Os principais pontos a serem destacados foram: 1) o crescimento de receita puxado sobretudo pelos serviços móveis, já incorporando parte da nova base da Oi Móvel; 2) expansão dos custos em ritmo inferior à da receita, impactada pelas pressões inflacionárias, maiores gastos com rede, propaganda e marketing e as questões envolvendo a Oi Móvel. Porém, como parte dos custos adicionais se tratam de questões pontuais, acreditamos que quando as sinergias se fizerem presentes, a empresa apresentará números mais robustos. A julgar pelo contexto, avaliamos o observado no trimestre como algo positivo.
Detalhamento Operacional
Receita
A receita total da companhia foi de R$ 5,4b (+13,6% t/t e +21,8% a/a), mais uma vez puxada pelos números dos serviços móveis como explicaremos a seguir. Nas nossas análises, não consideramos o impacto dos ativos móveis da Oi dentro da receita proveniente de um crescimento inorgânico.
Serviços Móveis. A receita do móvel totalizou R$ 4,9b (+14,3% t/t e +23,0% a/a) ou R$ 4,5b (+4,8% t/t e +12,8% a/a) ex-Oi, resultado sobretudo de 1) reajustes de preços tanto no pré (alteração do valor de recarga mínima, por exemplo) quanto no pós (este com um aumento de cerca de +10%) e 2) inclusão das receitas provenientes da inclusão das receitas da aquisição dos ativos móveis da Oi. Dessa forma, o churn também foi mais elevado, mas isso não necessariamente é algo negativo, pois segue a estratégia da companhia de manter uma base de mais alto valor: “value over volume“.
Serviços Fixos. Desse lado, houve um leve crescimento atingindo os R$ 303m (+2,0% t/t e +7,1% a/a), refletindo a expansão mais significativa do FTTH, que somou R$ 167m (+2,8% t/t e +10,0 a/a).
Venda de aparelhos. Esse segmento atingiu R$ 167m (+16,0% t/t e +18,3% a/a), refletindo um aumento das vendas de aparelhos com tickets mais elevados.
Outro ponto de destaque se refere aos auxílios e benefícios governamentais que compensam um ambiente macroeconômico mais desafiador.
Custos
Os custos totais da companhia foram de R$ -2,9b (+10,7% t/t e +25,0% a/a), sendo resultado sobretudo de um impacto inflacionário mais forte, mas também vinculado aos custos adicionais provenientes da parte burocrática referente à transição da Oi (impacto de 2 meses do Temporary Service Agreement – TSA), bem como o processo de migração de rede e clientes da Oi.
Outro ponto importante a ser mencionado é a incorporação integral dos impactos do aluguel de rede I-Systems, o que já é sentido na linha de Rede e Interconexão – que somou R$ -942m (+5,4% t/t e +37,5% a/a) – desde o começo do ano.
Por fim, a linha de Comercialização foi significativamente afetada totalizando R$ -1,0b (+26,4% t/t e +37,8% a/a), sendo importante de se mencionar os maiores gastos com propagandas e publicidades de modo geral, sobretudo com a aquisição da Oi Móvel e do lançamento do 5G, o aumento das despesas com Fistel decorrente da adição da Oi Móvel, aos maiores gastos vinculados à administração da base de clientes e aos 2 meses de custos do TSA com a Oi (R$ 49m).
EBITDA
Com um crescimento inferior dos custos frente à receita, a empresa apresentou um EBITDA de R$ 2,5b (+17,1% t/t e +18,3% a/a), expandindo no tri a margem EBITDA, que atingiu 46,3% (+1,4 pp t/t e -1,4 pp a/a).
Lucro Líquido
Apesar da companhia apresentar um EBITDA maior, a depreciação superior causada pela adesão dos ativos móveis da Oi na base (por exemplo, +7,2k sites e +49 MHz de espectro) acaba gerando um EBIT de R$ 797m (+10,0% t/t e +17,6% a/a).
O resultado financeiro da companhia foi de R$ -439m (+77,0% t/t e +1109,9% a/a), afetado sobretudo pela aquisição dos ativos móveis da Oi e pela piora dos indicadores macroeconômicos. Isso é reflexo de um maior volume de juros sobre leases (devido aos contratos de aluguel dos 7,2k sites recebidos) e do maior volume de juros sobre a dívida em função do aumento dos indexadores (Selic e IPCA). Isso sem contar a menor receita financeira devido à menor posição de caixa.
Com isso, a empresa reportou um lucro líquido de R$ 313m (-25,3% t/t e -54,1% a/a) com uma margem líquida de 5,8% (-3,0 pp t/t e -9,6 pp a/a), sendo impactado, por exemplo, pela declaração de JCP (R$ 270m), o que reduz a base tributária gerando uma alíquota de imposto efetiva inferior, permitindo lucros maiores à companhia.
Dívidas
A Dívida Total da empresa fechou o trimestre em um valor de R$ 18,1b, o que significa um aumento de R$ 5,8b na comparação anual (+47,3%). Esse aumento expressivo já era esperado e incluem:
- Novo empréstimo “4131” (em moeda estrangeira) com o Scotiabank, o qual totalizou um valor de R$ 1,0b a ser pago no prazo de 1,6 anos.
- Reconhecimento de arrendamentos financeiros (“leases”) após o fechamento da aquisição dos ativos móveis da Oi, somando um valor de R$ 2,9b.
Assim, a Dívida Líquida Total da empresa totalizou R$ 15,9b com Dívida Líquida/EBITDA de 1,7x frente ao valor de 0,7x apresentado no trimestre passado. Além disso, vale ressaltar que, com o aumento do CDI, houve um aumento do custo da dívida que hoje se encontra em um patamar de 13,3% a.a. no trimestre (ou seja, 106,2% do CDI).
Desembolsos de Caixa
Obrigações do Leilão 5G
A empresa realizou o pagamento da 2a parcela da EAF, cerca de R$ 1,1b e da primeira parcela de EACE, de aproximadamente R$ 137m, sendo parte das obrigações vinculadas à compra da licença de 3,5 GHz do leilão do 5G.
Desembolsos de caixa para Oi Móvel
A empresa realizou o pagamento de R$ 6,4b para aquisição da SPE Cozani, além das despesas com TSA que totalizou R$ 251m.