Seguimos com a recomendação de MANTER em TRPL4. A empresa reportou números ligeiramente acima das nossas estimativas, mas abaixo do consenso. A empresa teve um crescimento de receita de 24,7% em relação ao 2T23, mas também acompanhado por um aumento significativo dos custos e despesas operacionais, com aumento de 12,9% a/a. Além dos dados financeiros, destacamos os significativos investimentos em melhorias e reforços na estrutura (R&M), que futuramente comporão a Receita Anual Permitida (RAP), sendo o principal diferencial da companhia para as outras empresas do setor, totalizando R$340 milhões no 2T24.
Outro ponto a destacar diz respeito aos valores do ciclo RAP 24/25, que apesar de não influenciarem o resultado desse trimestre, terão impacto nos trimestres decorrentes. Esse reajuste de RAP em específico contou com uma RTP (revisão tarifária periódica), que tem por objetivo manter o equilíbrio econômico-financeiro das concessões. Decorrente desse processo, a RAP da companhia passou de R$5.2 bilhões em 23/24 para R$4.9 bilhões em 24/25, redução de R$278 milhões (4,5%). Esse decréscimo é decorrente principalmente da reavaliação do valor justo do componente econômico do RSBE, que é uma receita que a ISA CTEEP tem direito devido a possuir ativos de transmissão que já estavam em operação antes da privatização das empresas do setor elétrico. Apesar de ser um valor relativamente expressivo, acreditamos não ser suficiente para atrapalhar os planos de investimentos e expansão da companhia.
Como salientamos em nosso mais recente relatório de atualização de estimativas (para saber mais, clique aqui) a Isa Cteep esta prestes a entrar em uma fase de construção de novos projetos, com investimentos previstos na casa de R$7.1 bilhões (excluindo investimentos R&M), o que é muito positivo para a empresa, mas que no curto prazo afetará a distribuição de dividendos devido a maior necessidade de geração de caixa. Reforçado pela administração, devido a esse volume de investimentos previstos pela frente, os dividendos deverão ser mantidos ao nível mínimo estipulado pela política de distribuição de lucros da empresa, sendo nossa estimativa de 8,1% de dividend yield para 2024.
Apesar de a ISA CTEEP continuar a ser uma empresa de execução e operacional formidável, mesmo após a forte pressão vendedora que o papel sofreu devido a venda pela Eletrobras de sua participação na Isa Cteep, o que derrubou as ações em cerca de 10%, ainda vemos a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 8,6% (vs. Rendimentos NTN-Bs 2045 de 6,33%), e assim não vemos espaço para uma recomendação mais agressiva para o papel e, com isso, reiteramos nossa recomendação de manter.
Detalhamento do Resultados
Iniciando pela receita líquida, a ISA reportou R$1.124 milhões no 2T24, um aumento de 24% frente a 2T23. Principais motivos para tal evolução foi o aumento de recursos advindos do RBSE e a energização de 3 projetos greenfield entre os períodos.
O PMSO gerenciável, foi de R$ 190 milhões, um aumento de 13% frente a 2T24. Principal motivo para o crescimento foi a energização dos três projetos mencionados acima, que por sua vez levaram a empresa a ter que aumentar seu quadro de funcionários e de serviços para manutenção de subestações e linhas de transmissão, além do aumento de gastos com IPTU e seguros. Adicionando os custos não gerenciáveis, a empresa reportou um EBITDA de R$ 891 milhões no 2T24, aumento de 29% frente a 2T23.
O resultado financeiro da empresa foi de negativos R$240 milhões no trimestre vs R$257 milhões no 2T23, redução de 6,9%, explicado pelo maior volume de aplicações financeiras e pelo menor volume de juros da dívida, graças a redução da taxa SELIC. Sem maiores surpresas nas demais linhas, a empresa obteve um lucro líquido de R$ 425 milhões no 2T24, aumento de 62,9%.
Destaca-se aqui, os investimentos da companhia em Reforços & Melhorias (“R&M”) no 2T24 foi de R$340 milhões (vs R$274 milhões no 2T23), prova de que a companhia está empenhada em atingir a meta de R$5 bilhões em investimentos até 2028. R&M são investimentos autorizados pela ANEEL que a ISA CTEEP tem o direito de realizar em suas operações e adicionando uma receita pré-estabelecida (~10% à 12% do montante total) em sua RAP sem a necessidade de participação em leilão – ou seja, um diferencial competitivo muito interessante em um momento marcado por grande competição nos leilões públicos da ANEEL.