Esperamos que o 4T23 seja marcado por um crescimento nos lucros do Santander, com uma expansão de +6,7% t/t e +72,4% a/a, atingindo o montante de R$ 2,9 bilhões. Antecipamos, consequentemente, uma leve melhoria na rentabilidade (ROE) em comparação ao trimestre anterior, alcançando 13,5%, com um acréscimo de +0,75pp t/t e +5,39 pp a/a, mas ainda abaixo do desejável. Estimamos que o Santander termine 2023 com um ROE de apenas 12,2% para o ano.
Acreditamos que o 4T23 será impulsionado principalmente por uma melhora do NII Mercado (tesouraria), que apesar de ainda ser negativa, vem se beneficiando da queda nas taxas de juros. Além disso, observamos a retomada de estratégias mais agressivas, como o segmento de cartões, o que deve contribuir para o aumento das receitas provenientes do NII Clientes e tarifas, mas de forma bem gradual até as novas carteiras/safras começarem a ganhar relevância. Adicionalmente, projetamos um leve aumento na provisão para devedores duvidosos (PDD) t/t, com uma alíquota de imposto favorecendo o resultado pelo uso do JCP.
Para o ano de 2024, estimamos que o banco atingirá um lucro de R$ 14 bilhões, representando um aumento de +35,5% a/a. Isso resultaria em um ROE de 15,7%, um acréscimo de +3,44 pp a/a. Identificamos três principais impulsionadores para os resultados esperados em 2024: (i) Retomada da expansão da carteira de crédito em linhas mais agressivas; (ii) Desempenho positivo do NII Mercado; e (iii) Estabilidade na provisão para devedores duvidosos (PDD) ano a ano.
Apesar da expectativa de melhora nos resultados do Santander, acreditamos que as ações estão precificadas, principalmente quando comparamos com seus pares. Negociando a 8,0x P/L 2024E e 1,2x P/VP 2024E, reiteramos nossa recomendação de MANTER. Ajustamos nosso preço-alvo para o final de 2024 devido à queda da taxa de juros nos EUA e melhora do risco Brasil, saindo de R$ 29,40 para R$ 31,80. Nosso preço-alvo considera o modelo de Gordon Growth com ROE sustentável de 17,6%, crescimento (g) de 8,0% e custo de capital (ke) de 14,9%.
Santander (SANB11) | NII Mercado deve começar a melhorar no 4T23
Carteira de crédito: Acelerando em linhas mais arriscadas gradualmente
Estimamos que a carteira de crédito atinja um crescimento de 3,0% t/t e 5,7% a/a, atingindo R$ 518b. O crescimento ainda deve ficar em um ritmo tímido devido a maior seletividade e pelo cenário macroeconômico ainda conturbado. Acreditamos que o crescimento deve ocorrer pela retomada de testes em linhas mais agressivas que o banco iniciou no trimestre passado como cartões.
Para 2024, esperamos que a carteira de crédito do Santander cresça em linha com as estimativas da Febraban para o mercado de 8,5%. Assim, estimamos uma expansão de 7,9% a/a para a carteira, chegando a R$ 559b.
Receita de juros (NII): Melhora de mix e tesouraria ajudam gradualmente
Acreditamos que a receita de juros (NII) apresente um crescimento de 3,3% t/t e 10,7% a/a, chegando a R$ 13,9b. A linha deve ser beneficiada por (i) NII Clientes crescendo t/t devido a melhores volumes e leve aumento do spread com retomada de linhas mais agressivas e (ii) melhora (menos negativa) do NII Mercado com a queda da taxa de juros.
Para 2024, esperamos que o NII total cresça bem acima da carteira (+15,7% a/a), beneficiado principalmente pelo NII Mercado que deve voltar a ficar em patamares positivos (+R$ 1,65b vs -R$ 3,34b em 2023), carteira de crédito crescendo 8% e mix aumentado em produtos de maior spread.
Receita com tarifas: Sazonalidade melhor de final de ano
Acreditamos que a linha de receita com tarifas virá mais forte no 4T23, puxado por seguros e cartões. Assim, para o trimestre, esperamos que a receita com tarifas tenha uma expansão de 8,9% t/t e 10,0% a/a, com um total de R$ 5,6b.
Para 2024, estimamos que a receita com tarifas apresente um aumento de 5% a/a, levemente acima da inflação, beneficiada pela retomada de linhas mais agressivas como cartões e melhora da expectativa de um aumento de atividade no mercado de capitais.
Provisão (PDD): Estabilidade em 2024
Para o 4T23, estimamos que as provisões para créditos duvidosos liquidas de recuperação (PDD) tenham um aumento de 1,8% t/t, mas com queda de 22,4% a/a. Assim, a linha deve fechar o trimestre em R$ 5,7b. Apesar do aumento no trimestre, temos visto que as novas safras estão performando melhor, o que deve ajudar a estabilizar as provisões.
Em relação a inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+), esperamos que o trimestre apresente estabilidade t/t em 3% e com uma leve melhora de -0,1pp a/a.
Esse movimento de menor necessidade de provisão e inadimplência começando a estabilizar, deve auxiliar em um menor consumo de índice de cobertura. Em nossas projeções, estimamos que o índice de cobertura (gerencial) fique praticamente estável em 230,8% no trimestre (+1,37pp t/t e +0,71pp a/a).
Para 2024, projetamos que a PDD fique estável a/a (+0,3%) em R$ 24b devido ao melhor desempenho das novas safras. Ademais, estimamos uma leve redução do NPL 90+ em -0,1pp a/a e recomposição da cobertura de juros, chegando a 248,3% (+17,46pp a/a).
Despesas administrativas: Acima da inflação
Para as despesas administrativas totais, estimamos um aumento de 8,8% t/t e 8,0% a/a, chegando a R$ 7,9b. Acreditamos que parte do aumento deve se dar pelo impacto cheio do dissídio no 4T, além de outros efeitos sazonais.
Para 2024, esperamos que as despesas administrativas totais cresçam 6,6% a/a, impactado principalmente pelas despesas gerais (+9,6% a/a), enquanto a despesa com pessoal deve seguir inflação (+4,1% a/a).
Imposto: Ajuda do benefício fiscal do JCP continua
Para o 4T23, estimamos uma alíquota de imposto invertida de -0,4% (agregando para a geração de lucro líquido), beneficiado principalmente pelo pagamento de Juros sobre Capital Próprio que gera um benefício maior na alíquota devido ao resultado ainda fraco de lucro antes de imposto, combinado por um JCP alto por conta do cálculo que usa a TJLP que se encontra em patamares elevados.
Para 2024, acreditamos que a alíquota de imposto deve voltar gradualmente à normalidade (20%), devido a retomada dos resultados do banco e queda da TJLP, fazendo com que o benefício fiscal do JCP não seja tão alto.