Conclusão
Mantemos recomendação de COMPRA para ISAE4. Apesar da contração da receita regulatória no trimestre, a companhia apresentou lucro líquido recorde no consolidado (+27,4% a/a), impulsionado por efeitos pontuais positivos em “outras receitas operacionais” e pelo controle rigoroso de custos e PMSO – uma vez mais evoluindo abaixo da inflação acumulada. Outros destaques positivos do trimestre, citamos I) a evolução dos investimentos, que alcançou R$1,2 bilhões – valendo lembrar que a empresa está dentro de um grande ciclo de investimentos, II) pagamento de proventos expressivos via JSCP, III) endividamento maior, mas ainda sobre controle tendo em vista as características do setor de transmissão (TAESA opera com uma relação dívida líquida/EBITDA >4x). No geral, temos uma leitura construtiva do trimestre tendo em vista o bom controle de custos, execução do plano de investimentos e distribuição de proventos para os acionistas.
Resultado 3T25
A receita líquida consolidada totalizou R$1,1 bilhão no 3T25, queda de -9,1% a/a (redução c. R$100 milhões a/a). O resultado foi pressionado principalmente por: I) a redução do componente financeiro da RBSE, após decisão da diretoria da ANEEL em junho de 2025 (chegamos a escrever um relatório sobre esse tema, ISAE & ELET3 | O fim de uma longa disputa! – impacto negativo, mas marginal!), II) a ausência das PAs positivas registradas no 3T24 (ligadas à RTP 2023 da Concessão Paulista, que trouxe um impacto positivo de R$66 milhões no 3T24), (III) o menor volume de antecipações relacionadas ao superávit de encargos do setor (-R$28,8 milhões), (IV) a mudança na contabilização da CDE, que deixou de transitar pelo resultado a partir de agosto/25 (efeito negativo de R$26,4 milhões no 3T25); e (V) o fim do recebimento retroativo da anuidade de melhorias do ciclo 2023/24 (-R$9,5 milhões). Do lado positivo, citamos I) o reajuste das RAPs da empresa pelo IPCA (+5,3% a/a), energização de projetos e RAP oriunda dos reforços e melhorias (R$229 milhões, +16,7% a/a; o que demonstra o potencial dessa linha de negócios para a empresa).
O PMSO gerenciável totalizou R$185,5 milhões, aumento de +2,4% a/a (abaixo da inflação acumulada do periodo de 5,2% a/a), refletindo: I) Pessoal: R$100,5 milhões (-2,3% a/a), com maiores provisões de participação nos resultados compensando o adiamento do acordo coletivo para o 4T25, II) Materiais: R$5,6 milhões (-23,2% a/a), com menores despesas de manutenção e combustíveis, III) Serviços: R$54,1 milhões (+3,4% a/a), puxados por gastos com conservação de faixas e TI e IV) Outros: R$25,4 milhões (+36,1% a/a), devido a maiores custos com IPTU, locação de veículos e softwares. A provisão atuarial do plano de previdência reduziu R$9,2 milhões (-82,8% a/a), sem impacto em caixa, beneficiada pelo aumento da taxa NTN-B utilizada no cálculo atuarial.
O EBITDA regulatório foi de R$888,5 milhões, queda de -7,3% a/a, mas com margem de 82,9% (+1,6 p.p. a/a). A retração decorre dos efeitos não recorrentes do 3T24 e da redução do componente financeiro do RBSE. Excluindo RBSE e ajustes não recorrentes, o EBITDA ajustado teria superado R$1,0 bilhão, mantendo a rentabilidade histórica da empresa. O EBITDA total (controladas + joint ventures) foi de R$1,08 bilhão (-3,7% a/a), impulsionado por crescimento de +17,3% nas controladas em conjunto.
O resultado financeiro foi de -R$293,1 milhões, um aumento de +42,3% a/a, explicado principalmente pelo aumento da dívida bruta (+28,4% vs set/24), após as 17ª a 19ª emissões de debêntures e desembolsos BNDES e elevação do encargo com juros. A dívida líquida atingiu R$12,9 bilhões (+35,2% a/a), com custo médio de 13,3% a.a.. A alavancagem chegou a 3,4x Dívida Líquida/EBITDA, acima do covenant do BNDES (3,0x), mas dentro de patamares confortáveis para transmissoras de energia.
Investimentos. O CAPEX totalizou R$1,2 bilhão no trimestre (+38,9% a/a), sendo o maior da série histórica. Nesse trimestre, a empresa invedtou R$490 milhões em Reforços & Melhorias (R&M) e R$690 milhões em projetos greenfield (com destaque para o Serra Dourada (R$322 milhões RAP autorizada), que obteve Licença de Instalação do IBAMA em agosto/25. O portfólio autorizado pela ANEEL soma R$6,4 bilhões em RAP bruta para o ciclo 2025/26, com 44% ainda em construção, reforçando a robustez do pipeline de crescimento.
O Lucro Líquido Regulatório atingiu R$550 milhões no 3T25, alta expressiva de +27,4% a/a, refletindo a reversão de resultados não recorrentes negativos e melhor desempenho de controladas.
Em setembro, o Conselho aprovou JCP de R$444,7 milhões (R$0,675/ação), com yield de 2,7%. Os pagamentos foram parcelados em três tranches (30/10, 24/11 e 17/12).
Youtube! Recomendamos assistir o podcast que fizemos com o CEO da empresa (Rui Chammas) e a CFO da empresa (Silvia Wada) no 2T25. Em relação a questão do dividendo da empresa, recomendamos assistir o minuto 22:12 onde perguntamos sobre a expectativa de distribuição de dividendos da empresa (Pay-Out de 75% do Lucro Líquido Regulatório). Spoiler: não devem alterar o ritmo de pagamento de dividendos.

