O resultado de Rede D’Or veio dentro das expectativas do mercado e da Genial. Um dos principais assuntos deste trimestre estava relacionado a incorporação de Sul América pela Rede D’Or. Com a consumação da operação em dez/22, as ações de SULA pararam de ser negociadas na bolsa, e o resultado do último trimestre de 2022 da seguradora foi divulgado em forma de highlights no relatório do 4T22 de RDOR. Assim, avaliamos primeiro o resultado de Rede D’Or, seguido de um comentário sobre os destaques do resultado de Sul América. Em nossa visão, o 4T22 de RDOR3 foi neutro, dado uma queda de -0,9% t/t no ticket médio e um impulso positivo no imposto de renda, que auxiliou o lucro líquido de R$ 282,5m (-28,2% t/t e -32,7% a/a).
A receita líquida alcançou R$ 5,75b (+12% a/a e -5,1% t/t) no trimestre. Os pontos positivos que impulsionaram a receita no trimestre foram: (i) um maior nível de paciente-dia em relação ao mesmo período do ano anterior (+8,9% a/a), e (ii) maior número de cirurgias em relação ao 4T21 (+7,1% a/a). Vale ressaltar que o quarto trimestre carrega sinistralidade que impacta volume de pacientes e o nível de ocupação. Nesse sentido, a taxa de ocupação de 76,9% (-2,6 pp t/t e +0,4 pp a/a) ainda está acima da média histórica para o último trimestre do ano de 76,1%.
A margem bruta no 4T22 foi de 21,3%, o que significa custos de serviços prestados alcançando R$ 4,52b (-0,7% t/t e +11,3% a/a). A expansão nos custos se deu por (i) aumento de 10,3% a/a dos custos de pessoal, relacionados aos custos com médicos e pessoal diretamente ligado a operação, e (ii) aumento de 24,2% a/a em serviços de terceiros, que representam serviços de limpeza e outros serviços. Destacamos que a companhia tem como um de seus focos operacionais o controle dos custos, principalmente relacionados à materiais e medicamentos. Essa linha diminui sua representatividade para 20,6% da receita líquida em 2022 (vs. 22,0% em 2021 e 21,3% em 2020). Acreditamos que a tendência de controle dos custos deve se manter para os próximos trimestres, apesar da pressão de custos que os prestadores de serviço sofrerão das operadoras de saúde.
Por fim, o lucro líquido continua a ser afetado pelo resultado financeiro, que foi R$ -701,5m (+2,5% t/t e +57,3% a/a). Mesmo com um índice de endividamento de 2,8x Dívida Líquida/EBITDA, a forte geração de caixa operacional da companhia, a posição de caixa sólida e o duration médio de 5,4 anos nos deixam confortáveis com a liquidez de Rede D’Or no curto prazo.
Já o resultado de Sul América parece ter sido pouco animador. Apesar das adições líquidas de 237k vidas em assistência médica e 123k vidas em assistência odontológica se traduzirem em aumento de 19,9% a/a da receita no trimestre, a sinistralidade avançou +4,1 pp a/a, para 92,5% no 4T22. Esse avanço na sinistralidade é preocupante, uma vez que a mesma sazonalidade que afeta negativamente RDOR, diminuindo seu volume de pacientes, essa deveria ser um vetor positivo para a sinistralidade de SULA.
No geral, continuamos otimistas com o case de Rede D’Or no longo prazo. A integração da fusão com SULA será fator importante no crescimento da companhia daqui para frente, mas estamos otimistas na capacidade de execução das empresas. A nova companhia combinada é um gigante do setor de saúde, que pode disputar com os grandes nomes do setor para a liderança do mercado. Assim sendo, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 45,00