiu 841 milhões de receita líquida, um crescimento de 21,3% a/a, porém mais uma queda na comparação mensal, 8,2% frente a março. O número ficou acima da média do 1T22 de 825 milhões por mês. A Fras-Le entregou mais um mês na média de 2022, totalizando 233,4 milhões em abril, crescimento de 14,7% a/a.
Embora o cenário seja desafiador, a empresa segue se mostrando resiliente em detrimento da maior diversificação de suas linhas negócio. Mesmo com possíveis reduções de margens ao longo de 2022, reiteramos nossa recomendação de compra.
Tupy (TUPY3): o impacto das quedas nas vendas de veículos pesados no mercado externo é negativo para a empresa. Embora os estoques de automóveis se mantenham em patamares baixos, refletindo a manutenção de uma demanda reprimida, as perspectivas de crescimento de curto prazo são limitadas a um ambiente macroeconômico mais desafiador. Dessa forma, acreditamos Tupy deve passar por um trimestre sem aumento de volume em veículos comerciais. Por outro lado, o segmento Off-Road, deve manter o bom desempenho apresentado no primeiro trimestre. Os dados de máquina agrícolas referentes ao mês de abril serão divulgados na primeira semana de junho pela Fenabrave. Nossa expectativa é que a demanda siga aquecida, com aumento de volume em relação ao acumulado dos 4 primeiros meses de 2021.
Com a maior captura de sinergias da transação com a Teksid ao longo de 2022 e com possíveis ganhos de margens, reiteramos nossa recomendação de compra.