Pontos de destaque:
(i) Vimos um top-line fraco, com retração na comparação anual, e uma compressão na margem EBITDA na base anual; (ii) Receita e margens em linha com nossas projeções; (iii) Forte recuo no resultado bruto da soja e do milho foi o maior destaque negativo do trimestre; (iv) Algodão compensou parcialmente o desempenho fraco da soja e do milho; (v) Soja e milho em tendência de queda devem seguir afetando negativamente o resultado consolidado da companhia; (vi) Algodão deve continuar ajudando a compensar a performance desanimadora da soja e do milho; (vii) Reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$23,50.
A SLC Agrícola (SLCE3) reportou um trimestre fraco em termos de receita, com um número em linha com nossas expectativas (+0,2% vs. Genial Est.), e desanimador em termos de margem EBITDA, com uma margem também em linha com nossas projeções (+0,1p.p. vs. Genial Est.), prejudicada, principalmente, pela forte retração no resultado bruto da soja e do milho.
Desse modo, vimos um top-line recuando de modo relevante (-11,8% a/a), devido a uma menor produtividade das terras, e uma menor margem EBITDA de 36,0% (-6,1p.p. a/a), a qual foi afetada negativamente pelos baixos preços da soja e do milho.
Valuation e recomendação. Esperamos que a dinâmica favorável do algodão persista ao longo dos próximos exercícios e siga ajudando a compensar parcialmente os números desanimadores da soja e do milho. Ademais, vemos a SLC sendo negociada a um EV/EBITDA 24E de 6,2x vs. uma média histórica de 6,7x. Assim, reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$23,50.
Análise dos Resultados
A companhia entregou uma receita líquida de R$1,9b (-11,8% a/a e +0,2% vs. Genial Est.), e um EBITDA de R$704m (-24,6% a/a e 0,0% vs. Genial Est.), equivalente a uma margem EBITDA de 36,0% (-6,1p.p. a/a e +0,1p.p. vs. Genial Est.). Por fim, foi reportado um lucro líquido de R$229m (-60,2% a/a e +1,3% vs. Genial Est.).
SLC Agrícola: Variação Anual e Trimestral
Cenário segue desanimador para soja e milho. Um conjunto de fatores prejudicaram o desempenho operacional desse trimestre. Destacamos, entre eles: (i) um forte recuo no resultado bruto da soja (-65,9% a/a), em virtude de uma queda na produtividade das terras e no preço da commodity; (ii) um resultado bruto também bastante desanimador do milho (-79,9% a/a), impactado negativamente pela queda de seu preço; (iii) um volume de venda menor (-9,5% a/a), devido à redução da área plantada e (iv) a marcação negativa do ativo biológico da soja em -R$136m, decorrente de ajustes da safra.
Algodão trouxe um alívio ao resultado. Do lado positivo, vimos um resultado sólido oriundo da cultura do algodão, pautado por uma maior produtividade e rentabilidade em relação às demais culturas. Desse modo, observamos uma importante recuperação do resultado bruto do algodão em pluma (+211,0% a/a), a qual ajudou a compensar parcialmente os números fracos da soja e do milho.
Pessimismo com a soja e milho, mas otimismo com o algodão. Enquanto mantemos nosso viés baixista para a soja e para o milho, seguimos com viés otimista para o algodão, devido a (i) uma demanda robusta de produtos têxteis nos EUA; (ii) uma taxa de operação da indústria asiática acima da média histórica e (iii) um alto patamar de importações de algodão por parte da China.
Nota-se que enxergamos ainda um upside risk para o algodão caso ocorram perdas na produção ou abandono de áreas no Texas, principal estado produtor desta commodity nos EUA, devido à influência do La Niña pela região, o qual costuma trazer dificuldades climáticas, como altas temperaturas e períodos de seca.
Nossa visão e recomendação
Desafios para a soja e o milho devem persistir no curto prazo. Não acreditamos que a situação para as commodities soja e milho vá melhorar no curto prazo, uma vez que não enxergamos fundamentos no cenário internacional que possibilitem uma retomada de preços. Estudos iniciais apontam que, com as fortes chuvas recentes no Rio Grande do Sul (RS), possa haver ~7% de quebra de safra, mas, ainda assim, achamos pouco provável uma sensibilidade significativa de repique de preços das commodities. Vale ressaltar que as curvas futuras da soja e do milho seguem apontando para uma queda, indicando que o mercado atualmente precifica safras cheias.
Novas oportunidades de arrendamento e compra de terras agrícolas devem surgir em 2024 e 2025. Dado o cenário de margens apertadas aos produtores, em nossa visão, devem surgir boas oportunidades de arrendamento e compra de terras agrícolas ao longo dos anos de 2024 e 2025, que podem vir a ser usufruídas por grandes produtores como a SLC Agrícola (SLCE3) e a BrasilAgro (AGRO3). Temos expectativas bastante positivas em relação a potencias novas oportunidades de negócios que possam surgir neste campo.
Algodão ajudando, mas milho e soja atrapalhando… Embora os desafios para a soja e milho devam persistir ao longo dos próximos exercícios, com seus preços em contínua tendência de queda, assim como a produtividade das terras, mantemos o otimismo com a cultura do algodão. Em nossa visão, o resultado bruto do algodão em 2024 deve ajudar a compensar os números desanimadores da soja e do milho. Além disso, vemos a SLC negociando a um EV/EBITDA 24E de 6,3x vs. uma média histórica de 6,7x, e vemos um relevante upside frente ao preço atual de tela.
Desse modo, reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 23,50.