Resultado em linha + Dividendos no bolso!
Mantemos recomendação de VENDER para as ações da empresa. Apesar dos bons resultados e da qualidade operacional da empresa, continuamos acreditando que a Taesa já é um case bem precificado, sem upside em relação ao nosso preço alvo. Em nossa visão o bom trimestre da empresa pode ser atribuído principalmente aos efeitos da alta da inflação (IPCA e IGPM, com destaque para o segundo, que fechou 2021 com alta de 37,04%) no top line da transmissora, junto a entrada operacional de Janaúba. Além das ressalvas, ressaltamos os resultados positivos acima do consenso. Nos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando com TIR real implícita de 5,8%, o que não justificaria uma entrada no papel em nossa leitura.
Detalhamento 1T22
EBITDA em linha com o consenso. A Taesa apresentou EBITDA de R$ 454 milhões no tri (+36,2% vs 1T20), com uma margem de 86%, aumento de 4.2 p.p a/a. Voltamos a citar a a entrada em operação de Janaúba, que terá receita anual permitida (RAP) de R$ 213,6 milhões (no ciclo de 2021-22), bem como a já mencionada alta do IGPM, que vem contribuindo positivamente para o resultado da Taesa nos últimos trimestres. Como nem tudo são flores, a alta dos juros também afetou negativamente a companhia nas linhas da despesa financeira, contribuindo para um resultado financeiro pior nas comparações a/a, alcançando -R$228 milhões (vs. -R$183 milhões no 1T21). Mesmo com uma maior despesa financeira, o lucro líquido regulatório evoluiu 35,6% a/a, alcançando R$146 milhões.
Ainda mais dividendos, dessa vez complementares. A assembléia de acionistas deliberou a distribuição de lucros líquidos complementares ainda referentes ao ano de 2021 de R$800,3 milhões (R$2,32/unit). O pagamento ocorrerá no próximo dia 31 de Maio para os acionistas que mantiverem a sua posição no papel até o dia 10 de maio. Sendo assim, a companhia remunerou os seus acionistas em R$1,8 bilhões em relação aos resultados do ano de 2021. É importante ressair que a empresa paga dividendos com base no resultado IFRS, que considera variações não-caixa no ativo financeiro realçadas pela alta no IGPM. Nesse ano, a inflação segue em níveis elevados e uma vez mais o IGPM segue com algum descolamento em relação ao IPCA no acumulado dos últimos 12 meses: 14,65% até abril/22 (FGV) vs 11,3% até março/22 (IBGE). Esse fato trás duas implicações: I) a empresa tende a se beneficar desse descompasso entre ambos os indicadores inflacionários a medida que c. de 60% dos contratos da empresa são reajustados ao IGPM e II) alta inflação tende a aumentar o lucro IFRS (que não necessariamente coaduna com a caixa, vale mencionar) e aumentar a base para distribuição de dividendos, um importante driver para a base de investidores do ativo.