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    Publicado em 28 de Julho às 18:00:56

    Santander (SANB11) | Análise 2T22: Fraco no tri mas com bons sintomas de melhora

    O Santander reportou um lucro de R$ 4,08b (+2 t/t e -2,1% a/a), praticamente em linha com as nossas expectativas (+1,1%) e do consenso (2,6%). No entanto, assim como no 1T, a qualidade do resultado veio pior do que esperávamos. O lucro antes do imposto caiu 13,3% t/t e 26,7% a/a. 

    O custo de crédito foi o principal detrator do resultado, com a as provisões avançando impressionantes 25,8% t/t e 80,7% a/a. Do lado positivo, o maior controle na originação de crédito, que penaliza o crescimento da carteira em relação a pares, parece surtir efeito. A inadimplência (NPL 90) retraiu 0,02 pp t/t, mantendo-se em 2,9%. O alto provisionamento e inadimplência controlada, elevaram a cobertura (90 d) para 224% (+9,33 pp t/t). 

    O crescimento de lucro t/t e bom ROE de 20,24% no trimestre podem ser atribuídos ao imposto. Já esperávamos uma alíquota efetiva baixa (29,1%), mas bem acima dos 15,6% reportados. Uma alíquota efetiva tão baixa não deve se sustentar no 2S, fazendo com que o resultado operacional seja mais visível. Por um lado, a cobertura de provisões adicionais poderá ainda contribuir para o resultado operacional, dado que esperamos um arrefecimento das provisões já no 4T. Por outro, a normalização da alíquota efetiva e maior pressão de custos com o dissídio de salários podem jogar contra.  

    Com um 2S mais desafiador à frente, seguimos menos otimistas para o Santander nesse ano, ainda que potencialmente com indicadores encorajadores de inadimplência chegando potencialmente a um pico. Estamos esperando um crescimento de lucro de mid single digits (um dígito médio) para o ano. Reconhecemos que a ação não está cara ao valuation de 1,19x P/BV 22 e 6,1x P/E 22. Entretanto, dado valuation atrativo em todo o setor e melhor dinâmica de crescimento de lucro para os próximos anos nos comparáveis, seguimos preferindo outros papéis no setor. Em função do cenário menos favorável e preferência por outros bancos, reiteramos a recomendação de MANTER. 

    Carteira: mais conservadorsmo na originação 

    O portfólio de crédito cresceu 2,9% t/t e 6,6% a/a, um avanço inferior a pares. O crescimento mais modesto é resultado de uma postura mais conservadora na originação, que já vem beneficiando a inadimplência neste trimestre. O maior conservadorismo também se reflete em mix, com o share de carteira PF caindo 0,5 pp t/t e de carteira corporativa subindo 0,9 pp t/t. O crescimento da carteira t/t é beneficiado pela sazonalidade do 1T. 

    Apesar do recente maior conservadorismo da originação em PF, nos últimos 12 meses a carteira PF aumentou o share em 3 pp. O crescimento mais forte em PF, reflexo da retomada da economia e easy comps de 2020 e 21, vem beneficiando o crescimento do NII clientes a/a. 

    Margem financeira: queda t/t e a/a, puxada pelo NII mercado 

    O NII caiu 9,9% t/t e 4,3% a/a, resultado pior do que esperávamos. Como já tínhamos observado no 1T, a queda foi efeito do desempenho pobre da margem com mercado (tesouraria), que perdeu robustos R$ 1,5b (vs. R$ 84m no 1T). Mesmo o avanço da margem com clientes (+3,1% t/t e 24,5% a/a), beneficiado pela melhora de mix e avanço da carteira, não foi suficiente para sustentar o NII total. A melhora de mix vem beneficiando o spread das operações com clientes, que saiu de 10% no 1T21 para 11,5% neste tri. 

    A margem com mercado fraca é resultado da sensibilidade negativa a movimentos da curva de juros. Assim como explicamos no relatório de resultado do 1T, o Santander pré-estabelece a remuneração do capital de giro na margem com clientes no começo do ano. Em 2021, a remuneração foi marcada na faixa dos 2% e o diferencial para a taxa efetiva (4-5%) circulou margem com o mercado. Em 2022, a taxa inicial de remuneração foi fixada em torno de 11-12%, gerando uma dificuldade maior de gerar um impacto positivo na margem com mercado por esse patamar inicial ser mais próxima à taxa efetiva. Para o ano, esperamos que o NII cresça em linha com a carteira, com a margem com clientes sendo parcialmente reduzida pelo resultado negativo com a tesouraria. 

    Tarifas: sem surpresas 

    Sem surpresas, as receitas de tarifas cresceram 5,7% t/t e 3,9% a/a (já ajustadas pela saída da Getnet em março de 2021), puxadas pelo easy comps das linhas de cartões (+5,5% t/t e +24,9% a/a) e seguros (+11,5% t/t e -5,4% a/a). As tarifas sofreram em 2020 e 21 com a pandemia e geralmente tem um desempenho mais fraco no 1T.  

    Custo de crédito: crescendo forte   

    O custo de crédito é um dos principais pontos de atenção na tese de Santander. O mix do Santander é mais concentrado em PF entre os grandes bancos, que possui uma inadimplência estrutural mais elevada e uma maior necessidade de cobertura. Com o ciclo de normalização da inadimplência, esperávamos uma elevação das provisões. No entanto, o grau da elevação superou as nossas expectativas, com avanço de impressionantes 25,8% t/t e 80,7% a/a.  

     Do lado positivo, o maior conservadorismo na originação, que se reflete em um mix mais conservador no curto prazo e um menor crescimento da carteira, está fazendo com que a inadimplência se estabilize. O NPL 90 se manteve de lado t/t em 2,9%. Com o robusto provisionamento e inadimplência mais controlada, a cobertura subiu 9,33 pp t/t, atingindo 224%. A inadimplência nos segmentos corporate e PMEs (pequenas e média empresas) seguiu caindo (-30 bps t/t), atingindo novas mínimas. No segmento PF (individual), a inadimplência teve uma nova alta (+10 bps t/t), mas a patamares que seguem controlados. 

    Despesas: sob controle t/t, preparando para dissídio 

    Assim como esperávamos e comentamos na prévia do resultado, o Santander teve despesas controladas no tri. As despesas gerais e administrativas caíram 3,2% t/t. O maior controle de despesas, que não é exclusivo do Santander, pode ser uma antecipação para o elevado dissídio de salários esperado para o ano. Em 2021, o dissídio beirou os 11%. O alto reajuste, puxado pela inflação, vem pressionando as despesas no comparativo anual. No 2T as despesas subiram 6,7% a/a. 

    Imposto: o salvador da pátria 

    Mais uma vez o imposto foi o salvador do trimestre, com queda de 51,3% t/t e 69,6% a/a. A queda é resultado do benefício fiscal do JCP, que já influenciou em menor grau, a alíquota efetiva do 1T. Além disso, a alíquota menor se beneficiou de indébitos tributários, já que o STF decidiu que correção monetária pela Selic de ações que gerem impostos a compensar não devem ser tributados, isso teve efeito em outras receitas operacionais e também no imposto. Já esperávamos uma alíquota efetiva baixa (29,1%), mas bem acima dos 15,6% reportados. 

    Capital: pressionado, mas deve ter atingido o fundo 

    O índice de capital (tier 1) teve uma baixa de 0,6 pp t/t, atingindo 12,2%. Com isso, o Santander fica abaixo de peers em termos de índice de capital. A queda é resultado do fim dos créditos fiscais do overhedge. Apesar do índice de capital 4,1 pp acima do mínimo requerido, o patamar abaixo de pares pode pressionar o payout acima dos tradicionais 50%. O Itaú, o segundo com menor capital entre os grandes bancos, vem sendo mais conservador, sinalizando um payout de 25% para o ano. A empresa procura trabalhar com o índice de capital principal (CET1) entre 11-12% comparados com 11,1% reportados nesse tri. Do lado positivo, o banco sinalizou no conference call de resultados que o índice de capital atingiu o mínimo neste trimestre e deve começar a subir. 

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