A TIM irá divulgar seu resultado do 1T23 no dia 08/05/2023, depois do fechamento do mercado. Nossa expectativa é de que o trimestre seja sólido porém com sinais de desaceleração, sentindo uma leve queda t/t mas uma alta a/a, com a base de clientes continuando a sofrer reflexos da parte adquirida junto a Oi Móvel. Além disso, o 1T23 será o primeiro trimestre com base de comparação anual justa com relação a fibra, contando com a mudança no modelo negócio após a venda da I-System, que acabou trocando CAPEX de expansão por OPEX.
Principais Destaques
(i) Esperamos acessos em queda, com reclassificação no plano de parte dos clientes da Oi; (ii) TIM Ultrafibra crescendo em FTTH em detrimento de FTTC; (iii) Projetamos ARPUs em ligeira alta; (iv) Receita deve vir acelerada a/a, mas com retração t/t; (v) Pressão nos custos é o novo normal; (vi) Devemos ver EBITDA levemente mais fraco; (vii) Lucro líquido deve seguir queda do top line.
Prévia 1T23
Esperamos acessos em queda, com reclassificação no plano de parte dos clientes da Oi. Com os dados reportados pela Anatel sobre a quantidade de acessos móveis no 1T23, vemos que a TIM fechou o trimestre com 61,7m, uma queda de -1,2% t/t, apesar da alta de +18,0% a/a. Nossa expectativa é de que seja reportado acessos pós-pagos em queda, com os pré-pagos em alta, em decorrência de uma reclassificação de clientes adquiridos da Oi Móvel, na qual eram classificados pela Oi como clientes pós-pagos, mas na visão da TIM pertencem aos planos pré-pago híbridos (Plano Controle).
Sendo assim, temos na subdivisão uma adição líquida no segmento pré-pago de 413k de usuários no 1T23, enquanto o segmento pós-pago projetamos uma queda de -1.117k. Consolidando assim, uma base de clientes de 35,6m Genial Est. no plano pré (+1,2% t/t; +22,6% a/a), e uma base de 26,0m Genial Est. no Pós (-4,3% t/t; +12,3% a/a).
TIM Ultrafibra crescendo em FTTH em detrimento de FTTC. Mantendo a dinâmica vista no mercado de banda larga, a tecnologia mais atualizada e mais rápida deve continuar aumentando acessos, chegando a 584m Genial Est. no 1T23 (+6,4% t/t; +33,5% a/a). Na outra ponta, o FTTC, deve continuar caindo, com uma expectativa para perder -12,1% t/t e chegando nas nossas estimativas em 147m. Ainda assim, os acessos totais da TIM Ultrafibra devem crescer, já que os dados reportados pela Anatel mostram que a alta do FTTH mais que compensa a perda do FTTC, com 732m no final do 1T23 (+2,2% t/t; +6,2% a/a).
Projetamos ARPUs em ligeira alta. Nossa expectativa é uma leve alta para todo os ARPUs da Companhia, com a parte móvel chegando em ARPU de R$27,1 Genial Est. (+1,0% t/t), puxada por aumentos no ARPU Pré-pago de +2,1% t/t para R$14,0 e +2,1% t/t no ARPU Pós-pago.
Apesar de não causar efeitos no ARPU Móvel consolidado, esperamos que a reclassificação de parte da base de clientes vindos da Oi Móvel, com a realização do downgrade do plano Pós para o Pré, deve trazer um ARPU mais limpo para o plano Pós-pago, com a exclusão de uma parte representativa de clientes que estavam jogando o ARPU do segmento para baixo. Logo, também esperamos que o mesmo efeito seja responsável por uma leve alta no ARPU do Pré-pago, ao incluir uma parte com ticket médio relativamente mais alta, justamente por serem clientes de um plano híbrido.
Além disso, não vimos reajustes de preços relevantes durante o trimestre, de forma que os mesmos devem ser efetuados no 2T23 e agregar em seu resultado. Dessa forma, também podemos esperar reajustes da base de clientes da Oi, que chegaram no 2T22 e possuem um contrato de não reajuste por 1 ano, com esse prazo chegando ao final no 2T23.
Com a tendência da troca de FTTC por FTTH, o ARPU do TIM Ultrafibra deve continuar apresentando incrementos pequenos, já que congruente com a melhora na velocidade e estabilidade da conexão de internet, observamos um serviço premium e mais caro, que em nossa projeção deve chegar a R$95,4 Genial Est., uma alta muito leve de +0,4% t/t e +4,3% a/a.
Receita deve vir acelerada a/a, mas com retração t/t. Em uma suave desaceleração típica dos 1Ts, esperamos uma receita líquida reportada em leve queda, chegando a R$5,5b Genial Est. (-5,3% t/t; +17,7% a/a), sendo influenciada por uma pequena retração na receita de serviço móvel, seu negócio mais representativo, que deve bater R$5,0b Genial Est., caindo -4,7% t/t por uma suave perda na base de clientes, mas que ainda alcançaria uma alta de +17,9% a/a, estimulada pela aquisição de parte da Oi Móvel.
No lado do serviço fixo, esperamos uma receita flat, com incrementos de FTTH sendo compensados pelas perdas no FTTC, para chegar em uma receita dentro do TIM Ultrafibra parecida com o 4T22, batendo R$207m Genial Est. (-0,1% t/t; +8,2% a/a). Logo, projetamos uma receita de R$321m Genial Est. para o serviço fixo, com um crescimento +8,1% a/a, mas andando de lado na base trimestral.
Já na venda de aparelhos, apesar de esperarmos uma desaceleração t/t de -24,0% por conta de uma sazonalidade forte comum a 4Ts em decorrência de eventos de finais de ano que estimulam o varejo, ainda estimamos uma crescente a/a no patamar de +30,1%. Acreditamos que a operação foi puxada por maior share de produtos premiums, principalmente relacionados a aparelhos da Apple, além da inflação, que continua a fazer efeito e ajuda o repasse de preço dos produtos; sendo assim, esperamos uma receita líquida de R$187m Genial Est. no 1T23 para a unidade.
Pressão nos custos é o novo normal. Desde a venda do controle da I-Systems, sua empresa de internet de fibra, para a IHS, a TIM acabou por adicionar um custo fixo em sua operação, voltada para o aluguel da rede neutra, na qual deve se manter. O contrapasso, é a redução do nível de CAPEX para a expansão no alcance da TIM Ultrafibra, que teria que aportar caso não tivesse vendido o controle. Em tese, o efeito tenderia a ser neutro no seu fluxo de caixa, na pior das hipóteses, porém nossa avaliação é de que já há um aumento significativo nos custos, trazendo apenas o lado negativo no curto prazo, sem a contrapartida que gostaríamos de ver no CAPEX.
Ainda seguindo a expansão de OPEX, alguns custos nos parecem que estão atrelados aos ativos da Oi Móvel junto com a sua base de clientes. Vemos então que alguns ainda devem se manter, mas com uma visão de suavização ao longo do tempo. Um exemplo que ressaltamos é a PPD, na qual a TIM mantém uma boa gestão de crédito, fazendo com que tenhamos uma visão de melhora da linha, mas que na comparação a/a ainda deve vir em alta, com um patamar parecido desde o 2T22, pós consolidação da operadora adquirida, que veio com clientes mais propensos a não pagarem do que se comparados aos clientes originados pela própria TIM.
Dessa forma, nossa expectativa é de que os custos da TIM venham em -R$2,9b Genial Est., apresentando uma estabilidade t/t, porém uma aceleração de +12,7% a/a, sem grandes perspectivas de melhoras no curto prazo, visto a mudança no business model.
Devemos ver EBITDA levemente mais fraco. A partir de uma receita líquida com uma expectativa de queda, somada a uma manutenção nos custos, esperamos um EBITDA em retração t/t, mas que ainda deve demonstrar uma alta significativa a/a, principalmente por conta da aquisição da Oi Móvel, que mesmo trazendo custos e despesas, conseguiu criar uma elevação de receita que fizeram compensar o M&A em termos absolutos.
A nossa projeção aponta para um EBITDA de R$2,6b Genial Est. (-10,3% t/t), com uma margem EBITDA de 47,3%, caindo -2,63p.p. Na comparação anual, projetamos uma alta de +23,8% no EBITDA com uma margem subindo +2,35p.p, o que pode concretizar o 1T23 como um dos poucos trimestres que observaremos a margem subir a/a, justamente porque, até então, não havíamos encontrado sinais de melhora pós M&A em termos relativos.
Lucro líquido deve seguir queda do top line. Com uma projeção para um resultado financeiro de -R$344m, ainda vemos uma alavancagem mais alta do que a média histórica penalizando o resultado operacional com altas despesas financeiras, chegando em um lucro líquido de R$332m Genial Est., contraindo -43,7% t/t e -20,7% a/a.
A queda no curto prazo é justificada por uma expectativa de leve retração na receita, enquanto os custos devem se manter em patamar parecido. Em um olhar com um timeframe maior, vemos que desde a aquisição da Oi, mesmo com um EBITDA nominalmente subindo, a (i) depreciação aumentando por uma maior quantidade ativos fragilizados adquiridos, e um (ii) resultado financeiro com maiores juros sobre sua dívida, atrapalharam a formação de lucro líquido, fazendo com que nossa expectativa seja de uma queda a/a, com uma margem líquida em 6,0%, menor em -4,08p.p t/t e -2,89p.p a/a.
Nossa visão e recomendação
Nossa expectativa é de que o 1T23 seja a continuação do que foi visto nos últimos trimestres, caminhando em busca de sinergias após a aquisição da Oi Móvel, a partir de uma gestão ativa da base de clientes e sua classificação, com seus respectivos custos implícitos.
No curto prazo, enxergamos que a TIM deve apresentar resultados sólidos, mas ainda impactados pela sua alavancagem de 1,4x Dív. Líquida/EBITDA no fim do 4T22, que deve permanecer em patamares parecidos para o 1T23, com o arrefecimento um poco mais significativo só vindo lá para o final do ano e o retorno para médio histórica ficando apenas para 2024.
Cabo de guerra. Olhando para frente, colocamos grande peso no nosso viés para a Companhia em relação a sua capacidade de fazer upsell na sua base de clientes móvel, principalmente considerando os reajustes da base da Oi podem agregar. Porém, ainda vemos a TIM um passo atrás da Vivo na capacidade de transitar clientes de planos Pré-pagos para planos pós.
Considerando que os contratos vindos da Oi móvel poderão estar sujeitos reajustes a partir do 2T23, enxergamos que existe um catalizador de custo prazo para destravar valor, ao passo que uma frustação caso não ocorra, pode piorar a expectativa do aumento no ARPU de sua base daqui para frente.
Além disso, temos o reajuste da sua base orgânica, que começou a partir de abril, com um aumento de R$3 a R$6 para os planos controle, com os Pós-pago entre R$15 a R$30 a depender do pacote. Dessa forma, enxergamos como positivo o reajuste, que se não resultar em um grande aumento de cancelamentos, resultam em um leve aumento de upside nas nossas contas, mesmo com uma manutenção de custos ainda fortes.
Dessa forma, acreditamos que os maiores investimentos aliados a uma alavancagem menor, continuam a puxar a geração de caixa para baixo. Entretanto, vemos que os reajustes, tanto da base própria quanto o tão aguardado reajuste da base vindo da Oi Móvel podem promover maior ganho de margem e criar uma elevação no caixa. Vemos então um efeito no curto prazo como dois vetores fazendo forças em direções opostas, semelhante a um cabo de guerra.
Acreditamos que dentre os próximos trimestres os reajustes podem falar mais alto para os investidores em termos de triggers para o papel, uma vez que a alavancagem mais alta e um maior nível de CAPEX já parecem ter feito preço. Sendo assim, ainda enxergamos a TIM relativamente descontada, negociando a um EV/EBITDA de 4x em 23E, mantemos nossa recomendação de COMPRAR, elevando o Target Price para R$16,00 vs. R$15,50 anteriormente, o que implica em um upside atual de +15,94%