Reiteramos nossa recomendação de MANTER para as ações da TAESA. Apesar de os resultados financeiros ligeiramente abaixo das expectativas de mercado, em termos operacionais, a companhia reforça aquilo que já falamos outras vezes sobre possuir qualidade operacional e entregar o que se espera em termos de geração de valor.
Apesar disso, alguns fatores continuam nos preocupando com relação ao futuro da companhia, principalmente o fator de como a companhia pretender crescer sua receita de forma financeiramente saudável. Hoje a empresa é a mais alavancada dentre os pares (3,7x Dívida Líquida/EBITDA 12M), é também a que possui o menor número de projetos em construção e, junto a isso, é a empresa com o menor prazo de concessão médio dentre os pares do segmento. E por fim, para complementar, temos 60% da receita da companhia atrelada ao IGPM, que apresentou deflação no ciclo RAP 2023/2024 e que irá afetar mais dois trimestres da companhia, até o novo ciclo e consequentemente um novo reajuste. Sendo assim, nossa preocupação reside nos próximos passos da empresa: Desalavancar primeiro, para abrir espaço para novos projetos, aumentando a receita ou, adquirir novos projetos primeiro, aumentando a receita mas ainda mais seu endividamento, para poder acelerar o processo de desalavancagem. Nas duas situações a empresa sairia perdendo em algum aspecto, seja deixando passar oportunidades de aquisições no curto prazo, seja aumentando seu portfólio de dívidas.
Uma das possibilidades para a Taesa seria diminuir o fluxo de pagamento de dividendos para acelerar o processo de desalavancagem e abrir espaço para entrada de novos projetos, uma vez que quando adquiridos, os novos projetos demoram cerca de 3/4 anos para começarem à gerar receita. Enquanto isso não acontece, a companhia anunciou novo pagamento de dividendos, no valor de R$1,14/unit, um dividend yield de 3,2% (data ex: 16/5). Dito isso, pelas nossas estimativas, com a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 7,7% em termos reais, contra 5,89% das NTN-Bs 2045, aos atuais níveis de preço não vemos razões para uma recomendação mais agressiva ao papel, reiterando nossa recomendação de MANTER.
Detalhamento dos resultados
A empresa reportou uma receita líquida regulatória de R$592 milhões no trimestre, aumento anual de 6,1%. Para além do reajuste inflacionário do ciclo RAP 2022-2023, o aumento é devido a entrada operacional de Saíra e Sant’Ana. É válido lembrar que as linhas ajustadas pelo IPCA tiveram reajuste de +3,94%, enquanto as linhas reajustadas pelo IGPM apresentaram reajuste negativo de -4,50%, pressionando a receita para baixo.
Com relação aos custos e despesas, houve um aumento de 15%, totalizando R$107 milhões, explicado pelo reajuste salarial, aumento do quadro de funcionários e aumento de serviços de terceiros. O resultado financeiro totalizou menos R$196 milhões, 20% acima da comparação anual, explicado pelo aumento dos juros incorridos no período devido ao maior volume de dívidas.
A dívida bruta da companhia totalizou R$9.835 milhões, 3,1% maior que o trimestre anterior. O caixa da companhia ficou em R$1.317 milhões, resultando em uma dívida líquida de R$8.517 milhões, 3,8% maior que o 3T23. Assim, a Taesa fecha o trimestre com uma relação dívida líquida/EBITDA de 3,7x, igual ao trimestre anterior e a maior dentre os pares.
Por fim, o lucro líquido registrado foi de R$301 milhões, redução de 22% com relação ao 4T22. Ressaltamos que não achamos o resultado negativo, apenas que a empresa se encontra precificada e, sem justificativas para negociar acima de seu valor justo.