Seguimos com a recomendação de MANTER nas açoes da TAESA (TAEE11). Apesar das perspectivas interessantes para o segmento de transmissão, seguimos neutros na tese da empresa – a empresa negocia em linha com nosso preço-alvo. Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando com uma TIR implícita real de 7,7% (vs 5,5% NTN-Bs em termos reais) e entregando um rendimento em dividendos de 11% em 2024 (ainda interessante, o que justificaria a manutenção do papel). Vale mencionar que caso os juros sigam em tendência de queda, as ações da empresa devem seguir com uma performance interessante tendo em vista o seu estoque de dívida e sua expressiva generosidade no que diz respeito a pagamento de dividendos como alternativa à Selic em queda.
Macroeconomia | Um dos painéis foi realizado com o sr. Mansueto de Almeida, Economista chefe do banco BTG Pactual. Dentre os principais pontos relacionados a macroeconomia e com influência direta na TAESA em termos fundamentais diz respeito as expectativas do economista aos índices inflacionários IPCA e IGPM (vale lembrar que c. 60% das RAP’s da TAESA são reajustadas pelo IGPM enquanto suas dívidas são indexadas ao IPCA). Essencialmente, o grande descompasso apresentado em 2021 entre ambos os índices (IPCA 10,06% vs IGPM 23,14%) aconteceu devido a grande exposição do IGPM ao dólar, que na época sofreu uma grande desvalorização, o que acabou por beneficiar a TAESA. A medida que o cenário base é de desinflação e de ancoragem no câmbio, a possibilidade desse cenário voltar a se repetir é muito remota.
Novos Projetos/Fundamentos da empresa | A empresa segue com os planos de seguir investindo apenas no segmento de geração e, por enquanto, apenas no Brasil. A leitura da empresa é que o processo de transição energética deve seguir dando a toada do fluxo de investimentos no segmento de transmissão no Brasil – vale lembrar que os investimentos devem se concentrar majoritariamente na região nordeste enquanto a grande sub-região consumidora é o sul/sudeste. Em relação aos projetos atualmente em desenvolvimento, a empresa espera que os mesmos devam entrar em operação com margens EBITDA acima de 90% (vs 87% nos números consolidados ao longo de 2023) e com alíquota efetiva de impostos corporativos consolidados de 15% (números mais otimistas que os nossos). Em relação ao leilão de dezembro/23, a empresa reafirmou a ideia de não participar do mesmo tendo em vista o tamanho dos lotes oferecidos e a tecnologia proposta nas linhas daquele leilão específico.
Endividamento/Dividendos | De acordo com a diretoria, a empresa pretende operar com um endividamento inferior a 4,0x Dívida Líquida/EBITDA (vs 3,7x Dívida Líquida/EBITDA no 3T23). Ou seja, se por um lado os dividendos devem permanecer em patamares similares ao que já vem sendo distribuídos, a impressão que resta é que a empresa deve ser mais seletiva na participação de leilões via lotes pequenos ou médios.
Reforços e Melhorias (R&M) | A empresa tem atualmente c. R$500 milhões de investimentos a serem realizados em reforços e melhorias em um cronograma de pouco mais de 2 anos (vs. R$5,5 bilhões em cinco anos pela ISA CTEEP, para fins de comparação). Além desse volume de investimentos já aprovados, a expectativa de investimentos anuais relacionadas a reforços deve ser de c. R$40 milhões. Vale mencionar que os R&M diz respeito a instalação, substituição ou reforma de equipamentos em instalações já existentes ou adequação delas com objetivo de aumento da capacidade de transmissão e confiabilidade do sistema integrado nacional. Achamos os R&Ms como uma fonte interessante de crescimento por trazer incrementos de receitas em termos interessantes (alta RAP vs Investimento necessário), com baixo risco de desenvolvimento e sem a necessidade de competição dos leilões.
Fusões e Aquisições | De acordo com o fluxo de notícias, diversos ativos do segmento de transmissão estariam disponíveis à aquisição. Citamos como exemplo os ativos de transmissão da Equatorial, Neonergia e a Sterlite. Ainda assim, a TAESA diz não estar interessada em aquisição de ativos já operacionais (ainda que isso já tenha sido feito no passado). De acordo com a diretoria, o objetivo é investir em projetos oferecidos em leilões e desenvolvê-los desde o princípio até a sua operação. Entretanto, foi mencionado a possibilidade de “descruzamento de ativos” (troca de participação minoritária que a empresa tem em um determinado ativo com outra empresa que detenha outra determinada participação de interesse em outro ativo) que a empresa tem em sociedade com outros players do setor (como a Alupar via TBE). O objetivo dessa medida é consolidar a maior quantidade de ativos, que deve ajudar a dar maior visibilidade na avaliação deles.