Com o pé ainda fora do case!
Estamos rebaixando a nossa recomendação para MANTER. Do ponto de vista operacional, esse resultado foi especialmente decepcionante por se tratar de um trimestre imediatamente seguido de um expressivo reajuste tarifário, que deveria trazer um alívio – ainda que de curto prazo – aos resultados da empresa. Infelizmente, mais uma vez observamos uma evolução expressiva em praticamente todas as linhas de custos (custos gerenciáveis ou não) e, neste trimestre, um destaque especial negativo para a linha de provisões para devedores duvidosos. Além dos últimos resultados decepcionantes, não observamos desconto significativo no valuation da empresa para justificar uma recomendação mais positiva para o case. Além disso, vale citar que de acordo com a última pesquisa Genial/Quest, o candidato Fernando Haddad (PT) vem liderando a corrida eleitoral para o Governo do Estado, nos fazendo ficar céticos em relação quanto a um possivel gatilho de valor relacionado a eventual privatização da empresa caso o cenário-base venha a se concretizar.
Análise do Resultado 2T22
EBITDA abaixo do consenso e das nossas expectativas. Mais uma vez, a empresa apresentou um resultado decepcionante do ponto de vista operacional, devido principalmente à evolução de custos em praticamente todas as linhas – nesse trimestre com destaque a evolução expressiva na linha de provisões operacionais. A receita alcançou R$5,2 bilhões (+14,6% a/a), derivado da evolução orgânica dos consumos de água e esgoto (+1,5% a/a) e dos reajustes tarifários do ano passado. No geral, os custos alcançaram R$2,4 bilhões (+18,8% a/a). Ainda no ponto negativo, chama a atenção do aumento das provisões para devedores duvidosos, que alcançou R$252 milhões no 2T22 (+75% a/a). Vamos repetir o que escrevemos no ano passado em relação a esse ponto: apesar do arrefecimento da pandemia, estamos em um ano eleitoral e marcado por uma expressiva perda no poder de compra e desemprego ainda alto, o que nos leva a crer que a generosidade quanto a isenção tarifária pode durar mais do que o necessário – é melhor prevenir do que remediar. Tal descompasso entre receita e custos gerou um EBITDA de R$1,5 bilhões no trimestre e uma margem EBITDA de 28,7% (vs. 31,6% no 2T21).