O trimestre da RNI foi marcado por uma forte expansão da receita líquida, fruto de um maior nível de vendas neste trimestre, mesmo com um menor nível de lançamentos. A RNI lançou 2 projetos no trimestre, sendo um dentro do PCVA e outro no SBPE, totalizando um VGV de R$ 164m (-21% t/t e +11% a/a). Ambos os lançamentos fazem parte da nova estratégia da companhia, com foco em lançamento de empreendimentos verticais dentro do PCVA ou horizontais dentro do SBPE. Já os produtos SBPE vertical e urbanismo (legado) não tiveram novos lançamentos. As vendas atingiram R$ 189m, representando um crescimento de 19% t/t e 37% a/a, de tal forma que a VSO da nova estratégia deu um salto para 22% (+4,2p.p. t/t e +2,1p.p. a/a).
Com um maior nível de vendas, a receita líquida chegou a R$ 187m, crescendo incríveis 40% t/t e 100% a/a. Esta receita líquida mais elevada não é só fruto do mais vendas no trimestre, mas também do andamento de obras das vendas dos últimos trimestres, evidenciado pelo avanço das receitas a serem apropriadas, que estão em R$ 506m (+9% t/t e +29% a/a).
Assim como seus pares do setor, o trimestre foi marcado por uma queda na margem bruta ajustada que passou para 26,6% (-3,3 p.p. t/t e -4,1p.p. a/a), mas que acreditamos ser o patamar de margem mais baixo do ano, com crescimento nos próximos trimestres. A margem REF expandiu rapidamente para 29,4% (+1,0p.p. t/t), o que, aliada a uma VSO mais alta, deve ajudar a trazer a margem bruta da RNI para um nível mais próximo dos 27,5% ainda em 2022.
As despesas se mantiveram em um nível controlado, mesmo com o crescimento da receita da companhia, implicando em uma diluição do impacto das despesas na margem. O ponto negativo foi a linha de “outras despesas operacionais” que puxou as despesas para cima neste trimestre. Sem considerarmos esta linha, o SG&A teve um crescimento de apenas 3,8% t/t e 36,8% a/a, que consideramos adequado em vista da retoma das operações e de um novo patamar de lançamentos/vendas da companhia.
Combinando todos os efeitos acima citados, a RNI conseguiu apresentar um bom crescimento no lucro líquido este trimestre, chegando a R$ 6m (um ROE anualizado de 3,7%) e margem líquida de 3,2%, demonstrando o início do sucesso da nova estratégia.
O repasse e venda de carteiras apresentou um bom crescimento, chegando a R$ 126m, puxado pela venda de R$ 38m de carteira de recebíveis. Mesmo assim, a RNI não gerou caixa no trimestre, justificado pelo pagamento de um CRI off-balance e andamento de obras sem repasse na planta (que não faz mais parte da nova estratégia da companhia). Dessa forma, o endividamento da RNI passou para 81,3% dívida líquita/PL, mas seguimos confiantes de que veremos este número caindo conforme o avanço da nova estratégia e entrega dos lançamentos (que cresceram significativamente nos últimos trimestres). Sem considerar a dívida de construção (que naturalmente cresce com o aumento dos lançamentos), o indicador de dívida corporativa/PL caiu 3,6p.p. para 15,7%, que consideramos saudável.
De forma geral, vemos o resultado operacional e financeiro como positivo, mas destacamos um ponto de cautela com o pagamento de um CRI off-balance que necessita de mais clarificação. Apesar de a foto de endividamento não ser bonita (mas também não tão feia), entendemos que este é um momento passageiro da RNI e, por isso, seguimos com recomendação de COMPRA com preço-alvo de R$ 12,00.