Reiteramos nossa recomendação de MANTER para as ações da TAESA. Os resultados financeiros da Taesa vieram ligeiramente abaixo das expectativas de mercado mas, em termos operacionais, a companhia continua reforçando aquilo que já falamos outras vezes sobre possuir qualidade e entregar o que se espera em termos de geração de valor.
Como falamos em relatórios passados, para além de dados financeiros e operacionais, o fator que julgamos mais importante no momento é a alavancagem da companhia. Nesse trimestre, a alavancagem atingiu 4,0x Dívida Líquida/EBITDA (vs 3,8x no 1T24), maior nível do setor. Apesar de o management, em reuniões passadas, ter avisado que o nível aumentaria nesse trimestre e que começaria a cair a partir do segundo semestre de 2024, não deixa de ser uma informação preocupante. A Taesa além de possuir o maior nível de alavancagem, o que a limita em termos de adquirir novos projetos, também possui o menor número novos de projetos em andamento e o menor prazo médio de concessão remanescente. Adicionalmente, 60% das receitas da empresa estão vinculadas ao IGPM, que registrou deflação no ciclo RAP 2024/2025 como tinhamos previsto. Como forma de combater esse cenário, a empresa diminuiu o monante de divdendos distribuídos a partir do trimestre passado, passado de 100% do lucro líquido regulatório para 75%, anunciando pagamento de R$0,65/unit referente ao resultado do 2T24, rendimento de 1,8%.
Acreditamos que a Taesa tenha expertise para navegar por esse cenário desafiador, se desalavancar ao mesmo tempo em que continua a recompor sua receita, sem afetar muito o pagamento dedividendos, que é um dos principais atrativos para os investidores da empresa, mas apesar disso, com a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 8,3% em termos reais, contra 5,96% das NTN-Bs 2045, aos atuais níveis de preço não vemos razões para uma recomendação mais agressiva ao papel, reiterando nossa recomendação de MANTER, esperando por um momento mais oportuno para entrar no papel.
Detalhamento dos resultados
A empresa reportou uma receita líquida regulatória de R$579 milhões no trimestre, redução anual de 7,2%. A queda é função do reajuste inflacionário do ciclo RAP 2023-2024, balanceado pela entrada entrada operacional de Saíra e Sant’Ana. O reajuste inflacionário do ciclo foi negativo para as linhas reajustadas pelo IGPM (-4,50%). Para o ciclo 2024-2025 que começa a afetar a companhia a partir do 3T24, o reajuste foi de -0,34% para as linhas reajustadas pelo IGPM e 3,93% para o IPCA.
Com relação aos custos e despesas, houve uma redução de 3,7%, totalizando R$ 94 milhões, explicado por uma ligeira reduçãona contratação de serviços de terceiros. O resultado financeiro totalizou menos R$ 202 milhões, 17,6% abaixo da comparação anual, explicado por uma variação cambial decorrente da contratação do IPCA dentro dos períodos analisado (1,00% em 2T24 vs 1,56% em 2T23).
A dívida bruta da companhia totalizou R$ 10.2 bilhões, 3,3% maior que o trimestre anterior. O caixa da companhia ficou em R$1.1 bilhões, resultando em uma dívida líquida de R$ 9.1 bilhões, 3,6% maior que o 1T24. Assim, a Taesa fecha o trimestre com uma relação dívida líquida/EBITDA de 4.0x, 0,2x acima do trimestre anterior e a maior dentre os pares.
Por fim, o lucro líquido registrado foi de R$294 milhões, aumento de 22,9% com relação ao 2T23. Ressaltamos que não achamos o resultado negativo, apenas que a empresa se encontra precificada e, sem justificativas para negociar acima de seu valor justo, justamente pela questão de sua alavancagem se encontrar relativamente alta.