Resultado operacional 4T22 forte!
Reiteramos nossa recomendação de MANTER para as ações da empresa. Novamente, a Taesa apresentou um resultado operacional sólido, em linha com o consenso de mercado e de nossas expectativas, reforçando a qualidade da empresa e sua previsibilidade em geração de valor, apresentando o maior EBITDA regulatório da história da companhia. Pelas nossas estimativas, vemos a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 8,5% em termos reais, contra 6,4% das NTN-B 2055 e, com potencial de retorno em relação ao preço alvo considerando nossa estimativa de 9,7% de dividend yield para 2023. Ainda sim, enxergamos alguns fatores que contribuem para nossa recomendação, entre eles: I) Empresa ser a mais alavancada dentre os pares do setor (3,6x Dívida Líquida/EBITDA 12M) em um cenário de taxas de juros altas, podendo trazer um impacto negativo no resultado financeiro da empresa, II) além de comprometer a capacidade da companhia em adquirir novos lotes em leilões, tendo os últimos apresentados desafios em termos de competição e deságios, III) o que pode vir a ser uma preocupação, uma vez que a Taesa possui o prazo mais curto de concessão versus os pares (empresa começa a perder receita de maneira significativa à partir de 2030).
Não nos preocupamos com os dividendos. Como é do conhecimento de todos, a empresa reporta seus números em dois formatos contábeis distintos: IFRS e Regulatório, sendo o segundo mais aderente com o fluxo de caixa real da empresa. Entretanto, vale lembrar que os dividendos são anunciados e distribuídos em relação ao lucro líquido societário (IFRS), sendo que o mesmo é afetado pela movimentação da conta “Ativo Financeiro” (que considera contabilmente a geração de valor futura das linhas de transmissão no balanço da empresa), que nesse mês foi negativamente impactado pela queda nos indicadores inflacionários de referencia de ajuste das RAPs das linhas de transmissão (IGPM, principalmente). Ou seja, apesar do lucro societário ter sido amassado por essa questão, não observamos esse fato como uma estrita mudança de fundamentos na TAESA a medida que o fluxo de caixa continua regular (e os resultados regulatórios demonstram muito bem isso). E por último, é importante lembrar que o caixa que eventualmente não é distribuído hoje por causa de um baixo resultado societário é preservado na empresa para distribuições futuras ou investimentos em novos projetos.
Detalhamento dos resultados 4T22
EBITDA acima do consenso do mercado, em linha com nossas expectativas. A Taesa apresentou EBITDA de R$ 465 milhões no trimestre (+4% vs 4T21), com uma margem de 83%, aumento de 2,1 p.p a/a. No ano, o EBITDA Regulatório totalizou R$ 1.882 milhões (+24% vs 2021), maior resultado da história da companhia, explicado pela entrada operacional de Janaúba e Sant’Ana e o reajuste anual do ciclo RAP 22-23.
No 4T22, a Dívida Bruta da Companhia totalizou R$ 8.195 milhões, 3,6% menor que o trimestre anterior. O caixa da Companhia ficou em R$ 1.093 milhões, registrando uma queda de 30,5% no trimestre e resultando em uma dívida líquida de R$ 7.101 milhões, 2,5% maior que o 3T22. Com isso a relação dívida líquida sobre EBITDA ficou em 3,65x no 4T22, abaixo do valor registrado no 3T22 (3,71x).
Na linha de resultado financeiro, apesar do alto endividamento da companhia, houve uma redução de 26,9% a/a, totalizando R$163 milhões no 4T22, explicado pela maior receita financeira, devido ao aumento do caixa aplicado e do aumento do CDI no período, e na parte de despesas financeiras, por uma redução nas variações monetárias, devido a contração do IPCA, compensando o aumento dos juros incorrido. Por fim, com o aumento do EBITDA, custos e despesas sobre controle e menor resultado financeiro, a Taesa reportou um lucro líquido regulatório de R$ 387 milhões no 4T22, aumento de 266% comparado ao 4T21.