Expectativa de resultados
A TIM indica resultados positivos sobretudo na parte móvel com um aumento da base de clientes e a maior adesão aos serviços pós. A parte fixa não deve sofrer grandes mudanças devido à transição da venda de parte da FiberCo para IHS e o fato da empresa não ter adentrado em outros municípios para expansão da fibra.
A Vivo segue o mesmo comportamento no móvel, porém tendo adições líquidas positivas tanto no pré quanto no pós. Na parte fixa, o principal crescimento da receita será a partir do FTTH, que deve ser acompanhado do aumento da base de clientes nos dados divulgados pela Anatel.
Para ambas, os custos tendem a sentir um impacto da situação macroeconômica, mas ainda possibilitando ganhos de margem EBITDA frente ao trimestre passado. Vale ressaltar que elas também vêm se posicionando para os principais eventos de curto prazo que podem gerar muito, dentre eles o leilão do 5G no começo de novembro e o caso da venda dos ativos móveis de Oi, que se encontra sob análise do Cade.
TIM (TIMS3)
Quando voltamos nossa atenção à TIM, o primeiro segmento que nos vem em mente é o de serviços móveis. Estando dentre as 3 grandes nesse ramo no Brasil com 20,9% do marketshare em julho de 2021 (atrás apenas da Vivo e Claro), a parte móvel representa a maior parte da receita da empresa e, no 2T21 gerou mais de R$ 3,9 b, o que correspondeu a 90,4% do total.
No gráfico abaixo, podemos observar a distribuição dos clientes para as principais companhias e, ao compararmos os últimos dados divulgados pela Anatel em julho com os de junho, notamos um aumento no número de clientes da TIM no segmento móvel, explicado majoritariamente pelos movimentos de retomada econômica enquanto houve o avanço da vacinação pelo Brasil.
Serviços Móveis. Responsável por 90,4% da receita da companhia, ela vem seguindo a tendência de redução da base de clientes nos planos pré-pagos vistos nos trimestres anteriores tendo em vista o cenário de retomada econômica e consequente migração para o pós. Dessa forma, espera-se que o número de adições líquidas (número de pessoas que aderem ao plano subtraídas das que saem) ainda seja negativo, porém com um ritmo menor devido à alta da inflação. Em compensação, o número de clientes no pós continua a crescer propulsionado pela entrada dos antigos clientes do pré ao mesmo tempo que a adesão a novos programas conjuntos se tornam mais atrativos.
Ainda na receita móvel, há a parte de Plataforma de Clientes que se relaciona com publicidades móveis e algumas parcerias da TIM com outras empresas. Por exemplo, junto ao setor financeiro através do banco C6 e ao setor de educação utilizando-se da modalidade EAD com a plataforma Ampli do grupo Cogna. Tais segmentos continuam em expansão e são favorecidos pela grande base de clientes da TIM. No momento, sua participação é de menos de 1% da receita móvel e ainda no 3T21 sua representatividade não será significativa, porém vale ressaltar que é uma das grandes apostas da TIM no futuro. A expectativa para o 3T21 de receita móvel é de R$ 4,1 b.
Serviços Fixos. Representando 6,4% da receita total, a parte de serviços fixos, sobretudo em banda larga, possui um preço médio relativamente mais alto considerando o padrão populacional e, assim, acaba tendo maiores pressões diante do cenário macroeconômico. Dessa forma, um crescimento menor no 3T21 frente aos resultados passados não seria surpreendente. Ao mesmo tempo, observamos a transição da venda de 51% da FiberCo com a IHS, retardando a expansão da parte fibra e, portanto, sem grandes mudanças significativas na base de clientes da TIM Live. A expectativa de receita dos serviços fixos é de R$ 0,29 b.
Receita de aparelhos. Tendo em vista que ela representa 3,2% da receita total, é esperado que haja uma redução nesse percentual visto que estamos em um período de falta de chips devido à escassez de silício, matéria-prima fundamental de produtos eletrônicos. A expectativa de receita de aparelhos é de R$ 0,13 b.
Custos. Não devem haver surpresas, a expectativa é de que acompanhe o crescimento da receita, porém num ritmo mais lento, permitindo um ganho de margem EBITDA usufruindo dos efeitos de escala (haja visto um custo mais baixo frente à receita produzida na parte móvel).
Resumo da obra. A expectativa é de um aumento de receita frente ao 2T21 impulsionada pelos serviços móveis sobretudo na parte pós enquanto os serviços fixos devem apresentar leve crescimento. Já a receita de aparelhos não deve cair de maneira brusca. Os custos devem crescer em ritmo menor que a receita, permitindo ganhos de margem EBITDA. Os números indicam que o resultado será positivo em conjunto com a retomada econômica.
Vivo (VIVT3)
Voltando nosso olhar para a Vivo, é ela quem realmente domina o setor de telecomunicações. Conforme os dados de julho de 2021, ela conta com marketshares de 33,4% e 19,5% nos segmentos móvel e de fibra óptica no Brasil, sendo a líder em ambos os segmentos.
Serviços Móveis. Responsáveis por 65,6% da receita no 2T21, teve sua base de clientes crescendo tanto nos planos pré quanto nos pós pelo menos entre o período de junho a julho. Ao mesmo tempo, no final de junho, houve o aumento dos preços para os clientes do controle e pós-pagos puros, o que deve impactar positivamente a receita além da receita média por usuário (ARPU) dos serviços pós. Enquanto isso, nos pré-pagos, apesar do aumento da base de clientes pré, isso não necessariamente significa um aumento do ARPU, tendo em vista que os planos pré tendem a ser mais econômicos, mas a receita tende a subir, considerando a maior gama de usuários. Já a parte de aparelhos foi afetada de forma similar ao caso da TIM e, portanto, não esperamos um crescimento significativo neste segmento. A receita esperada nos serviços móveis é de R$ 7,2 b.
Serviços Fixos. Aqui a representatividade dos serviços fixos com relação ao total é de 23,1% (diferentemente da TIM que é de 6,4%) principalmente pelo fato de a Vivo possuir uma forte infraestrutura e rede de fibra óptica, visualizada, por exemplo, a partir dos dados de FTTH (Fiber-to-the-home) onde o crescimento tri a tri de receita é da ordem de 10%.
No 2T21 ela representou sozinha 43,1% da receita dos fixos e a tendência desse número é aumentar, visto que o interesse por uma tecnologia rápida e confiável se tornou algo mais do que necessário dado o contexto de pandemia onde as atividades via home-office e canais de entretenimento se tornaram mais e mais predominantes. Para evidenciar a adesão à fibra, nos dados abaixo vemos a entrada de cerca de 100 mil usuários aos serviços fibra da Vivo, ou seja, mantidos os números de adesões ao longo do trimestre. É como se a empresa trouxesse para dentro de si uma pequena provedora de internet (ISP). Portanto, a expectativa é de forte crescimento mantendo os patamares de crescimento dos trimestres anteriores.
A parcela restante dos fixos é composta por três segmentos: o primeiro se trata do FTTC (Fiber-to-the-curb), que tende a diminuir pela maior implementação dos serviços FTTH. O segundo, o IPTV (serviços de TV digitais) possui uma capacidade de expansão possibilitada pelos planos conjuntos aos serviços de fibra.
Por fim, o terceiro é a parte de dados corporativos e TI vinculadas ao serviço B2B. Este segmento hoje responde a 32,0% da receita fixa, porém existe um grande evento que pode destravar ainda mais valor: o 5G, pois através dele a gama de serviços relacionados ao B2B2C (Business-to-business-to-customers) se tornará ainda mais nítido. Mais explicações sobre como o 5G impacta as empresas podem ser vistos no relatório sobre o 5G aqui. Por fim, a receita esperada dos serviços fixos é de R$ 2,6 b englobando todos os 4 pilares dos fixos.
Receita non-core: a receita que correspondeu no 2T21 a 11,2% do total, representa os serviços de cobre, voz fixa, xDSL e DTH, por exemplo. Com a chegada das novas tecnologias, esses serviços se tornaram desnecessários ou obsoletos, não sendo o foco da empresa e, dessa forma, apresenta uma tendência de redução da participação dessas atividades na receita (cerca de -7% t.t).
Custos. Assim como o da TIM, deve acompanhar a receita, porém num ritmo mais leve aproveitando seus efeitos de escala. Com a situação macroeconômica, o custo da energia e a inflação podem impactar negativamente as despesas gerais, mas não de maneira expressiva, também possibilitando ganhos de margem EBITDA.
Resumo da obra. A Vivo continua a crescer em receita nos seus dois core business, sobretudo nos serviços móveis com o aumento da base de clientes nos dois segmentos com especial destaque para o pós-pago. No fixo, o ramo FTTH continuará a crescer, evidenciado pelo aumento da base de clientes. Ao mesmo tempo, há um grande potencial do ramo B2B (Business-to-business) vinculado aos serviços 5G e às demandas futuras.