O resultado do 1T23 da Valid revelou uma afável melhora operacional e financeira que deve se firmar ao longo do ano. O lucro líquido de R$ 65m veio 19% acima das nossas expectativas de R$ 54,8m e expõe a inversão do prejuízo de R$ 18m no 1T22. Os destaques para o trimestre foram:
- Crescimento de 18% a/a da Receita Líquida para R$ 529m (sem unidade EUA alienada no 3T22), puxado pelas vendas nas verticais de ID e Pay;
- Recorde trimestral de EBITDA normalizado de R$ 149m, aumento de +51% a/a (sem unidade EUA);
- Melhora da alavancagem, mesmo com novas emissões. Resultado financeiro sai de -R$ 85m no 1T22 para -R$ 19m no 1T23
- Geração de caixa operacional de R$ 58m
Acreditamos que o resultado do 1T23 espelha melhor os desdobramentos do resto do ano. Ou seja, uma empresa com melhores margens, expansão de lucro, e resultados mais consistentes depois do turnaround, trazendo mais visibilidade na última linha (lucro). Se simplesmente multiplicarmos o lucro do 1T23 por 4x, chegamos a R$ 260m no ano, implicando em um P/L de 3,77x. Nossa estimativa de lucro para 2023 é de R$ 205m. Desse modo, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com um preço alvo (PA) de R$ 15,30 e múltiplos mais atraentes para 2023, com valuation interessante de 4,8x P/L 23E, 4,3x P/L 24E, 3,0x EV/EBITDA e 0,7x P/VP.
O lucro recorrente contém um ajuste não recorrente de uma provisão de R$ 5,6m referente a exercícios anteriores de um contrato não pago, que continua no contas a receber da Valid.
Dívida Líquida/EBITDA: bons níveis de alavancagem
Com um resultado operacional mais forte, o nível de alavancagem se manteve estável em 0,6x Dívida Líquida/EBITDA no 1T23, mesmo com novas emissões de dívidas. No 4T22, a alavancagem ficou em 0,7x Dívida Líquida/Ebitda sem considerar as operações que foram encerradas dos Estados Unidos.
Vale destacar que nesse trimestre foram efetuadas duas novas operações, a emissão de uma nova dívida na Valid USA no valor de US$ 8m a taxa de SOFR+2,5%; e uma nova operação bilateral na Valid Espanha no valor de EUR 4m, para a realizam de pagamentos de principal na Espanha. Vale ressaltar que essas emissões em moedas estrangeiras são das operações no exterior da Valid que geram receita na mesma moeda EUR e USD.
Valid ID: crescimento robusto de margem
A Valid ID (documentos) registrou receita de R$ 173m, com alta de +1% t/t e robusto crescimento de +31% a/a. A emissão de documentos apresentou uma das maiores volumetrias da histórica com 7,3m de emissões (+5,9% t/t e +26,0% a/a). Parte desse aumento vem da volta de emissões represadas durante a pandemia, mas houve também ganhos de novos negócios como emissões para os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Piauí ao longo do ano.
A margem EBITDA registrou impressionantes 36,5% (+8,2 pp a/a) totalizando R$ 63m (+68,9% a/a). Já as despesas operacionais ficaram em R$ 110m, crescimento de 15,9% a/a.
Valid Pay: Argentina mais uma vez!
A Valid Pay (pagamentos) apresentou uma receita de R$ 200m no 1T23 (+7,6% t/t e +26% a/a), acima das nossas expectativas de R$ 183m. O principal driver do resultado foi a expansão de 77% a/a das vendas na Argentina, que compensou a menor volumetria de cartões no Brasil. Apesar do posicionamento da fábrica de cartões na Valid na Argentina ter gerado oportunidades de curto prazo, a empresa não acredita que sejam sustentáveis no longo prazo.
Além disso, as despesas operacionais avançaram +4,4% e +15,5% a/a, crescendo abaixo da receita, o que contribuiu para uma expansão do EBITDA para R$ 43,3m (+21,2% t/t e +87,1% a/a), contribuindo para uma ampliação da margem EBITDA para 21,6% (+2,4 pp t/t e +7,1 pp a/a).
Valid Mobile: volumetria fraca, margem crescente
A receita do segmento mobile atingiu R$ 156m (28,8% t/t e -0,2% a/a), em linha com nossas expectativas. A volumetria do segmento ainda continua fraca, impactada pelo cenário global mais desafiador, a venda global de SIM Cards totalizou 62m unidades no tri, uma queda de 35% a/a.
No lado das despesas operacionais, a empresa reportou avanço de 19,8% t/t e queda de 3,9% a/a. Apesar do avanço das despesas, acreditamos que o melhor mix de produtos com maior valor agregado, além da escassez de chips no mercado, foram contribuidores para o crescimento do EBITDA para R$ 42,8m (60,6% t/t e 11% a/a). A margem do segmento foi de 27,5% (+5,5 pp t/t e 2,8 pp t/t).