Confirmando nossas expectativas, a Tupy divulgou resultados fracos no 3T24. Os números ficaram abaixo das projeções do mercado, impactados principalmente pela desaceleração no mercado externo, sendo a Europa o grande detrator do trimestre. A queda de receita na região foi mais acentuada do que o previsto, refletindo a menor demanda nos setores de construção e mineração, que pressionaram os resultados consolidados da companhia. O EBITDA ajustado também veio em linha com nossas projeções, porém, abaixo das expectativas do mercado.
Mesmo com volumes mais fracos, a margem EBITDA ajustada se manteve praticamente estável na comparação ano contra ano, o que demonstra a resiliência da companhia em meio a um cenário de menor demanda externa. No entanto, a diluição dos custos fixos foi comprometida pelos menores volumes, o que impediu uma expansão mais robusta da margem, ofuscando as melhorias operacionais que vêm sendo implementadas pela Tupy.
Um ponto importante a destacar é o impacto da MWM sobre a estrutura de margens. A recomposição da demanda de caminhões no Brasil em 2024 impulsionou os volumes da MWM, contribuindo para a expansão de receita no mercado interno. No entanto, como a MWM possui margens operacionais mais baixas devido à natureza de seu negócio. Dessa forma, a maior contribuição da divisão de montagem de motores e peças pode ter ajudado a esconder as melhorias operacionais que a empresa vem desenvolvendo.
No consolidado do 3T24, a receita líquida da Tupy totalizou R$ 2,768 bilhões (-7,0% a/a e -1,3% t/t), em linha com nossas expectativas, mas 5,9% abaixo do consenso de mercado. O EBITDA ajustado, excluindo efeitos não recorrentes, atingiu R$ 338 milhões (-7,8% a/a e -14,3% t/t), 0,6% acima das nossas projeções, mas 7,5% inferior ao esperado pelo mercado. A margem EBITDA ajustada alcançou 12,2% (-0,1pp a/a e -1,9pp t/t), refletindo a pressão de volumes mais baixos e menor diluição de custos fixos apesar da apreciação cambial. Por fim, o lucro líquido ajustado foi de R$ 89 milhões, em linha com a nossa expectativa de R$ 83 milhões, porém, muito abaixo do consenso de mercado, que esperava R$ 119 milhões.
Aos atuais níveis de preço, Tupy negocia a um EV/EBITDA de 4,1x para 2025E. Reiteramos nossa recomendação de MANTER, com um preço-alvo de R$ 27,00.
Assim como esperávamos: um trimestre desafiador!
No consolidado, a Tupy reportou uma receita líquida de R$ 2,768 bilhões, em linha com nossas expectativas de R$ 2,776 bilhões (-0,3%), mas abaixo do consenso de mercado, que esperava R$ 2,941 bilhões (-5,9%). O EBITDA ajustado ficou em R$ 338 milhões, levemente acima da nossa projeção de R$ 336 milhões (+0,6%), mas significativamente abaixo do esperado pelo mercado, que projetava R$ 366 milhões (-7,5%). O EBITDA ajustado foi elevado em R$ 35,62 milhões em relação ao EBITDA reportado, devido a uma série de despesas extraordinárias. Esse ajuste inclui principalmente três componentes: constituição e atualização de provisões, despesas com baixas de bens do ativo imobilizado e venda de inservíveis, além de despesas de reestruturação.
No lucro líquido, a Tupy registrou R$ 89 milhões, superando nossa expectativa de R$ 83 milhões (+8,0%), porém, muito abaixo do consenso de mercado, que esperava R$ 119 milhões (-24,9%). No lucro líquido, um ajuste importante foi o impacto do efeito cambial nas bases tributárias das operações no México. A Tupy mantém a base tributária dos ativos e passivos mexicanos em Pesos Mexicanos, apesar da moeda funcional ser o Dólar. As variações cambiais entre o Peso Mexicano e o Dólar geram oscilações nas bases tributárias, resultando em receitas ou despesas de imposto de renda diferido que não impactam o caixa, mas afetam o lucro contábil.
Desempenho por segmento: MWM ajuda na receita, mas pesa nas margens
No geral, o 3T24 foi um trimestre desafiador para a Tupy, com resultados abaixo das expectativas do mercado e em linha com nossas projeções. O cenário externo, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, permanece uma preocupação, com uma perspectiva de alta nos juros, queda na demanda por veículos comerciais e redução nos preços das commodities agrícolas. Em contrapartida, o mercado interno ofereceu um alívio parcial, com o desempenho positivo na produção de caminhões e a expansão do segmento de reposição (aftermarket).
Mercado Interno: Apesar do resultado geral abaixo do esperado, o mercado interno apresentou uma recomposição de demanda que superou nossas expectativas em 7%. A recuperação no segmento de caminhões foi um dos motores desse desempenho, sendo beneficiada por uma base de comparação fraca e de uma retomada na produção doméstica. A categoria de Veículos Off-road no Brasil também superou nossas expectativas, indicando uma demanda menos ruim do que a esperada em algumas áreas do agronegócio, apesar dos desafios relacionados à queda nos preços das commodities agrícolas. Um ponto importante a destacar é o impacto da MWM sobre a estrutura de margens. A recomposição da produção de caminhões no Brasil em 2024, impulsionada pelos volumes da MWM, contribuiu para a performance do mercado interno. No entanto, como a MWM possui margens operacionais mais baixas devido à natureza de seu negócio. Portanto, com essa expansão dos volumes domésticos e o consequente aumento da representatividade da MWM nos resultados consolidados, os ganhos operacionais da Tupy ficaram ofuscados.
Mercado Externo: em contrapartida, as regiões NAFTA e Europa apresentaram receitas abaixo do esperado. Sendo o mercado norte americano impactado pela desaceleração nos Estados Unidos, enquanto a Europa enfrentou os maiores desafios, devido a uma demanda fraca em veículos comerciais e à redução de investimentos no setor de construção. No segmento de Veículos Off-road, a receita foi de R$ 398 milhões (-21,7% a/a e +6,8t/t), refletindo a retração no mercado global de equipamentos agrícolas e de construção, intensificada pela queda nos preços das commodities e pela menor atividade no setor de construção não residencial.