Consideramos o resultado neutro. Não fossem as melhoras operacionais implementadas nos últimos anos, o resultado teria sido bem pior. Os níveis de receita reportados vieram muito próximos das nossas expectativas, com um EBITDA ligeiramente superior, com 11% de margem vs 10,6% projetado por nós, porém a maior surpresa ocorreu no lucro líquido, 23% acima dos nossos números. A explicação para tal discrepância está nos efeitos cambiais sobre a base tributária, que geraram um efeito redutor de 32 p.p. alíquota efetiva de imposto da Companhia. O impacto positivo foi de R$ 49 milhões, sem efeito caixa (vs receita de R$ 10 milhões no 1T22). No consolidado os números também vieram em linha com as expectativas do mercado.
Na nossa visão, os pontos positivos do resultado foram margens operacionais melhores do que esperávamos por conta dos volumes menores. Em tese, os volumes menores nas operações Brasil significariam menor diluição de custos fixos, porém isso não ocorreu na intensidade imaginada. Mesmo com esse efeito e com a inclusão das operações da MWM, que apresentam margens inferiores às da Tupy, a empresas conseguiu manter o patamar de margem EBITDA do 4T22 ~11% vs 10,6% projetado por nós. No fim do dia, isso mostra que as sinergias seguem sendo capturadas e que os investimentos em modernização tem gerado resultados. Diferentemente do Brasil, observamos sólido desempenho de volumes na América do Norte e Europa, com crescimento de 7,6% e 13,6% de receita líquidas nessas regiões respectivamente.
Do lado negativo, a MWM apresentou nível de receita abaixo de 2021 (R$ 550 milhões no 1T23 vs R$ 672 milhões em média durante 2021). A queda já era esperada devido ao nível muito baixo de produção de caminhões no início de 2023, impacto pela entrada do Euro 6. Segundo dados da ANFAVEA, dos 28 mil caminhões vendidos no Brasil durante o 1T23, apenas 6,4% foram fabricados em 2023. Além disso, mesmo sabendo do efeito sazonal, destacamos que houve queima de caixa acima do esperado. O maior impacto negativo ocorreu devido o aumento das necessidades de capital de giro, com piora no ciclo de conversão de caixa no contas a pagar (redução dos prazos) e piora no contas a receber (aumento no prazo médio de recebimento).
Análise Quantitativa
A receita líquida reportada foi de R$ 2,8 bilhões, crescendo 18,6% com relação ao mesmo período no ano passado e 8,2% com relação ao trimestre anterior, ficando 1,9% acima das nossas estimativas e 3% abaixo das expectativas de mercado. O EBITDA ajustado somou R$ 315 milhões, sendo -4,7% menor que o 4T22 e 0,5% maior que o 1T22, ligeiramente acima das nossas estimativas e das do consenso de mercado. Por fim, o lucro líquido totalizou R$ 145 milhões, aumento de 96,3% a/a e 6,1% t/t impactado por eventos não-caixa e não recorrentes como mencionamos anteriormente. Não fossem esses efeitos, o número teria ficado 18,4% abaixo das nossas expectativas.