No relativo, dado o cenário que havíamos traçado no final do ano passado, acreditamos que o trimestre para as empresas do setor industrial de autopeças deve ser positivo. A demanda resiliente do mercado externo, aliada ao bom momento vivido pelo mercado de reposição, ajudaram a compensar parte da queda de demanda devido à implementação do Euro 6. No entanto, nominalmente, dado os números divulgados pelas associações, esperamos pequenas quedas de volume em alguns segmentos, o que por sua vez devem se traduzir em menores diluições de custos fixos e pequenas reduções nas margens. Além disso, é comum observarmos reajustes salariais no segundo trimestre do ano, o que por sua vez também poderá prejudicar os níveis de rentabilidade das empresas do setor.
Mercado Interno
No mercado interno, observamos uma queda tanto na produção, quanto no emplacamento de caminhões, que por sua vez devem ser o grande detrator de volume nos resultados. Acreditamos que a iminência de um corte de juros pelo Banco Central deve estar deixando boa parte dos compradores em compasso de espera. Dito isso, esperamos que parte da cadeia seja marginalmente destravada ao longo do final do ano, podendo se normalizar em termos de volume no 3T23 ou 4T23.
Já no segmento de implementos, tivemos uma pequena melhora de volume, puxada principalmente pela demanda agrícola. Além disso, dado o encarecimento dos caminhões Euro 6, boa parte dos empresários ou até mesmo pessoas físicas optaram por adquirir primeiro o implemento ao invés do caminhão, algo que também auxiliou na manutenção de volume.
Mercado Externo
Já no mercado externo, ainda observarmos uma demanda forte no segmento de veículos comerciais. No entanto, parte do bom volume deve ser negativamente ofuscado por um câmbio relativamente inferior em relação ao 1T23. Além disso, as empresas do setor, que muitas vezes possuem ativos avaliados em dólar, podem apresentar efeitos negativos de variação cambial em seus resultados. Esses, mesmo que não caixa, afetam negativamente o bottom line das companhias.
Randon (RAPT4)
Esperamos um trimestre positivo para Randon, com dinâmicas mistas entre suas verticais.
Do lado de implementos, ainda esperamos uma dinâmica parecida com a do 1T23, com os pedidos puxados principalmente pelo segmento agrícola, além de observarmos uma demanda redirecionada vinda de caminhões. Isto é, pessoas/empresas que optaram por trocar seus implementos ao invés do caminhão, devido ao novo patamar de preço estabelecido pelo Euro 6, além dos juros elevados e menores concessões de crédito. O mercado americano de implementos segue com bom desempenho, o que nos indica que os volumes e margens reportados pela Hercules no trimestre passado devem se manter no 2T23.
Com a demanda de caminhões enfraquecida, ainda estamos observando volumes extremamente fracos na produção mesmo com o programa de incentivos anunciado pelo governo, o que por sua vez deve continuar prejudicando a divisão de autopeças para OEMs, que deve continuar sendo o destaque negativo assim como observamos no 1T23.
Por outro lado, o segmento de autopeças de reposição deve continuar sendo o destaque positivo. A Fras-le já divulgou sua receita operacional relativa ao 2T23, apresentando crescimento de aproximadamente 10% com relação ao 1T23.
Em termos de margens, acreditamos que elas devam se manter relativamente estáveis, podendo apresentar leves quedas devido aos reajustes e menores diluições de custos mencionados anteriormente.
Estimamos uma receita líquida consolidada de R$ 2,78 bilhões (+0,2% a/a e +4,5% t/t) e um EBITDA de R$ 436 milhões (+20,5% a/a e -1,2% t/t), além de um lucro líquido de R$ 119 milhões (+14,1% a/a e -2% t/t).
Tupy (TUPY3)
Já em Tupy, acreditamos que o resultado será neutro, principalmente considerando o cenário do setor. Em resumo, os desafios no mercado interno devem ser compensados pelo forte volume nos EUA. Os efeitos cambiais podem influenciar negativamente seus resultados financeiros, mas o cenário geral para o setor automotivo deve melhorar no segundo semestre.
De maneira geral, esperamos que os volumes no mercado interno acompanhem os dados fracos reportados pela Anfavea. O cenário desafiador de produção de pesados também deve prejudicar as margens devido a uma menor diluição de custos fixos.
Por outro lado, o mercado externo continua apresentando boa demanda, o que por sua vez deve compensar a perda de momentum do mercado brasileiro. Todavia, o efeito de um dólar relativamente inferior deve conter parte da receita. Lembramos que o câmbio também não ajudou, uma vez que o real brasileiro e o peso mexicano se apreciaram em relação ao dólar.
Vale lembra que, a Companhia possui mais ativos do que passivos em dólar, sendo assim, é provável que ela experimente efeitos negativos de variação cambial em seu resultado financeiro, o que pode comprimir o lucro contábil. Esse efeito, deve neutralizar o ganho marginal de receita, apresentando queda no lucro na comparação trimestral.
Conforme mencionamos, esperamos que o cenário para o setor industrial automotivo melhore a partir do segundo semestre, dado os cortes de juros iminentes e uma melhora no cenário de concessão de créditos, que por sua vez tendem a melhorar a demanda por caminhões.
Projetamos uma receita líquida de R$ 2,98 bilhões (+18% a/a e +6,4% t/t). O EBITDA projetado totaliza R$ 302 milhões (-8,9% a/a e -2,1% t/t) e nosso Lucro Líquido do trimestre somou R$ 83 milhões (-53,6% a/a e -42,6% t/t).