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    Publicado em 06 de Março às 23:49:47

    TAESA (TAEE11) | Resultado 4T23: Antes anoitecer sem ceia, que acordar com dívidas?

    Reiteramos nossa recomendação de MANTER para as ações da TAESA. Apesar de os resultados financeiros ligeiramente abaixo das expectativas de mercado, em termos operacionais, a companhia reforça aquilo que já falamos outras vezes sobre possuir qualidade operacional e entregar o que se espera em termos de geração de valor.

    Apesar disso, alguns fatores continuam nos preocupando com relação ao futuro da companhia, principalmente o fator de como a companhia pretender crescer sua receita de forma financeiramente saudável. Hoje a empresa é a mais alavancada dentre os pares (3,7x Dívida Líquida/EBITDA 12M), é também a que possui o menor número de projetos em construção e, junto a isso, é a empresa com o menor prazo de concessão médio dentre os pares do segmento. E por fim, para complementar, temos 60% da receita da companhia atrelada ao IGPM, que apresentou deflação no ciclo RAP 2023/2024 e que irá afetar mais dois trimestres da companhia, até o novo ciclo e consequentemente um novo reajuste. Sendo assim, nossa preocupação reside nos próximos passos da empresa: Desalavancar primeiro, para abrir espaço para novos projetos, aumentando a receita ou, adquirir novos projetos primeiro, aumentando a receita mas ainda mais seu endividamento, para poder acelerar o processo de desalavancagem. Nas duas situações a empresa sairia perdendo em algum aspecto, seja deixando passar oportunidades de aquisições no curto prazo, seja aumentando seu portfólio de dívidas.

    Uma das possibilidades para a Taesa seria diminuir o fluxo de pagamento de dividendos para acelerar o processo de desalavancagem e abrir espaço para entrada de novos projetos, uma vez que quando adquiridos, os novos projetos demoram cerca de 3/4 anos para começarem à gerar receita. Enquanto isso não acontece, a companhia anunciou novo pagamento de dividendos, no valor de R$1,14/unit, um dividend yield de 3,2% (data ex: 16/5). Dito isso, pelas nossas estimativas, com a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 7,7% em termos reais, contra 5,89% das NTN-Bs 2045, aos atuais níveis de preço não vemos razões para uma recomendação mais agressiva ao papel, reiterando nossa recomendação de MANTER.

    Detalhamento dos resultados

    A empresa reportou uma receita líquida regulatória de R$592 milhões no trimestre, aumento anual de 6,1%. Para além do reajuste inflacionário do ciclo RAP 2022-2023, o aumento é devido a entrada operacional de Saíra e Sant’Ana. É válido lembrar que as linhas ajustadas pelo IPCA tiveram reajuste de +3,94%, enquanto as linhas reajustadas pelo IGPM apresentaram reajuste negativo de -4,50%, pressionando a receita para baixo.

    Com relação aos custos e despesas, houve um aumento de 15%, totalizando R$107 milhões, explicado pelo reajuste salarial, aumento do quadro de funcionários e aumento de serviços de terceiros. O resultado financeiro totalizou menos R$196 milhões, 20% acima da comparação anual, explicado pelo aumento dos juros incorridos no período devido ao maior volume de dívidas.

    A dívida bruta da companhia totalizou R$9.835 milhões, 3,1% maior que o trimestre anterior. O caixa da companhia ficou em R$1.317 milhões, resultando em uma dívida líquida de R$8.517 milhões, 3,8% maior que o 3T23. Assim, a Taesa fecha o trimestre com uma relação dívida líquida/EBITDA de 3,7x, igual ao trimestre anterior e a maior dentre os pares.

    Por fim, o lucro líquido registrado foi de R$301 milhões, redução de 22% com relação ao 4T22. Ressaltamos que não achamos o resultado negativo, apenas que a empresa se encontra precificada e, sem justificativas para negociar acima de seu valor justo.

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