O terceiro trimestre de 2023 foi positivo para a companhia consolidada de Rede D’Or, vemos os esforços de consolidação dando frutos e os impactos das sinergias que estão sendo coletadas. Tanto Sul América quanto Rede D’Or apresentam avanços em seu desempenho operacional, e os impactos são dobrados quando consideramos o resultado consolidado.
A divulgação dos resultados consolidados da companhia contém a descrição da dinâmica individual de cada uma das partes, assim, é possível analisar separadamente cada um dos negócios. Novamente, vale ressaltar que há operações de eliminação e abatimento entras as companhias do grupo, que representam cerca de 20% da receita de RDOR e cerca 20% do custo operacionais de SULA.
Houve ganho de eficiência operacional, com ambas as vertentes (hospitais e seguros) apresentando melhoras em indicadores importantes. Houve aceleração da receita líquida e ganho de margens, o que levou a um crescimento do lucro líquido consolidado ajustado em 65,7%, também ajudado por uma reversão de provisão no trimestre. Vamos reiterar nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 45,00.
RDOR3: leitos operacionais estáveis
A vertente de hospitais do grupo apresentou receita líquida de R$ 6,5b no 3T23 (+7,3% a/a e +1,4% t/t). Vale ressaltar que o terceiro trimestre é marcado pelo reajuste dos contratos da Rede D’Or com as grandes operadoras de planos de saúde, o que é um driver importante para a receita líquida. Nesse trimestre, o ticket-médio avançou 7,4% a/a e 5,1% t/t. De acordo com a sazonalidade esperada, houve diminuição do volume de pacientes dias, mas observamos mais uma vez uma boa expansão na quantidade de cirurgias.
Um ponto importante para ser destacado nesse trimestre é o número de leitos operacionais da companhia, que apresentou leve queda na comparação trimestral. A RDOR fez ajustes em sua rede de credenciamentos e tirou de operação 46 leitos no trimestre, o que mantém a taxa de ocupação saudável (80,1% 3T23 vs. 79,5% 3T22) e é benéfico para o fluxo de caixa operacional da companhia.
Os índices de custos e despesas melhoraram, mas não tanto quanto parece
A margem EBITDA de 28,3% é auxiliada por uma reversão de provisões judiciais de R$ 332m de um caso de pagamento de PIS/COFINS que levou as despesas administrativas a registarem saldo positivo de R$ 54m. Mesmo assim, é possível observar os esforços da companhia em materiais e medicamentos, que alcança 19,5% da receita bruta no trimestre (vs. 20,5% no 2T23). Por fim, houve aumento expressivo das despesas comerciais no período, impactada por aumento nas provisões de devedores duvidosos de fornecedores dessa linha.
SULA: reprecificação ainda não acabou
O terceiro trimestre de 2023 foi de melhora gradual do desempenho operacional da seguradora do grupo. É possível observar crescimento da receita líquida para R$ 6,9b (+4,7% t/t) fruto do foco em maior precificação de seus produtos para manutenção da sinistralidade. Ainda assim, a base de beneficiários total de 4,95m de vidas mantém seu patamar saudável, diminuindo 70k no trimestre e aumentando 110k vidas na base anual.
A melhora sequencial da sinistralidade continua
A expectativa de normalização da sinistralidade continua, com o indicador arrefecendo mais uma vez para 86,9% (vs. 88,3% 3T22 e 87,2% no 2T23). Os reajustes nos preços dos planos, somados à entrada de novos beneficiários com precificação atualizada, são vetores importantes que devem manter o indicador em trajetória de queda, mesmo que o nível de “normalidade” pós pandemia ainda não seja claro.