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    Publicado em 12 de Março às 02:52:07

    Autoparts | Prévia do 4T23 e Expectativas para 2024: RAPT4 e TUPY3

    Randoncorp e Tupy divulgarão seus resultados do 4T23 nos dias 12 e 20 de março, respectivamente. Ao longo deste relatório, discorreremos sobre nossas estimativas para os resultados do trimestre. Além disso, faremos uma atualização dos dados disponibilizados por Anfavea, BEA e ACEA, entidades que representam as montadoras no Brasil, EUA e na Europa.

    No cenário doméstico, a produção de caminhões segue desafiadora, prejudicando as empresas que fornecem autopeças para montadoras. No entanto, o segmento de reposição apresentou crescimento forte em 2023. Com uma menor alocação de recursos para a compra de caminhões zero km, observamos a demanda de implementos pontualmente mais forte. Internacionalmente, EUA continuam sendo uma base forte para exportação, com mercado automotivo sólido, enquanto a Europa mostra sinais de desaceleração.

    Analisando especificamente os resultados das empresas em cobertura Ambas têm base de comparação forte no 3T23, mas principalmente por questões sazonais do setor. Esperamos que a Randoncorp apresente um resultado tímido se comparado com o 4T22. O nível razoável de volume deve ser contrabalanceado com menores margens, reflexo deum cenário de preços de venda menor ainda prejudicado por Argentina. No caso de Tupy, esperamos resultados neutros, com margens em expansão na comparação anual, uma demanda consistente por máquinas no mercado externo impulsionada pelos Estados Unidos, porém com volumes locais prejudicados pelas adversidades relacionadas à produção reduzida de caminhões no Brasil.

    Entendemos que os desafios são conjunturais e têm perspectiva de melhora no curto e médio prazo. Mantemos nosso preço-alvo de R$ 15,00 e recomendação de COMPRA para Randoncorp (RAPT4), assim como para Tupy (TUPY3), esta com preço-alvo em R$ 36,00

    Cenário Doméstico: Mesmo com sinais de melhora, mais um trimestre ruim

    O mercado automotivo brasileiro apresenta um cenário misto. A conjuntura atual é de transição entre um passado recente insatisfatório, marcado por taxas de juros elevadas e desaceleração econômica, com a expectativa de um futuro mais promissor com crédito mais acessível e melhores condições para o Agro.

    Apesar de uma discreta melhora, a produção nacional de veículos pesados segue em baixa. Como consequência de um ritmo mais lento, observamos o volume de vendas de caminhões caírem 16,4% em 2023. Lembramos que, houve um pico de vendas na segunda metade de 2022, com a chegada do Euro 6 e consequente expectativa de aumento de preço dos caminhões. Os produtores anteciparam suas compras durante esse período para garantir o melhor preço. Essa expectativa de volume de vendas mais forte no 2S22, impulsionou a produção ao longo do ano.

    Após a mudança na norma de controle de poluentes, vimos os volumes despecarem em 2023, vimos um mercado com pouca demanda no 1S23, jogando a produção para patamares mais baixos. Aliado a essa mudança, a chegada tardia do plano Safra, as altas taxas de juros e a compressão das margens do produtor rural também contribuíram para a redução do apetite de investimento em pesados.

    Dos caminhões vendidos em 2023, poucos foram efetivamente fabricados esse ano (modelos Euro 6). Historicamente, a relação percentual entre emplacados e fabricados no mesmo ano é muito maior do que observamos. Outra prova de que o mercado de pesados segue desafiador foi a própria MP 1.175, que foi encerrada com apenas 13% dos recursos destinados para o mercado de caminhões consumidos.

    O mercado de implementos tende a acompanhar a dinâmica dos pesados, já que muitas vezes são produtos complementares. Acreditamos que no 3T23, como consequência do alto patamar de preços dos caminhões Euro 6 e as poucas vendas, boa parte dos empresários ou até mesmo pessoas físicas optaram por adquirir o implemento, algo que também auxiliou na manutenção de volume e trouxe a razão de venda com os caminhões próximo de um. Por essa questão, vemos para o 4T23 um mercado de implementos que tende a acompanhar a venda de pesados zero km.

    Olhando para as máquinas agrícolas, o decrescimento em vendas observado tanto na comparação anual quanto trimestral pode ser explicado por motivos similares à queda nos pesados: redução na margem do produtor rural e menor apetite para investimentos com uma taxa ainda alta de juros, além de uma perspectiva ruim para o agro com quebra de safra e números pouco animadores.

    Por sua vez, os veículos leves continuaram com crescimento em vendas na comparação anual e trimestral, no entanto, mantendo patamares baixos na série de 5 anos. O crédito dificultado por altas taxas de juros tanto para pessoa física como jurídica e o poder de compra corrompido da população são contrabalanceados com uma perspectiva animadora de redução na Selic.

    A menor produção e venda de caminhões zero km é um fator que contribui para o envelhecimento da frota. Isso, aliado ao fato de que os automóveis leves ainda não retornaram ao seu nível de produção pré-pandemia, é benéfico para o setor de autopeças de reposição. A situação se confirma quando olhamos para os dados do setor, que apontam crescimento considerável no ano de 2023 e no 4T23 na comparação anual. O movimento de desaceleração observado nos últimos três meses pode ser explicado por uma queda no preço dos insumos, como o aço, por exemplo.

    Cenário Global: Estados Unidos continua forte

    O mercado externo mais importante para as operações de Tupy e Randoncorp é o dos Estados Unidos. Ambas têm exposição ao segmento de pesados, no entanto, a primeira também é impactada pela produção de veículos off-road (tratores agrícolas, de mineração e construção civil), enquanto a segunda pela venda de trailers, os implementos rodoviários. A Randoncorp atua nos EUA através da recém-comprada Hercules, que produz e comercializa esses trailers.

    O 4T23 promete uma leve desaceleração do mercado automotivo americano, porém, este continua forte e com patamares altos. Com a análise dos números divulgados pela BEA, veremos que as vendas de caminhões estiveram em linha com o patamar dos anos anteriores, com pequena queda de 6,6% a/a no 4T23. Para os veículos off-road, também observamos leve queda tanto no a/a como no t/t, mas acreditamos ser por um efeito sazonal que pode ser percebido ao comparar os dados dos últimos trimestres nos últimos 5 anos. Por fim, os implementos devem permanecer estáveis em patamares altos, porém com queda a/a devido à forte base de comparação do ano de 2022.

    O mercado europeu de pesados apresentou um crescimento singelo de 4,2% a/a em 2023, porém, o destaque negativo ficou no 4T, em que a venda de caminhões caiu 42% a/a. O cenário para os veículos leves no velho continente também é desanimador, com vendas no 4T em queda na comparação anual e em patamares historicamente baixos.

    Perspectivas do mercado automobilístico para 2024

    O cenário do mercado automobilístico brasileiro para 2024 promete ser diferente do ano passado, principalmente no segmento de pesados. As mudanças devem vir por 2 motivos: I) Uma normalização da produção e venda de caminhões e ônibus após a mudança do Euro 5 para Euro 6 em 2023. II) As expectativas por taxas de juros menores. Esse último motivo também pode colaborar para o aumento, mesmo que discreto, na venda de veículos leves.

    A expectativa da ANFAVEA é de um crescimento de 6,6% e 15,0% nos emplacamentos e 3,3% e 30,1% na produção de leves e pesados, respectivamente. Os dados referentes a janeiro de 2024, já divulgados, confirmam o otimismo. Já observamos um crescimento de quase 100% na produção de ônibus e caminhões no a/a.

    Para o mercado externo, temos projeções que seguem em linha com as expectativas da ACEA para a Europa e da BEA para os Estados Unidos. No velho continente, a desaceleração econômica deve impactar o setor automotivo. As vendas de veículos de passeio não prometem crescimento significativo, enquanto para os comerciais leves e pesados esse deve estar atrelado ao PIB, algo próximo aos 2%.

    Para os EUA, temos como projeção um cenário um pouco mais promissor. A perspectiva de redução da taxa de juros no país e a atividade econômica resiliente deve garantir maior volume de venda e produção de pesados e tratores, acompanhando investimentos mais significativos no setor agrícola e construção civil.

    Randoncorp (RAPT4): mercado forte, segurando margens

    Randoncorp deve apresentar um trimestre operacionalmente positivo, porém com margens prejudicadas pela menor quantidade de dias úteis no 4T23, por questões cambiais relacionadas à instabilidade econômica da Argentina e por uma desaceleração mais acentuada no mercado americano de implementos.

    Mesmo com o setor apresentando volumes excelente no 4T23, os dados de mercado antecipam uma retração de market-share para a divisão da montadora. A companhia não conseguiu acompanhar plenamente o bom momento do setor como fez no 3T23. No último trimestre, a Randon conseguiu ótimos volumes de venda através de promoções. Usualmente, quando observamos Randon perdendo mercado, também observamos uma melhora nas margens. Isso ocorre justamente pela menor quantidade de descontos concedidos. Nossas expectativas apontam para volumes estáveis na comparação anual. O destaque positivo da divisão deve ser a melhora de sequecial de margens, justamente por optar por segurar o preço. Esperamos uma receita de R$ 1.097 milhões (-8,7% t/t e -12,2% a/a), com EBITDA de R$ 65 milhões (+14,9% t/t e +16,4% a/a) e margem EBITDA de 5,9% (+1,2pp t/t e +1,5pp a/a).

    Para autopeças, o menor volume de vendas e preço em normalização devem fazer o segmento ir no sentido contrário. A queda no preço do aço é percebida pelos clientes e a demanda não tem sido o suficiente para contrabalancear a pressão para redução de preços. Como vimos nos dados reportados pelo sindipeças, no segundo semestre houve forte desacelração no faturamento do mercado de autopeças de reposição.

    A Frasle já divulgou seus resultados referentes ao 4T23. Com bons números no mercado interno, mas com redução significativa na receita proveniente do mercado externo, que reduziu em 44,5% t/t, mas teve aumento de 4,8% em 2023. Essa redução tem como principal fator o efeito cambial na Argentina. Outro efeito sentido foi o mesmo da divisão de autopeças para OEMs, com a pressão para redução de preços. Isso acabou impactando as margens da companhia apesar do patamar ainda alto para o setor. A receita total foi de R$ 741 milhões (-16,6% t/t), EBITDA de R$ 113 milhões (-40,5% t/t) e margem EBITDA de 15,3% (-6,1pp t/t).

    O consolidado esperado para Randon no 4T23 é de uma receita líquida de R$ 2.578 milhões (-11,0% t/t e -9,5% a/a), EBITDA de R$ 278 milhões (-29,8% t/t e -13,7% a/a), margem EBITDA de 10,8% (-0,8pp t/t e -2,9pp a/a) e um lucro líquido de R$ 57 milhões (-34,6% t/t e +36,1% a/a).

    Tupy (TUPY3): Estados Unidos mantendo a estabilidade

    No caso de Tupy, o resultado deve estar em linha com o 4T22, com destaque positivo para melhorias de eficiência e negativo para vendas comparado com a base anual. Lembramos que o 4T geralemnte é impactado negativamente pela sazonalidade, que acaba sendo o pior trimestre do ano em termos de volume e por conseuquencia margens.

    Começando pelo destaque negativo do 4T23, o volume de vendas. No mercado interno, acreditamos que a situação macro desfavorável de pesados comerciais e off-road nacional impulsionou o resultado ruim. Por outro lado, os volumes em mercado externo se mantêm elevados devido à continuidade da exposição ao forte mercado norte-americano. Projetamos uma receita de R$ 596 milhões para o mercado interno (-13,2% a/a) e de R$ 1.674 milhões para o externo (-3,3% a/a e -12,1% t/t).

    O ponto positivo vem da eficiência operacional, que em nossa visão tende a melhorar as margens da Tupy. Acreditamos que a soma COGS + SG&A deve representar 94,3% da receita líquida contra 95,3% no 4T22 mesmo com volumes de venda similares. A margem EBITDA também apresentou melhora na base anual, sendo de 9,2% (+1,2pp a/a).

    Outro destaque do 4T24 foram os segmentos de produtos industriais, como distribuição e Energia e descarbonização. Uma vez mais estruturados, esperamos maior contribuição na receita, saltando para R$ 206 milhões (+71,8% a/a).

    O consolidado esperado para Tupy (TUPY3) no 4T23 é de uma receita líquida de R$ 2.650 milhões (-11,0% t/t e +2,3% a/a), EBITDA de R$ 243 milhões (-30,5% t/t e +17,9% a/a), margem EBITDA de 9,2% (-2,6pp t/t e +1,2pp a/a) e um lucro líquido de R$ 74 milhões (-50,9% t/t e +30,5% a/a).

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