Seguimos com a recomendação de COMPRAR em ISAE4. A companhia reportou um resultado final impactado por despesas financeiras maiores do que o esperado (+14% em relação ao consenso). Ainda assim, destacamos que a operação da companhia apresenta uma continuidade, embora sem maiores novidades ou incrementos na receita (operacionalmente em linha com o mercado). A Isa Energia continua na trajetória de investimentos, estratégia já fortemente adotada desde 2021.
Dessa forma, já era esperado o aumento na Dívida Líquida/EBITDA, chegando ao patamar de 3,16x. Vale destacar ainda que a companhia já se antecipou para evitar a possibilidade de descumprimento dos covenants financeiros ao final do ano. Os covenants indicam que a alavancagem deve ser igual ou menor a 3,0x Dívida Líquida EBITDA, anualmente com base nos resultados do quatro trimestre. Dessa forma, as tratativas para obtenção de um waiver já foram iniciadas com o BNDES.
Acreditamos que esse deverá ser um dos pontos principais a serem gerenciados pela companhia durante o ano em sua estratégia de crescimento e investimentos. Vemos a ISAE4 negociar a uma TIR implícita de 12% em termos reais (vs. NTN-B 2050 com rendimento implicito de ~7%).
Detalhamento do Resultados
A ISA Energia reportou receita líquida de R$1,1 bilhões no 1T25, +2,1% a/a. Os destaques foram: (i) efeitos da revisão tarifária periódica (RTP) e incorporação da RAP dos projetos energizados nos últimos 12 meses na Concessão Paulista, (ii) atualização da RAP pelo IPCA (+3,93%), (iii) contratos licitados que tiveram reajuste tarifário pelo IPCA e energização do projeto Minuano no 4T24 e (iv) parcelas de ajuste (PA) e antecipações.
No lado dos custos e despesas, o PMSO gerenciável foi em linha a/a, fechando o trimestre em -R$177,7 milhões. A linha de pessoal teve custos maiores em +9,8% t/t, dado (i) acordos coletivos assinados no ano passado, (ii) despesas com indenizações e (iii) maiores custos com plano de saúde. Efeitos parcialmente compensados pela maior capitalização de horas do quadro técnico. Serviços apresentaram uma queda de -8,2% a/a, dadas menores despesas com (i) serviços de conservação, (ii) regularizações de posse. A linha de outros, também apresentou importante redução de -22,8%, apresentando menores custos com aluguel de veículos e licenças de softwares. Com isso, O EBITDA regulatório foi de R$923,3 milhões, +2,9% a/a.
O resultado financeiro foi de -R$351,4 impactado por um aumento nas despesas financeiras, chegando a um valor +39,2% maior a/a. Esse valor negativo foi majoritariamente impactado por maiores juros e encargos sobre empréstimos, devido ao aumento de dívida bruta (+44,2% a/a), com as 3 recentes emissões realizadas pela companhia. A variação monetária também contribuiu para o impacto na despesa financeira, com maior volume de dívidas indexadas ao IPCA, índice que avançou +2,0% (vs. 1,8% em 1T24). Adicionalmente, maiores gastos com IOF e PIS/Confins também tiveram contribuição no aumento da despesa financeira no trimestre. Dessa forma, o Lucro Líquido Regulatório foi de R$337,4 milhões (-17,6% a/a).
A companhia também realizou R$1,1 bilhão em investimentos no 1T25, representando um aumento de +32,7% a/a. Essa variação está atrelada aos investimentos realizados pela Isa Energia em projetos greenfield. Destacam-se os projetos Piraquê (R$537,3 milhões) e Riacho Grande (R$158,6 milhões), respectivamente. Além disso, houveram R$306 milhões destinados a R&M (Reforços e Melhorias). A companhia substituiu 268 equipamentos. Estratégia em linha com a trajetória da companhia em investimentos nessa segmentação (CAGR 2021-2024 de 55,1%).