Os resultados de Rede D’Or foram bons e dentro da nossa expectativa, com empurrãozinho da sazonalidade para ajudar nos números do trimestre e atingindo a maior receita líquida da história da companhia. Os destaques positivos vão para o crescimento de pacientes-dia (recorde), crescimento do segmento de oncologia e boa geração de caixa operacional. Já do lado negativo, continuamos a ver um ticket médio flat.
O crescimento do número de leitos permitiu que a receita bruta atingisse R$ 6,5b (+11,1% a/a) no tri. Na parte de hospitais, a receita cresceu de forma mais tímida aumentando 9,4% a/a para R$ 5,9b, com uma ajuda do número de pacientes-dia que saltou 12,5% a/a de 628k para 707k, impulsionados pela atividade de M&A e projetos de expansão da Rede D’Or. Mas o destaque de receita, que cresceu 31,4%, foi a oncologia. O número de infusões cresceu 14,5% a/a, levando a uma receita oncológica de R$ 586m (9,0% da receita bruta, o maior percentual desde o IPO).
O ticket médio continua a ser um ponto de atenção. Quando consideramos o ticket médio hospitalar por paciente-dia, houve uma queda de 1,1% t/t e 2,8% a/a, que pode ser justificada pelo momento do segmento de saúde, no qual as operadoras (maior fonte pagadora da Rede D’Or) têm sofrido com alta sinistralidade. A segunda metade de 2022, quando parte significativa dos reajustes dos planos de saúde devem acontecer, representará um teste para a capacidade de repasse da companhia. Nossa expectativa é que mesmo no 2S22 o repasse deve ser sutil, ainda no aguardo de retorno da sinistralidade principalmente da SulAmérica, Bradesco Saúde e Amil. Vale lembrar que parte da queda no ticket está atrelada ao mix de procedimentos, que teve uma redução de complexidade.
Os custos cresceram 13,0% a/a, acima do crescimento da receita, o que levou a uma contração da margem bruta para 23,7% (-1,2p.p. a/a). Mas a parte positiva disso tudo é a capacidade da Rede D’Or em manter a linha de custos de Materiais e Medicamentos bem controlada: crescendo apenas 2,9% a/a. As despesas de SG&A também são um ponto positivo, caindo 9,8% a/a, puxado por uma forte redução na despesa de pessoal. A distribuição de JCP também teve um impacto positivo, diminuindo a alíquota de imposto no tri, levando a lucro líquido de R$ 358m (7,0% acima da nossa expectativa)
A geração de caixa operacional foi de R$ 601m no trimestre (depois do pagamento de juros e impostos), mas isso não se traduziu em geração de caixa no trimestre. O impacto na geração de caixa foi causado pelo pagamento de dividendos (R$ 187,5m) e aquisição de ações da SulAmérica (na ordem de ~R$ 1b). Mesmo assim, o crescimento do EBITDA permitiu que o endividamento se mantivesse basicamente flat em 2,9x EBITDA.
De forma geral, consideramos o resultado no trimestre como positivo, vindo acima das nossas expectativas e reiteramos a recomendação de Compra com preço-alvo de R$ 45,00. Ressaltamos que, mesmo com o endividamento em 2,9x EBITDA (lembrando que a RDOR não possui covenants nas dívidas), acreditamos que a geração de caixa operacional é capaz de entregar mais que o suficiente para continuar o plano de expansão da companhia. Nossa maior preocupação hoje é a possibilidade de crescimento de ticket médio e manutenção de uma taxa de juros elevada por um tempo maior que o esperado. Em menos de um ano teremos a resposta para ambas.