Mantemos nossa recomendação em COMPRAR. Sabesp reportou os seus números no 1T24 acima das nossas expectativas, mas razoavelmente em linha com o consenso de mercado. Achamos que no geral o mercado deve receber bem os número da empresa, especialmente por mostrar que os impactos negativos em custos no trimestre podem ser considerado pontuais. Entretanto, como defendemos ao longo dos últimos trimestre, o grande evento de destravamento de valor da Sabesp diz respeito a sua privatização. O grande passo adiante foi dado recentemente com a aprovação da câmara municipal em dois turnos da entrada do município dentro do bloco econômico da Sabesp. Em nossa leitura, falta agora o governo do estado avançar com a formatação da oferta.
Enquanto isso não ocorre, e demais notícias sobre a privatização não surgem, é importante mencionar que apesar de o atual preço das ações estarem acima do nosso preço-alvo, nossa estimativa é baseada no cenário-base da empresa: seguir operando como uma empresa estatal. Aos atuais níveis de preço, a empresa se encontra negociando próximo a 1x EV/RAB, múltiplo esse que já incorpora parte do cenário de privatização, mas caso efetivada poderia se elevar ao patamar de 2x até 2029, em nossos cenários mais otimistas. Acreditamos que, no cenário atual, o risco-retorno de se investir na companhia, pensando na conclusão da privatização, é positivo e, por isso, mantemos nossa recomendação de compra.
Demonstrativo do Resultado
EBITDA acima do consenso e das nossas expectativas! O EBITDA recorrente da companhia totalizou R$2.6 bilhões (+27% a/a) e margem de 39,5% (vs 35,7% no 1T23). Primeiro grande destaque começa pela receita, que cresceu +15,1% a/a e alcançou R$5,2 bilhões. Principais motivos pela performance foram a boa expansão do volume faturado (+5,3% a/a, alcançando 1,1 bilhões de m³) e o reajuste tarifário aplicado no periodo de 9,3%.
Os custos totais ficaram em R$3,6 bilhões (+13,7% a/a), ainda que afetado por itens não recorrentes. O principal impacto não recorrente foi um acordo com a AAPS (Associação dos Aposentados e Pensionistas da Sabesp), gerou uma despesa de R$162 milhões no trimestre, fazendo com que a linha de despesas gerais como um todo avançasse +290% a/a. Observando as linhas de custo com características recorrente, nos chama a atenção os custos com pessoal após o seu enxugamento derivado de uma série de PDIs realizados pela empresas.
Por fim, o resultado financeiro atingiu R$302milhões negativos, devido ao maior custo de juros da dívida e desvalorização do real frente ao dólar. Ainda sim, o lucro líquido obtido de R$823 bilhão (+10,2% a/a).