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    Publicado em 19 de Julho às 01:30:59

    Renner compra brechó online Repassa: Uma aquisição fora da curva

    Tese da aquisição: fora do esperado, porém assertiva

    A aquisição foi fora das expectativas do mercado, porque depois da capitalização de R$ 4 bi, em abril deste ano, era esperado a compra de uma empresa que alavancasse em muito as operações digitais da Renner. Embora o valor da transação não tenha sido divulgado, estima-se que pelo fato da adquirida ser uma startup, o valor pago relativo ao montante captado seja baixo e, só com essa aquisição, a empresa conseguiu abrir 3 avenidas estratégicas, ainda mantendo recursos para fazer mais aquisições.

    Fique à par da situação

    Após a capitalização significativa de R$ 4 bi realizado em abril deste ano, era esperado que diante da corrida pela digitalização das varejista de vestuário, a Renner, a mais sólida do setor, adquirisse uma companhia que alavancasse em muito suas vendas no digital, até porque a penetração do online em suas operações ainda não se destaca tanto da concorrência (12,3% contra 12,2% do mercado, com dados de 2020). Assim, o mercado chegou a cogitar várias companhias que poderiam ser adquiridas, dentre elas, a principal sendo a Dafiti, uma das maiores empresas de e-commerce de vestuário da América Latina. Nesse sentindo, a compra da Repassa, uma startup de moda circular, foi fora das expectativas. O valor da transação não foi divulgado, mas por se tratar de uma startup, acreditamos que o preço pago relativo ao total captado seja relativamente baixo, sobrando recursos para que a empresa faça boas compras que realmente a alavanquem no digital e, assim, se diferencie dos seus principais competidores.

    Deixando de chorar pelo leite derramado e olhando friamente a transação, a compra da Repassa foi boa, por ser muito estratégica para a empresa. Primeiro porque as operações fazem sentido para o público da Renner, que tem demanda por esse tipo de serviço, e segundo porque a empresa conseguiu ganhar em 3 pontos: (i) formação de um ecossistema digital; (ii) expansão do mercado de atuação jogando a companhia para o segmento circular, um dos que mais cresce; (iii) robustez dos critérios ESG (Environmental, Social and Governance).

    Repassa: um brechó online

    Fundada em 2015 por Tadeu Almeida, a empresa adquirida tem como objetivo aumentar o ciclo de vida das roupas através de uma plataforma online onde as pessoas podem revender peças que não utilizam mais. Com um sortimento amplo de itens básicos a itens de luxo, a Repassa gerencia tudo o que recebe: cuida desde o cadastro do produto até o despacho do mesmo. O cliente Repassa recebe cerca de 60% sobre a mercadoria vendida e ele pode optar por transferir o total arrecadado para a sua conta bancária, gastar na própria plataforma ou doar para alguma ONG parceira.

    Em 2020 a empresa dobrou de tamanho. Recebeu aporte de R$ 7,5 milhões da Redpoint Ventures e cresceu 130%, chegando a vender 250 mil peças, com um retorno de R$ 9,6 milhões para os vendedores Repassa e uma economia de mais R$ 24 milhões aos consumidores. Para 2021, a empresa buscava crescer 3x mais que em 2020.

    As relações entre Renner e Repassa começaram no ano passado quando a startup começou a fazer parcerias com grandes varejistas como C&A, Havaianas e Intimissimi.

    Onde é que estão os benefícios?

    Formação do ecossistema digital

    No estilo das grandes varejistas de e-commerce como Magalu, Via e Universo Americanas; as Lojas Renner também possuem a ambição de criar um ecossistema digital, mas voltado para o segmento de moda e lifestyle. O objetivo é potencializar os serviços já existentes e aumentar a recorrência nos canais digitais. A aquisição do Repassa foi muito importante nesse sentido, uma vez que marca o início da estratégia da companhia de realizar uma série de pequenas aquisições de empresas que ofertam serviços adjacentes à operação principal para diversificar e tornar o ecossistema cada vez mais completo.

    Secondhand: um mercado promissor

    Com aquisição, a Renner entra no mercado circular de roupas que ganhou musculatura no Brasil sobretudo após o IPO da Enjoei, em novembro de 2020. O segmento de secondhand é um dos setores que mais cresce no mundo. Antes, roupas usadas eram vistas com maus olhos, no entanto, hoje são sinônimo de economia e consumo consciente, e se tornam cada vez mais tendência entre as gerações GenZ (<24 anos) e Millenials (25-37 anos).

    De acordo com as pesquisas feitas pela ThreadUp, o mercado mundial de secondhand cresce 25x mais rápido que o mercado de moda tradicional e estima-se que até 2025 ele atinja U$S 77 bilhões. De acordo com a Renner, o mercado brasileiro deverá acompanhar a tendência de alta com crescimento de 4,4x entre 2019 a 2025m atingindo R$ 31 bi.

    Fortalecimento ESG

    Preocupada com os critérios ESG, a Renner estabeleceu algumas metas a serem atingidas até 2021 e uma delas é ter 80% dos produtos e serviços menos impactantes em sua cadeia produtiva. A aquisição do Repassa é um grande passo para que essa meta seja atingida, uma vez que a missão do negócio é aumentar a longevidade das roupas, e o impacto ambiental das operações é menor, já que o negócio incentiva práticas de consumo consciente, baseadas em menos descartes e utilização de recursos.

    De acordo com o Bloomberg, a Renner já possui os critérios social e ambiental à frente dos seus pares. Essa aquisição reforça ainda mais a liderança da Renner, principalmente no aspecto ambiental que tem contribuído para melhorar o score de ESG da companhia.

    O que esperar daqui pra frente?

    Esperamos que essas expansões inorgânicas sejam recorrentes, entretanto é preciso ficar de olho. Essas aquisições são importantes, mas a Renner precisa primeiro se destacar no digital.

    O setor de vestuário dificilmente irá operar com grande participação do online nas vendas, uma vez que nesse segmento os consumidores gostam de testar os produtos. Entretanto, ao observar as principais lojas de fast fashion no Brasil (Renner, Marisa, Guararapes e C&A), notamos que elas operam com uma média de 12,2% do online nas vendas. Quando comparamos com outras lojas de departamento de roupa no exterior, como H&M, Inditex (dona da Zara), notamos que elas possuem uma média de participação de cerca de 26%, o que demonstra haver espaço para crescimento. Caso a Renner consiga aumentar sua participação no online, possuirá uma grande vantagem em relação ao seus pares.

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