No dia 14 de maio, após o fechamento do mercado, a Tupy divulgará seus números referentes ao 1T24. Esperamos que a companhia apresente um trimestre neutro, com volumes de venda em queda tanto para o mercado externo quanto interno na comparação anual, parcialmente compensados por preços em alta. Como reflexo, esperamos um receita líquida de R$ 2,68 bilhões (-4,4% a/a e +2,3% t/t), com melhora de margem EBITDA, atingindo 11,3% (+0,3pp a/a e +1,1pp t/t).
Apesar do cenário positivo para leves e caminhões nos EUA, o segmento off-road no país mostra sinais de desaceleração e os volumes permanecem fracos na Europa. A Catterpillar, uma das principais fabricantes do segmento, reportou menores volume de vendas globais, porém com melhor realização de preço. O segmento de construção civil apresentou queda de 4,4% e enquanto o ligado a indústria extrativista apresentou 7% de queda nas vendas. Para Tupy, esses mercados concentram a maior parte da receita, o que índica um possível encolhimento dos resultados no exterior na comparação anual.
Já no mercado interno, observamos o segmento de máquinas agrícolas, com um dos principais detratores dos resultados. Nos últimos anos, o segmento foi um dos grandes vetores de crescimentos para off-road. Desde o meio do ano passado, temos observados quedas significativas devido a um agronegócio mais fraco. Por outro lado, os dados divulgados por Anfavea e Fenabrave indicam melhora nas vendas de caminhões, mas ainda um patamar abaixo do ideal.
Tendo em vista o trimestre neutro da companhia e a falta de gatilhos no curto prazo, mantemos nossa recomendação de MANTER, com preço-alvo de R$ 32,00
Mercado Externo: Off Roads devem ser a âncora
Analisando os dados divulgados pelas entidades, vemos sinais negativos para o volume de vendas no mercado externo, destacando uma redução significativa na venda de veículos Off Road na comparação anual (-18,4%). Esse cenário reflete justamente o patamar alto de juros globais, que afetada principalmente os investimentos em infraestrutura e construção civil. Apesar das vendas maiores de veículos leves e pesados nos EUA se sobressaírem sobre a queda na Europa, ainda projetamos de uma queda anual de 5,9% das receitas no mercado externo da Tupy.
Do lado positivo, vimos nos dados referentes a renovação da frota americana, divulgada pela BEA, volumes consistentes tanto em veículos leves (passeio e comerciais), quanto em caminhões (leves e pesados), com crescimentos de 4,5% e 5,4% na comparação anual, respectivamente.
Do lado negativo, destacamos o segmento de Off Roads nos Estados Unidos, ao qual a Tupy tem forte exposição. O fraco início de ano tem como causa principal o momento ruim na venda de maquinário para a construção civil. Observamos a influência significativa dos atrasos na redução da taxa de juros do país nos investimentos no setor. Além disso, outro fator que deve pesar negativamente no resultado é o volume para o continente Europeu, onde o mercado de veículos desacelera na comparação anual.
Mercado Interno: Os números apontam para crescimento, mas tímido
Um cenário um pouco mais favorável para a produção de veículos leves e estabilidade em pesados entram na balança contra uma queda forte de vendas nos veículos Off Road dentro do Brasil. Projetamos que essa conta tenda mais para o lado negativo, configurando um trimestre fraco para o mercado interno da Tupy.
Os dados de vendas divulgados pela Anfavea, apontam para uma melhora no setor automotivo nesse 1T24, impulsionada pelo maior volume de crédito concedido para aquisição de veículos. O cenário mais favorável às venda, nos sinaliza uma possível aceleração da produção nos trimestres seguintes em caso de manutenção da demanda. Mesmo com dados positivos de vendas, níveis de produção ainda foram tímidos, com veículos leves subindo 1,6% e caminhões caindo -0,9% no trimestre, em comparação com o 1T23.
Na direção contrária, vemos um começo de ano péssimo para as máquinas agrícolas. Com uma situação desfavorável no setor agrícola, enxergamos um produtor com margens espremidas e pouco apetite para investimento, o que resulta na queda de 34% em vendas no trimestre em relação ao ano anterior. Somando todos esses efeitos, projetamos para o mercado interno, uma receita em R$ 596 milhões (-1,3% a/a e -3,3% t/t).
Ligeira melhora nas margens
Um dos destaques positivos do trimestre é a de melhora nas margens da companhia tanto na comparação anual quanto trimestral, impulsionadas pelo arrefecimento nos preços dos principais insumos e melhores preços realizados. Apesar da melhora, é importante ressaltar que observamos níveis baixos de utilização de capacidade, o que se reflete em menores diluições de custos fixos.
Andando de lado
Do ponto de vista operacional, os segmentos de Distribuição e Energia e Descarbonização devem ser os destaques negativos, com receitas caindo -1,5% e -12,1% em relação a 2023, respectivamente. Na figura consolidada esperamos um resultado Neutro no 1T24 para a Tupy, com uma receita líquida consolidada de R$ 2.682 milhões (-4,4% a/a e +2,3% t/t), EBITDA de R$ 303 milhões (-1,9% a/a e +13,4% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 11,3% (+0,3pp a/a e +1,1pp t/t). Na última linha, relembramos que no trimestre passado, o lucro líquido foi impulsionado pela realização de créditos fiscais e por reversões de prejuízo acumulado em algumas operações da MWM. Sem esses efeitos não recorrentes no 1T24, esperamos um lucro líquido de R$ 113 milhões (-22,5% a/a e -29,5% t/t).