SABESP (SBSP3): Bons números, mas ainda esperamos o melhor!
Mantemos nossa recomendação em MANTER. Como dito em relatórios passados (clique aqui), vemos a Sabesp como um case de evento, ou seja, o destravamento de valor para a companhia está muito relacionado com a possibilidade de privatização por parte do novo governo eleito. Consideramos que uma aproximação da avaliação de uma empresa de saneamento privatizada deveria ser de pelo menos 1x EV/RAB. Dessa maneira, observando que, atualmente a companhia já negocia a 0,84x EV/Base de Remuneração Regulatória (o que nos daria um preço alvo de R$58/ação), enxergamos o case a um nível de preços que já trás consigo parte do cenário de privatização e com isso, a assimetria de risco/retorno em relação ao evento, não está tão razoável (CSMG por exemplo, negocia 0,9x EV/BRR 23E). Caso a empresa venha, de fato, a ser privatizada e, mantenha bons resultados como vimos nesse trimestre, iremos reavaliar nossa recomendação, mas por hora mantemos nossa indicação de MANTER.
Demonstrativo do Resultado
EBITDA acima do consenso e das nossas expectativas! O EBITDA recorrente da companhia totalizou R$ 2,2 bilhões (crescimento de impressionantes 44,4% a/a). Tal resultado foi devido a boa performance das receitas operacionais e do resultado do programa de demissão incentivada (PDI) tocado pela empresa, que acabou por enxugar seus custos operacionais e cujo os benefícios devem se prolongar daqui por diante. Se considerarmos um tempo de retorno de aproximadamente 1 ano em relação aos custos referentes ao PDI, podemos estimar que tal margem deva se tornar razoavelmente recorrente daqui por diante – se todas as demais linhas de custos permanecerem as mesmas.
A receita operacional (excluindo receita de construção) alcançou R$5,2 bilhões (+16,6% a/a), impactado pelo reajuste tarifário de 9,6% em maio/23, maiores volumes faturados (+2,6% a/a, alcançando 557 mi m³) e melhor mix de receitas devido ao aumento do volume de clientes residenciais (que possuem maiores tarifas vs industriais e comerciais).
Os custos e despesas gerenciáveis alcançaram R$3,9 bilhões (+21% a/a). Como mencionamos anteriormente, esse trimestre foi impactado pelo custo extraordinário relacionado a provisão do PDI. O impacto não-recorrente foi de c. R$530 milhões e com um payback estimado de pouco mais de 12 meses.
Por fim, o resultado financeiro, graças, principalmente, à valorização do real frente ao dólar e ao iene, passou de negativos R$167 milhões no 2T22 para positivos R$205 milhões nesse trimestre, o que certamente contribuiu para o lucro líquido obtido de R$743 milhões (+76% a/a).