O lucro de Rede D’Or totalizou R$ 225,2m no 1T22, muito abaixo de nossas expectativas e das expectativas do mercado, -35,3% e -25% respectivamente, com um empurrãozinho do imposto diferido de R$ 73,2m. A história principal aqui gira em torno das margens pressionadas (Mg. EBITDA de 21,4% 1T22 vs 24% 1T21), decorrentes principalmente da deterioração da pandemia nos primeiros meses do ano e dos custos de integração das aquisições dos últimos períodos.
Nos posicionamos com certo viés negativo para o resultado, com impacto negativo ainda alto do resultado financeiro. A receita recorde foi decorrente de uma manutenção no volume de pacientes-dia (+16,5% a/a ; +4,7% t/t), refletindo os melhores números de procedimentos em relação aos dois últimos anos.
Ao longo de 2022 veremos uma melhora nos custos, com a retomada da estratégia de maior controle de destes. Conforme as aquisições forem sendo integradas ao ecossistema de RDOR, esperamos também uma melhora na Margem EBITDA, pressionada por alguns trimestres. Com essa visão de curto/médio prazo reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, com uma revisão do preço-alvo para R$ 45,00 por condições macroeconômicas que afetam o custo de capital próprio da companhia.
Com a fusão anunciada com SulAmérica existe uma alta correlação entre os dois ativos, e o impacto dos resultados da Rede D’Or será sentido em SULA. Vale citar a relação de troca proposta de 0,76830 RDOR3 por unit de SULA11, o que baseado no preço de fechamento de RDOR3 (R$ 32,40) representaria um prêmio de 2,31% sobre SULA11 no dia 12/05.
Receita: volume salva ticket médio menor
A receita bruta segue crescendo significativamente na base anual (+12,7% a/a), com efeito principalmente do maior número de leitos operacionais em comparação com o 1T21. O ticket médio teve estabilidade t/t, fruto da variante Ômicron que trouxe de volta efeitos da pandemia no início de 2022. Mesmo assim, o crescimento de receita observado entre trimestres se deu por uma melhora da taxa de ocupação de 160 bps t/t (78,1% 1T22 vs 76,5% 4T21) e do volume de pacientes-dia de +4,7% t/t.
Vale ressaltar a estratégia de crescimento orgânico e inorgânico da capacidade operacional da empresa, com quase 1,5k leitos totais (+21,9% a/a) adicionados nos últimos 12 meses. Em termos de expansão orgânica, a companhia explicita que foram completadas as obras em dois novos hospitais que serão operacionalizados no 2T22 e ainda possuem 11 obras em andamento em diferentes regiões do país.
Custos: água mole, pedra dura…
Os custos continuam aumentando, tanto na comparação anual quanto na trimestral (+21,2% a/a ; +5,1% t/t). Era esperado que as companhias do setor de saúde tivessem seus resultados pressionados pelo aumento dos custos com serviços prestados, mas em certa dinâmica de arrefecimento para o 1T22, o que não aconteceu para RDOR. Trimestralmente, os custos da pandemia e a consolidação das 4 aquisições no trimestre foram o forte driver para a linha, enquanto os custos associados ao aumento no volume de pacientes-dia e dos procedimentos cirúrgicos são o que mais impactam anualmente. A tese de Rede D’Or sempre envolveu um controle de custos mais forte, dada sua escala e poder de barganha, e essa estratégia deve ser retomada ao longo de 2022 com o maior controle do Covid-19 no Brasil.
Resultado financeiro: não é flor que se cheire, mas não tem espinhos
Com 28,2% da dívida pré-fixada o resultado financeiro da companhia não sofreu uma piora tão grande no trimestre (+42,9% a/a; +20,8% t/t), como o resto do setor. Os desembolsos relacionados a aquisições diminuíram a posição de caixa da companhia, que ainda é muito forte e ajudou a contrabalancear os efeitos do aumento da Selic, uma vez que o rendimento das aplicações financeiras da companhia são superiores a 100% do CDI.