Na terça-feira, dia 13 de agosto, após o fechamento de mercado, a Tupy divulgou seus resultados do 2T24, os quais avaliamos de maneira positiva, apesar do momento desafiador do mercado. Ainda que tenha apresentado queda de receita na comparação anual (-5,4% a/a), observamos um incremento relevante do EBITDA, que ilustra os ganhos de eficiência decorrentes das suas últimas aquisições. O lucro líquido contábil foi penalizado por efeitos não caixa decorrentes da variação cambial, tanto no resultado financeiro quanto na alíquota de imposto, pela marcação a mercado de instrumentos de proteção cambial e por efeitos cambiais sobre a base tributária.
Os resultados ajustados da Tupy ficaram em linha com nossas expectativas. A grande surpresa positiva foi o bom desempenho no mercado interno, sustentado pela retomada do mercado de caminhões, impulsionado pela base comparativa mais fraca do primeiro semestre de 2023. A retomada dos volumes no primeiro semestre de 2024, especialmente na MWM, contribuiu para resultados melhores no Brasil. Esses ganhos ajudaram a compensar o desempenho mais fraco na América do Norte e na Europa, principalmente nos segmentos off-road, que registraram volumes menores do que o esperado, prejudicando a rentabilidade.
A maior contribuição da MWM nos resultados consolidados e a deterioração do mercado externo foram importantes para os bons resultados no 2T24. O crescimento robusto de 12% a/a no mercado local também reflete a base de comparação fraca do 2T23, impactada negativamente pelo pre-buy no final de 2022. Tupy e, particularmente, MWM, responsável pela montagem de motores para terceiros, se beneficiam dessa retomada.
A empresa reportou um EBITDA ajustado de R$ 395 milhões, 7,3% acima do que esperávamos e cerca de 5% acima da média do consenso de mercado. Destacamos os ganhos de eficiência, especialmente devido à captura de sinergias das empresas adquiridas. Além disso, a companhia anunciou a entrada de novos contratos com potencial de receita adicional de cerca de R$ 200 milhões por ano, relacionados à montagem de motores da MAN D26, com início previsto para 2025. Esse contrato deve gerar um aumento relevante de receita nos próximos anos, alinhado à estratégia de agregar maior valor aos produtos oferecidos pela Tupy.
No consolidado do 2T24, a receita líquida totalizou R$ 2,805 bilhões (-5,4% a/a e +8,0% t/t), ficando em linha com nossas expectativas e com as do mercado. O EBITDA somou R$ 341 milhões (+26,4% a/a e n.m. t/t), enquanto o EBITDA ajustado, que exclui efeitos não recorrentes, atingiu R$ 395 milhões, 7,3% acima das nossas projeções e cerca de 5% acima do consenso de mercado. A margem EBITDA consolidada foi de 12,2%, enquanto a ajustada foi de 14,1% (+2,9pp a/a e n.m. t/t), superando nossas expectativas e refletindo ganhos de eficiência e sinergias das aquisições recentes.
Embora a Tupy esteja negociando a um valuation atrativo de 4,7x EV/EBITDA 2024E, vemos poucos gatilhos de valorização no curto prazo. Assim, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 32,00