Encerrado o pregão da quinta-feira (8/ago), a Renner reportou seu resultado do 2º trimestre de 2024. Foi um resultado positivo e superou as expectativas! Mesmo diante de um trimestre desafiador para as vendas, com uma demanda pressionada por fatores climáticos adversos, a Renner entregou um forte resultado.
Nossa expectativa já era positiva para a rentabilidade, e ainda assim, a intensidade dos ganhos surpreendeu positivamente. Com dinâmicas de margem positivas tanto na vertical de Varejo, quanto em Serviços Financeiros – a Renner consolidou uma forte entrega de EBITDA, batendo nossas estimativas (+24,7% vs. Est. Genial) e também do consenso do mercado (+21% vs. Consenso Bloomberg).
O maior lucro operacional, combinado ao impulso adicional de maiores receitas financeiras, fez com que a companhia superasse as nossas estimativas para o bottom line. O lucro líquido cresceu 37% a/a, acima das expectativas do mercado (+40% vs. Consenso Bloomberg).
Reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com preço-alvo de 12m de R$ 20,00 – o que implica em um potencial upside de 38% em relação ao fechamento do último pregão.
Varejo
A Renner reportou uma receita líquida de Varejo de R$ 3,1b (+3,2% a/a). Em linha com nossas projeções (+0,5% vs. Est. Genial), a companhia reportou um desempenho de vendas mais fraco que seus concorrentes (C&A e Guararapes) – o que acreditamos ser um reflexo da dinâmica de vendas pressionada tanto pelo calor, quanto pelas enchentes do Rio Grande do Sul (o qual, em nossas estimativas, representa cerca de 13% da receita consolidada do varejo).
Entendemos que as vendas foram negativamente impactadas pelo registro de temperaturas mais elevadas, que reduziu a demanda por itens de inverno, ao mesmo tempo em que houve uma redução do fluxo às lojas no RS – uma vez que a população não estava voltada ao consumo discricionário no período seguinte às chuvas.
Na margem bruta da vertical, a direção e dinâmica ocorreu exatamente em linha às nossas expectativas. Com um nível de estoques mais ajustado e uma cadeia produtiva mais responsiva, a companhia se beneficiou de uma maior flexibilidade da operação, resultando um nível reduzido de remarcações em comparação com o ano passado.
Ainda assim, a magnitude do ganho de rentabilidade surpreendeu positivamente (+190bps vs. Est. Genial). A margem bruta de Varejo alcançou o patamar de 56,2% – uma expansão de +230bps a/a.
Serviços Financeiros
A abordagem mais cautelosa que vem sendo adotada na concessão na Realize impediu ganhos em termos de faturamento – dinâmica em linha com o que comentamos em nossa prévia de resultados. Contudo, a intensidade dessa dinâmica veio acima de nossas expectativas (receita -6,0% vs. Est. Genial).
Com (i) uma redução de -6,6% a/a da carteira de crédito total, (ii) a construção de um portfólio com melhor perfil de risco e (iii) isenção dos encargos financeiros aos clientes afetados pelas enchentes no RS no mês de maio, a companhia reportou uma retração de -15,1% a/a do faturamento.
Novamente, ressaltamos que não vemos isso como negativo. Esse posicionamento tem permitido contínuas melhoras da qualidade das novas safras e do crédito concedido. Como reflexo disso, a Realize segue reportando uma melhora nos indicadores de inadimplência, além de uma redução das perdas líquidas. A inadimplência acima de 90 dias apresentou uma queda, tanto na visão anual (-320bps a/a) quanto sequencial (-90bps t/t).
A PDD líquida novamente apresentou uma forte desaceleração anual (-36,0% a/a). Essa queda pode ser atribuída a maior qualidade das novas safras e o menor risco do portfólio, reduzindo a necessidade de provisionamento do portfólio em atraso. Adicionalmente, entendemos que uma maior recuperação de créditos e a realização de uma cessão de direito creditório de carteira baixada também contribuíram para o resultado.
Adicionalmente, como resultado do trabalho de aumento de eficiência, houve uma redução de -5,7% a/a das despesas operacionais da vertical.
Frente à importante redução das perdas, combinada a menores despesas operacionais, a Realize CFI consolidou um expressivo crescimento da última linha. O resultado da vertical foi positivo pelo terceiro trimestre consecutivo, em R$ 35m – revertendo o prejuízo de -R$ 54m reportado no 2T23.
Consolidado
EBITDA supera as projeções!
O EBITDA aj. totalizou R$ 671m – acelerando 39,2% em relação ao ano passado. A margem atingiu 19,0%, com um ganho expressivo de +530bps a/a.
Apesar da desaceleração das vendas, com importantes ganhos reportados na Realize e um carrego positivo da margem bruta na vertical de Varejo, a Renner conseguiu entregar uma forte performance no lucro operacional, superando nossas expectativas (+25% vs. Est. Genial) e também do consenso (+21% vs. Cons. Bloomberg).
Vale ressaltar que a maior recuperação de créditos fiscais no período (R$ 43m vs. R$ 18m no 2T23) impulsionou adicionalmente o resultado.
Lucro cresce 37% a/a
O resultado financeiro foi positivo em R$ 30m, dados os maiores juros sobre créditos tributários recuperados. Por outro lado, a companhia arcou com um pagamento de impostos significativamente maior, com uma linha de IR/CSLL negativa em -R$ 69m (vs. uma linha positiva em R$ 34m no 2T23). Entendemos que isso pode ser explicado pelo fim dos incentivos fiscais relativos a subvenções de ICMS, juntamente com a consolidação de um maior lucro tributável.
Ainda assim, com um forte desempenho operacional e uma dinâmica financeira favorável, a companhia reportou uma expansão de +37% a/a da última linha, acima de nossas projeções (+32% vs. Est. Genial) e do mercado em geral (+40% vs. Cons. Bloomberg). A Renner reportou um lucro líquido de R$ 315m (+36,6% a/a), com uma margem líquida de 8,9% (+123bps a/a).
Geração de caixa
Com uma melhora do resultado operacional, aliada a um menor nível de investimentos, a Renner reportou uma geração de caixa de R$ 287m (+9% vs. 2T23) – apesar de uma maior necessidade de capital de giro, em função de uma maior recuperação de créditos fiscais.
Tabela 1: Estimativas Genial vs. Consolidado 2T24 Lojas Renner (IFRS 16; R$ milhões).