A SLC reportou números do 4T24 no dia 12 de março, após o fechamento do mercado. A companhia alcançou uma Receita Líquida de R$2,0b (-1,0% vs. Genial Est.; +2,9% a/a), somando um EBITDA Ajustado de R$611m (+5,5% vs. Genial Est.; -9,2% a/a), com margem de 30,9% (-4,1p.p. a/a). Vimos que o desempenho foi pressionado pela queda no resultado bruto/t da soja (-0,5% vs. Genial Est.), reflexo do menor volume faturado (-60,1% a/a) e aumento do COGS/t (+77,3% a/a). Já o resultado bruto/t do algodão em pluma também teve um desempenho levemente abaixo do esperado(-0,7% vs. Genial Est.), que sofreu com a depreciação de preços (-12,6% a/a).
Olhando para o resultado bruto/t do caroço do algodão também teve uma pressão (-0,4% vs. Genial Est.), reflexo da expansão do COGS/t (+38,5% a/a). O resultado bruto/t do milho (+0,8% vs. Genial Est.; +26% a/a) atuou como atenuador, sustentando parcialmente os números consolidados. O Prejuízo Líquido foi de R$51m (vs. lucro de R$23m Genial Est.) que foi pressionado por menor geração de EBIT, que por sua vez atingiu R$267m (-44,3% vs. Genial Est.).

Principais Destaques:
(i) Receita líquida de R$2,0b (-1,0% vs. Genial Est.; +2,9% a/a), impulsionada pelo maior volume faturado de algodão; (ii) EBITDA Ajustado de R$611m (+5,5% vs. Genial Est.; -9,2% a/a), com margem de 30,9% (-4,1p.p. a/a), pressionado pelo aumento do COGS/t na soja e algodão;
(iii) Prejuízo Líquido de R$51m (vs. lucro de R$23m Genial Est.), impactado por maior despesa financeira e menor geração de EBIT; (iv) Desempenho da Soja impactado por retração de volume, chegando a 111Kt (-60,1% a/a) e aumento de COGS/t (+77,3% a/a); (v) Algodão impactado por queda nos preços para R$9.812 (-12,6% a/a); (vi) Milho em alta vis a vis elevação dos preços que atingiu R$857/t (+20,4% a/a),fornecendo suporte parcial ao resultado bruto; (vii) Alocação de CAPEX chega em R$1,1b vis a expansão de área plantada (+10,6% safra 24/25E); (viii) FCFE de R$625m (-7,6% a/a), impactado pela aquisição da participação minoritária na SLC LandCo (~R$170m); (ix) Perspectivas superavitárias vis a vis revisão negativa para oferta global de soja e algodãona safra 24/25E tendem a pressionar os preços em 2025; (x) A companhia é negociada a um EV/EBITDA de 6x 25E (abaixo da média histórica de 6,7x), configurando um desconto ainda atrativo; (xi) Reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com Target Price 12M de R$22,00 refletindo upside de +17,02%.
SLCE3 4T24: No detalhe!
Soja: Viés de queda provocado por elevação do COGS/t. O Lucro Bruto/t alcançou R$1.244/t (-0,5% vs. Genial Est.; +21,2% a/a), impulsionado pelo maior preço realizado que atingiu R$3.061/t (+49,2% a/a), que compensou menor volume de sementes de soja vendido, que atingiu 111Kt (-5,2% vs. Genial Est.), com queda de -60,1% a/a e aumento do custo unitário (+77,3% a/a). A Receita Líquida de soja somou R$360m (-35,2% a/a), refletindo a queda nos preços em USD e uma possível retenção parcial de volume faturado. No acumulado de 2024, o Lucro Bruto/t recuou -55,9% a/a (R$525/t), pressionado por menor produtividade (-17,5% a/a), impactada pela estiagem no Mato Grosso (MT).
Milho: Aumento de preço projetada já em efeito. O Lucro Bruto/t atingiu R$224/t (+0,8% vs. Genial Est; +307,3% a/a), impulsionado pela alta nos preços (+20,4% a/a) durante a entressafra e por uma elevação do mix de fazendas com produtividade vs. média que mais que compensou queda de volume faturado que atingiu 204Kt (+1,2% vs. Genial Est), levando a uma compressão de -34,3% a/a. Apesar disso, a Receita Líquida somou R$179m (-16% a/a), como reflexo da queda no volume faturado (-34,3% a/a) e nos preços unitários em dólares (-13,8% a/a). No consolidado de 2024, o Lucro Bruto/t caiu -48,4% a/a, impactado pela redução nos preços e pela menor produtividade da safra 2023/24.
Algodão: COGS/t não compensou o excesso de oferta já projetado pela Genial Est. O resultado bruto/t do algodão em pluma atingiu R$3.844/t (-0,7% vs. Genial Est; -16,1% a/a), impactado pela queda nos preços faturados (-12,6% a/a) que menos que compensou elevação de volume faturado que atingiu 122Kt (+50,3% a/a) a redução no custo unitário (-10,2% a/a). No acumulado de 2024, o resultado bruto/t avançou +7,4% a/a, alcançando R$3.997/t, sustentado pela queda no custo unitário. Já o caroço de algodão apresentou retração, alcançando R$378/t (-0,4% vs. Genial Est.; -26,5% a/a) no resultado bruto unitário do 4T24, pressionado pela queda nos preços (-23,3% a/a) e alta no custo unitário (+38,5% a/a) que mais que condenaram a expansão de volumes que chegou à 168Kt (-2,3% vs. Genial Est.), compondo alta de +10,3% a/a.
Nossa Visão e Recomendação
FCFE contraí a/a, números sofreram ao longo do ano pela dinâmica de preços. A geração de FCFE foi de R$625m (-7,6% a/a), impactada pela menor geração de caixa operacional (-1,4% a/a) e o pagamento de R$170m na aquisição da participação minoritária na SLC LandCo que mais que compensou a redução de CAPEX no 4T24 que atingiu R$103m (-48,9% a/a). No consolidado de 2024, o FCFE foi de apenas R$34m (-92% a/a), refletindo a queda no resultado bruto da soja e do milho, além do aumento nos investimentos para expandir a área plantada (+10,6% na safra 24/25E) que acabou elevando o CAPEX para R$1,1b (+7,3% a/a) no ano, intensificando a pressão sobre o caixa em um cenário desafiador para produtividade e preços.
SLC adquire Sierentz Brasil por US$135m. A SLC Agrícola anunciou acordo para aquisição da Sierentz Agro Brasil por US$135m (~R$780m), incorporando ~96kha arrendados nos estados do Maranhão, Piauí e Pará. A transação ocorrerá em 3 parcelas, sendo a 1° (60%) paga no fechamento e as 2 restantes em 2026 (20%) e 2027 (20%). Parte das áreas possui aptidão para segunda safra, elevando o potencial produtivo para ~135kha. Além disso, 33kha serão cedidos à Terrus por R$191m.
Vemos o negócio como positivo, alinhando-se à estratégia de expansão e diversificação geográfica da SLC, ao mesmo tempo que continua mantendo a companhia como Asset light. A compra da Sierentz adiciona +18% de terras arrendadas aos 734kha de área plantada projetada para safra 24/25E da SLC ao valor de ~10% do market cap atual. O pagamento será diluído até 2027 e a contrapartida, via EBITDA incremental, já deverá aparecer no 1S25.
Soja: Redução de excesso de oferta, mas mantemos nosso viés de queda para preço em US$10,4/bushel. A estimativa global de produção de soja para 2024/25 foi reduzida em -3,5Mt 24/25E, reflexo das condições persistentes de calor e seca na Argentina e no Paraguai. No Brasil, a produção manteve-se estável em 169Mt 24/25E, com perspectivas promissoras na região centro-oeste, que compensaram os impactos climáticos adversos no sul. Além disso, o consumo aumentou em +645Kt 24/25E, resultando em um superávit global de 11,8Mt (-25,7% vs. previsão anterior).
Milho: Inflação esperada corroborada por expectativa de redução de produção no Brasil e Argentina. A projeção para a produção global de milho em 24/25E foi reduzida em -1,9Mt, reflexo das condições de seca na Argentina (-1Mt) e no sul do Brasil (-1Mt). Mesmo com uma ligeira queda de -300Kt no consumo, o déficit esperado subiu para 25,5Mt (+6% vs. previsão anterior).
Algodão: China contribuindo para revisão bearish. A previsão global de produção de algodão foi revisada de forma mais pessimista, com a China contribuindo com um acréscimo de +1M de fardos. O USDA elevou sua projeção corroborando tal perspectiva justificada pelo viés mais favorável para a safra na 24/25E da China. Com isso, o superávit global de algodão também foi elevado em +1M de fardos atingindo 4,7M de fardos (+25,5% vs. previsão anterior).
Perspectivas superavitárias vis a vis revisão negativa para oferta global de soja e algodão na safra 24/25E tendem a pressionar os preços em 2025. A companhia é negociada a um EV/EBITDA de 6x 25E (abaixo da média histórica de 6,7x), configurando um desconto ainda atrativo. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com Target Price 12M de R$22,00 refletindo upside de +17,02%.