Qual o preço justo a se pagar?
Reiteramos nossa recomendação de MANTER para as ações da TAESA. Nesse trimestre, a Taesa apresentou um resultado operacional abaixo das expectativas e do mercado, mas em linha com nossas estimativas. Como sempre, a companhia mostrou mais uma vez qualidade operacional para entregar aquilo que se espera. Apesar disso, alguns fatores negativos continuam se sobressaindo e nos chamando atenção, como:
I) A Taesa, pelas nossas estimativas, já se encontra mais do que precificada, negociando com um prêmio em relação a seus pares e acima de seu preço justo, sem apresentar resultados e fundamentos que justifiquem esse prêmio, fora o pagamento de dividendos acima de seus concorrentes.
II) O pagamento excessivo de dividendos que poderia justificar o prêmio é um dos responsáveis – mas não o único – pela empresa ser a mais alavancada dentre os pares (3,7x Dívida Líquida/EBITDA 12M), em um cenário de juros altos. Junto a isso, vemos a empresa com o menor prazo de concessão médio dentre as empresas do segmento, sem projetos novos no pipeline de investimentos para adicionar perspectivas de crescimento de receita. E por fim, para complementar, temos 60% da receita da companhia atrelada ao IGPM, que vem arrefecendo nos últimos meses, inclusive apresentando deflação.
Pelas nossas estimativas, vemos a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 8,5% em termos reais, contra 5,95% das NTN-Bs 2045, assim, aliado aos motivos listados acima, aos atuais níveis de preço não vemos razões para uma recomendação mais agressiva ao papel, reiterando nossa recomendação de MANTER.
Detalhamento dos resultados 2T23
A empresa reportou uma receita líquida regulatória de R$633,1 milhões no trimestre, aumento de 13% com relação ao 2T22. O aumento se deve ao reajuste inflacionário do ciclo RAP 2022-2023 e a entrada operacional de Saíra no trimestre. É válido lembrar que as linhas ajustadas pelo IPCA tiveram reajuste de +3,94%, enquanto as linhas reajustadas pelo IGPM apresentaram reajuste negativo de -4,50%, além da queda de 50% da RAP em algumas das linhas da companhia, todos esses fatores contribuindo para que a receita da companhia fosse minada, afetando negativamente o resultado.
Com relação aos custos e despesas, esses se mantiveram praticamente estável com relação ao 2T22, em R$98 milhões, aumento de 3,1%, explicado majoritariamente pelo reajuste salarial. O resultado financeiro totalizou menos R$243 milhões, 6,6% menor na comparação anual, explicado pelo aumento dos juros da dívida dentro do período, e menor rendimento de aplicações financeiras.
A dívida bruta da companhia totalizou R$9.541 milhões, 1,5% maior que o trimestre anterior. O caixa da companhia ficou em R$1.334,3 milhões, resultando em uma dívida líquida de R$8.207 milhões, 1,8% menor que o 1T23. Assim, a Taesa fecha o trimestre com uma relação dívida líquida/EBITDA de 3,7x, a maior dentre os pares, apesar de ter diminuído (3,9x no 1T23). Ainda nesse trimestre, a empresa anunciou proventos de R$313,3 milhões entre dividendos e JCP (R$0,91/unit), implicando em um rendimento em termos de dividendos de 2,5% no trimestre.
Por fim, o lucro líquido registrado foi de R$246 milhões, aumento de 73,9% com relação ao 1T22. Ressaltamos que não achamos o resultado negativo, apenas que a empresa se encontra precificada e, sem justificativas para negociar com prêmio.