A Randon apresentou uma melhora no 2T24, mas ainda com resultados fracos. Os números vieram em linha com o que esperávamos, porém piores que as expectativas do mercado. O EBITDA reportado ficou 9,7% abaixo da expectativa do mercado, impactado negativamente por despesas não recorrentes, como a reestruturação da Fanacif, e os custos elevados de frete. Destacamos a melhora no desempenho da divisão Montadora e do segmento de Autopeças para Veículos Comerciais – segmentos ligados a OEMs. Essa melhora reflete o cenário mais positivo para pesados em comparação com o primeiro semestre fraco de 2023. Contudo, essa melhora foi ofuscada pelas margens fracas da Fras-le, que enfrentou pressões de custo devido ao aumento nos custos de frete marítimo e perdas relacionadas à inflação nos estoques de matéria-prima nas operações na Argentina.
Em termos qualitativos, os resultados da Randon foram mistos quando comparados às nossas expectativas e às do mercado. A receita líquida de R$ 2,985 bilhões ficou praticamente em linha com as nossas expectativas, a margem EBITDA ajustada foi de 16,0%, superior às nossas expectativas de 15,7%, mas inferior ao mesmo período do ano anterior (17,2%). O lucro líquido de R$ 87 milhões ficou exatamente em linha com nossas expectativas, mas foi 18,2% abaixo das expectativas do mercado.
Dentre os destaques positivos, podemos mencionar o desempenho da divisão Montadora, que apesar da perda relevante de market-share no mercado local, se recuperou dos resultados fracos do 1T24, registrando um crescimento robusto de 27,1% na comparação trimestral. O segmento de Autopeças para Veículos Comerciais também teve um bom desempenho, com crescimento de 19,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pela demanda por freios e sistemas de acoplamento. Além disso, a divisão de Serviços Financeiros e Digitais superou as expectativas, com uma receita de R$ 207 milhões (+15,6% a/a e +7,7% t/t), refletindo um forte desempenho do banco Randon.
Do lado negativo, Frasle apresentou um desempenho mais fraco que o esperado, com margens pressionadas como comentamos anteriormente. Dada sua representatividade nos EBITDA consolidado, essa piora nos resultados acabou impactando negativamente os números da Randon. Um ponto de atenção foi o fechamento do primeiro semestre pior do que o esperado. Apensar de estar próxima 48% da banda inferior do seu guidance de receita para o ano de 2024, a margem EBITDA de 13,2% nos faz acreditar que a companhia não será capaz de entregar o EBITDA projetado para o ano (margem entre 14% e 16%).
Após um primeiro semestre mais fracos que o esperado, matemos nossos números para 2024, abaixo da banda inferior do guidance, R$ 11,5bi de receita líquida e R$ 1,5bi de EBITDA projetado pela Randon. Apesar dessa revisão, ainda enxergamos RAPT4 negociando a um valuation extremamente descontado de 3,5x EV/EBITDA 2024E. Reiteramos a recomendação de COMPRA e preço-alvo de R$ 15,00.
Análise Quantitativa
No 2T24, a receita líquida consolidada totalizou R$ 2,985 bilhões (+7,5% a/a e +17,6% t/t), em linha com nossas expectativas e com as do mercado. O EBITDA ajustado somou R$ 479 milhões (+0,3% a/a e +18,9% t/t), superando nossas estimativas em 2,3%. Por fim, a companhia reportou um lucro líquido consolidado de R$ 87 milhões (-25,5% a/a e +6,3% t/t), um desempenho que ficou em linha com nossas expectativas, mas abaixo das expectativas do mercado devido a despesas não recorrentes e uma alíquota efetiva de imposto mais alta. A alíquota efetiva de imposto da Randon no 2T24 foi significativamente alta, atingindo 45,9%, em comparação com 29,9% no 2T23 e 40,1% no 1T24. Essa surpresa pode ser atribuído às despesas não recorrentes, como a reestruturação da controlada Fanacif e o impairment de ativos, não são dedutíveis para fins fiscais, o que eleva a base tributável e, consequentemente, a alíquota efetiva de imposto. Esses custos extraordinários, que totalizaram R$ 50,3 milhões, tiveram um impacto direto na carga tributária da empresa.
Montadora: Desempenho Resiliente
A divisão Montadora apresentou um desempenho resiliente no 2T24, com receita líquida de R$ 1,104 bilhões (-1,6% a/a e +27,1% t/t). Apesar de um leve declínio anual, a divisão mostrou uma recuperação robusta em relação ao 1T24, impulsionada pela alta demanda no mercado interno. O EBITDA da Montadora foi de R$ 74 milhões (-24,7% a/a e +104,7% t/t), com uma margem EBITDA de 6,7% (-2,1pp a/a e +2,6pp t/t).
Frasle: Estabilidade e Desafios
A divisão de Controle de Movimentos Veículos Comerciais e Leves (Frasle) apresentou uma receita de R$ 980 milhões (+6,6% a/a e +16,5% t/t). O EBITDA foi de R$ 163 milhões (-18,5% a/a e +5,5% t/t), com uma margem EBITDA de 16,6% (-5,1pp a/a e -1,7pp t/t). A pressão nos custos, especialmente devido ao aumento nos custos de frete marítimo e inflação nos estoques de matéria-prima, impactou negativamente a rentabilidade, apesar do crescimento robusto nas receitas.
Autopeças Veículos Comerciais: Crescimento Sólido
A divisão de Autopeças Veículos Comerciais apresentou uma receita líquida de R$ 974 milhões (+19,2% a/a e +13,8% t/t). O EBITDA foi de R$ 163 milhões (+24,6% a/a e +34,4% t/t), com uma margem EBITDA de 16,8% (+0,7pp a/a e +2,6pp t/t). O segmento se beneficiou da recuperação sequencial dos volumes devido a recuperação da produção de caminhões.