Resultados fortes!
De forma geral, o resultado da Vale no 4T21 foi em linha com o esperado pela Genial e pelo consenso em termos recorrentes. Tanto o EBITDA quanto o lucro tiveram efeitos não-recorrentes que se distanciaram do previsto pela Genial, porém ao remover tais ajustes os resultados são próximos aos esperados. Especial destaque para o lucro, de US$ 5,43b no 4T21 (+634,4% a.a e +39,7% t.t). Com isso, continuamos com nossa recomendação de COMPRA com preço-alvo de R$ 115,00.
A empresa registrou uma receita de $13,1b (-10,5% a.a e +6,3% t.t) propiciado sobretudo por um maior volume de vendas de minério de ferro, que atingiu 83,15 Mton no 4T21 (+0,4% a.a e +22,6% t.t) e de pelotas, vendendo 10,35 Mton (+22,0% a.a e +28,8% t.t). O preço, apesar da queda frente ao realizado no 3T21, foi compensado pelo aumento de volume.
É importante ressaltar que apesar da produção ter totalizado 82,47 Mton (-2,4% a.a e -7,8% t.t), houve um aumento na venda do conjunto de minério de ferro e pelotas atingindo 93,5 Mton (+2,4% a.a e +23,2% t.t) possibilitado pelo uso dos estoques em trânsito formados no 3T21 esperando um melhor momento do mercado, levando a um recorde de vendas de minério de ferro para um quarto trimestre.
A parte das despesas foi impactada negativamente pelo item “despesas relacionadas a Brumadinho e descaracterização” relacionados em parte a provisões adicionais da descaracterização de barragens a montante, que somaram no total mais de US$ 2,1b, levando a um aumento das despesas totais para US$ 3,05b (-52,2% a.a e +356,5% t.t) comprimindo as margens EBIT e EBITDA.
Mesmo assim, a empresa apresentou um crescimento de EBITDA na comparação anual, atigindo US$ 4,58b (+13,5% a.a e -33,5% t.t). Apesar disso, a empresa conseguiu forte lucro de US$ 5,43b (+634,4% a.a e +39,7% t.t), impulsionado pelo resultado financeiro, sobretudo pelo CTA (Ajuste Cumulativo de Conversão), que leva em consideração as diferentes taxas de câmbio utilizadas na contabilidade das contas, adicionando US$ 3,1b no resultado financeiro. Ainda, o lucro só não foi maior devido a um menor resultado de participações, que totalizou US$ 1,1b, ocasionado por uma provisão adicional vinculada à Fundação Renova.
Pontos Positivos
- Aproveitamento das condições de mercado usando parte do minério em armazenado em trânsito do 3T21 para incrementar as vendas do 4T21 que tiveram preços mais atrativos ao longo do final do ano, possibilitando maiores leveis de receita;
- Maior participação na receita dos metais básicos, com contribuições do níquel que tiveram preços médios realizados superiores, indo a US$ 19.088/ton (+9,8% a.a e +4,8% t.t). Similar para o cobre, que atingiu US$ 10.166 US$/ton (+41,0% a.a e +28,1% t.t);
- Simplificação do portfólio de ativos da empresa, como: 1) conclusão da venda da VNC, 2) evolução na saída responsável do negócio envolvendo o segmento de carvão em Moçambique (Mina de Moatize) e 3) desinvestimento da participação de 50% na CSI e 4) desinvestimento nas ações da Mosaic;
- Baixo nível de alavancagem, com Dívida Líquida 4T21/EBITDA LTM = 0,06x.
- Redução do custo caixa C1, cujos fatores contribuidores para a redução sendo os efeitos câmbio, demurrage parcialmente compensando pela menor diluição de custos fixos e diesel, entre outros. Assim, o custo C1 atingiu US$ 17,1/ton (-5,5% t.t);
- Pagamento de dividendos com dividend yield de 4,2%, anunciado dia 24/fev/22;
Pontos Negativos
- Problemas vinculados à descaracterização de barragens à montante e aos cronogramas propostos pelas entidades regulatórias;
- Queda de 8,5% a.a na produção de níquel em 2021, atingindo 168,0 Kt devido a eventos one-off, como a paralisação dos trabalhos em Sudbury e manutenções em Salobo, Sossego, Matsuzaka e Onça Puma;
- Maiores gastos com frete nos custos com minério de ferro de US$ 1,08b no 3T21 para US$ 1,55b no 4T21 (+39,18% t.t), devido ao aumento do preço do petróleo;
- Efeitos sazonais de final de ano provocado pelas chuvas, causando interrupções nas zonas produtivas
Remuneração aos investidores
A empresa ainda anunciou a aprovação da distribuição de dividendos aos acionistas no valor de R$ 3,70/ação, com pagamento para 8 de março de 2022, representando um dividend yield de 4,2%.
Ela ainda informou que o Conselho de Administração aprovou o cancelamento de 133.418.347 ações ordinárias, representando 41% das ações detidas em tesouraria, fazendo com que o capital total da Vale seja composto por 4.999.040.051 ações ordinárias e 12 ações preferenciais de classe especial, sem valor nominal.
Perspectiva Vale
Minério de Ferro
A empresa continua positiva com relação ao minério de ferro, dada a recuperação global da economia impulsionada pelos programas de vacinação. Ainda, ela acredita que a produção mundial de aço continuará a crescer ligeiramente em 2022, com a redução dos gargalos nas cadeias de abastecimento. O risco fica para o aumento da inflação e uma desaceleração na China, que podem impactar negativamente a retomada mundial.
Quanto aos outros países (ex-China), acredita-se num suporte dos setores de construção civil e automotivo sustentando um consumor maior de aço à medida que o fornecimento de insumos se recupera. Para o longo prazo, a empresa acredita na alta qualidade do seu minério de ferro que diminui a emissão de gases poluentes no processamento, indo ao encontro das boas práticas ESG globais.
Níquel
Recurso fundamental para os veículos elétricos, que apresentam crescimento robusto na China, mas que enfrenta desafios na Europa, tendo em vista a escassez de semicondutores. A mudança para eletrificação nas economias mundiais tendem a aumentar a demanda por este recurso a fim de baixar as emissões de gases poluentes. A perspectiva de longo prazo fica para a maior demanda de veículos elétricos com a prevalência de baterias ricas em níquel.
Cobre
A médio prazo, a transição para energias mais sustentáveis tendem a impulsionar a demanda por cobre. Já no longo prazo, a sua utilização em infraestrutura de rede elétrica, bem como aparelhos eletrônicos, industrialização e construção civil tendem a aumentar sua demanda.