Sinergias, Cross-Selling e Automação
A Randon realizou hoje o seu investor day. O evento foi marcado principalmente pelo destaque na captura de sinergias da companhia, visando expandir sua capacidade atual e ampliar sua base de clientes. Destacamos o aumento da automação nas diferentes empresas do grupo, a entrada da divisão montadora nos EUA que abre novos caminhos para a venda de autopeças destinadas à implementos, gerando oportunidades de Cross Selling entre reboques e semirreboques, suspensões, quintas-rodas, etc.
Também destacamos o sólido histórico de captura de sinergias da companhia nos últimos anos. A aquisição da controlada Castertech, por exemplo, que se pagou em cerca de um ano. Outras aquisições como Fras-le, Master, Suspensys e até a própria Nakata nos reafirmam o foco que a Randon possui em se tornar mais diversificada e cada vez menos cíclica, com foco em se consolidar entre os principais player de autopeças, atendendo seus clientes em diversas frentes.
Outro ponto importante a se destacar é o contínuo investimento em tecnologia. A Randon apresentou seu projeto do novo Concept Trailer, que possui 1000 kg a menos que os convencionais. Segundo a empresa, somente essa redução de peso no semirreboque consegue gerar uma redução de 6% no consumo de combustível, o que geraria uma economia considerável para seus clientes. Além disso, a companhia também informou que pretende aprimorar seus processos de automação para aumentar sua competitividade.
Cabe mencionar o potencial subestimado pelo mercado da Nione, a subsidiária responsável pela aplicação de nanopartículas de nióbio nos processos de produção. Segundo a CBMM, foram comercializadas 110 mil toneladas de nióbio mundialmente, estima-se que se a subsidiária absorver apenas 1% deste market share através da comercialização dos seus produtos com tecnologia de nanopartículas, ela poderá gerar mais de R$ 1 bilhão de receita.
Atacando as fraquezas: Foco na Diversificação Geográfica!
Ontem, a Randon divulgou um contrato de intenção de compra da Hercules Enterprises, empresa que fabrica reboques e semirreboques no estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. O valor da transação é de US$ 39,6 milhões e espera-se que o closing desta seja finalizado em 3 a 4 meses. Com a consolidação desta aquisição, a Randon abrirá suas portas para a fabricação de seus produtos em solo americano, o que amplia seus potenciais de receita. Embora seja uma transação pequena, ela é importante, não apenas ampliar o mercado endereçável da Randon no segmento, mas também pela demonstração de que o grupo Randon segue com o objetivo de dolarizar parte de suas receitas, se expondo a mercados e moedas fortes. Atualmente 79% de sua receita é em moeda nacional e os EUA ajudam a reduzir a volatilidade dos lucros, uma vez que se trate de um mercado maduro.
A Randon informou que espera recuperar a liderança em sua participação de mercado na divisão montadora nos próximos anos. Na nossa visão, a estratégia de abrir mão de market-share no Brasil para exportar produtos em prol da manutenção de margens foi acertada. Observamos o mercado local de implementos desaquecendo, enquanto nos EUA existe demanda reprimida. Destacamos ainda, que a Randon já deu início às exportações de implementos fabricados nos Brasil para os EUA, como tentativa de absorver o espaço que antes era ocupado por empresas chinesas.
O mercado americano de reboques
O mercado americano de reboques é cerca de 4x maior que o brasileiro, chegando a produzir 420 mil unidades no ano passado, enquanto no Brasil foram produzidos apenas 90 mil. É importante ressaltar que as fabricantes de implementos americanas são menos diversificadas, se restringindo a nichos do mercado de implementos. Além disso, por serem majoritariamente montadoras, investiram menos em modernização ao longo dos últimos anos. O que abre uma boa oportunidade para a instalação de uma planta local, com processo e confecção equivalentes aos das plantas brasileiras.
Por terceirizarem boa parte da produção, elas acabaram dependendo mais cadeia de suprimentos global e, portanto, sofrendo mais com os aumentos de tarifas sobre importados chineses nos EUA. A própria Randon, que possui fábricas no continente asiático, mencionou a complexidade de oferecer peças para o mercado americano a custos competitivos, o que de certa forma abre ainda mais a espaço para exportações saindo da américa do sul.
Uma tese sólida e um valuation extremamente atrativo…
Por fim, a Randon reforçou o seu guidance de receita líquida para o ano de 2022, entre R$ 9,5 e R$ 11 bilhões, o que significaria um aumento de 21% se comparado ao número reportado no ano passado. Anualizando os R$ 4,25 bilhões de receita líquida dos últimos 5 meses, encontramos um crescimento de 12,6% na comparação anual, ou seja, a Randon terminaria o ano com cerca de R$ 10,2 bilhões de recita líquida. Com as margens caindo de 14,7% para 14%, a empresa negociaria a um EV/EBITDA 2022E de 3,2x algo impensável para uma empresa que vem se tornando menos cíclica e que deve se beneficiar da nova agenda de investimentos em infraestrutura no país nos próximos anos. Continuamos otimistas, e mantemos nossa recomendação de COMPRAR, com preço alvo de R$ 16,00.