VALID

    Ações > Serviços Financeiros > VALID > Relatório > Valid (VLID3) | Resultado 2T22: Com a casa arrumada, a normalização dos volumes traz mais um tri forte

    Publicado em 09 de Agosto às 23:42:31

    Valid (VLID3) | Resultado 2T22: Com a casa arrumada, a normalização dos volumes traz mais um tri forte

    A Valid continuou mostrando boas dinâmicas no 2T, que esperamos que se estendam para o ano. O EBITDA de R$ 137,9m (+88% a/a e +34% t/t) superou as nossas expectativas em 33,5%. O EBITDA e receitas foram recordes, atingindo os maiores valores para um trimestre da companhia. O prejuízo de R$ 4,3m foi ofuscado pela venda dos ativos dos Estados Unidos por valor inferior ao valor patrimonial, que impactou o resultado de operações descontinuadas. Em meio a boa dinâmica de receitas, melhora de margem e melhora da estrutura de capital seguimos acreditamos que o cenário continua favorável para a Valid em 2022. A margem EBITDA atingiu 22,9%, propiciando uma melhora de 5,2 pp t/t e 9,4 pp a/a.

    Ao menos até 2023, a Valid deve continuar se beneficiando do calendário de normalização das CNHs, após o represamento de emissões durante a pandemia. Historicamente, a CNH correspondia a 60% do EBITDA da companhia em anos mais normalizados e o aumento de volume vem beneficiando a margem da Valid. Mais adiante, a extensão da validade da CNH deve prejudicar volumes a partir de 2026. Do lado positivo, parte dos efeitos, se não todos, pode ser compensado pelo novo RG. O novo RG de policarbonato deve ser implementado em todos os Estados até mar/23 e o maior ticket por emissão, dado material de maior valor agregado, deve beneficiar a margem.

    Dada dinâmica favorável no curto prazo, endividamento reequacionada e maior preparo da companhia para enfrentar desafios de longo prazo, gostamos da tese de investimento da Valid. Ao valuation atraente de 3,8x EV/EBITDA22 reiteramos COMPRAR. Os principais pontos de atenção para monitorar no curto prazo que podem ser um revés na nossa tese são: o risco de desabastecimento de chips em Telco dadas pressões na cadeia de suprimentos, cenário que é pouco próvavel segundo o managment; a deterioração nas condições de negócio na Argentina, que vem sendo um grande driver no crescimento da emissão de cartões bancários, e; o não exercício dos bônus de subscrição no 3T, que podem levantar R$ 110m para a companhia.

    Receitas: novo recorde

    A receita da Valid atingiu R$ 601,6m no 2T (incluindo as operações descontinuadas dos EUA), maior patamar na história da companhia crescendo 3,8% t/t e 11,2% a/a. O avanço a/a é resultado das dinâmicas positivas que já comentamos, principalmente em ID (antiga VGS) crescendo 11,4% t/t e 27% a/a. A emissão de documentos totalizou o volume de 6,3m no 2T. A melhora t/t foi beneficiada pela sazonalidade, dado que o 2T tem mais dias úteis. Outro fator que deve passar a contribuir com o crescimento foi a entrada do Estado de Minas no resultado.

    Em payments (antiga VBS), a Argentina continuou a contribuir com o resultado, mesmo com o enfraquecimento da emissão de plásticos no mercado brasileiro. As receitas de payments cresceram 0,9% t/t e 7,1% a/a, com margem EBITDA de 19,1% (+13,2 pp a/a e 4,6 pp t/t). A deterioração do cenário macroeconômico e maior intervencionismo na Argentina fez com que concorrentes, principalmente internacionais, não conseguissem operar no país. A Valid se beneficiou por estar instalada na Argentina. O cenário beneficiou não só os volumes, mas as margens de payments.

    Em Telco, as receitas continuaram a patamares favoráveis, crescendo 17,3% a/a mas com uma queda de -4,6% t/t. A margem EBITDA continuou em patamar saudável, na faixa dos 28,2% (-1,3 pp t/t e +3,5 pp a/a). O resultado foi beneficiado pelo melhor mix de produtos e clientes, mesmo em um cenário de escassez de chip global.

    Lucro: mútuo tirando o brilho novamente

    Apesar do robusto EBITDA, a Valid novamente apresentou prejuízo no trimestre de -R$ 4,3m, explicada pela venda dos ativos dos Estados Unidos por valor inferior ao valor patrimonial, com um impacto de -R$ 51m de resultado de operações descontinuadas.

    Estrutura de capital: menor alavancagem desde 2014

    A Valid apresentou uma dívida líquida/EBITDA de 1,2x no trimestre (vs. 3,5x no 1T21), menor valor desde 2014 e uma posição de caixa confortável de R$ 515m. A menor alavancagem é consequência da melhora dos resultados, que já se estende há alguns trimestres, venda de ativos e aumento da capital. Em jun/22, a Valid anunciou a venda dos ativos de ID e payments dos EUA. A empresa espera que a venda seja concluída até o final do ano.

    Em paralelo, a Valid fez a 9ª emissão de debêntures, com volume de R$ 250m. A operação permitiu a amortização de ~50% da 8ª emissão de debênture, reduzindo o custo da parcela amortizada em 125 bps.

    Novos horizontes: olhando oportunidades, mas com foco no core

    Com posição de caixa mais robusta e melhor estrutura de capital, a Valid está melhor posicionada para buscar novas oportunidades, inclusive via M&A. No entanto, esperamos que a empresa se concentre em complementar o core bussiness, o que não é de todo mal se olharmos para os bons resultados que vem apresentando.

    O maior foco no core bussiness foi sinalizado no trimestre com a mudança na forma de reportar os resultados. A Valid deixou de reportar o segmento VDS, focado em soluções digitais. O VDS passou a ser reportado junto a outras linhas. Além disso, renomeou as unidades VGS para ID, VBS para Pay e Telco para Mobile.

    Em jun/22, a Valid anunciou o lançamento da Valid Ventures, braço de investimentos da companhia. Com o lançamento, a Valid anunciou a compra de participação minoritária na IDTech e Vsoft, que complementam a atuação geográfica da companhia e portfólio de produtos relacionados a certificação digital.

    Acesse o disclaimer.

    Leitura Dinâmica

    Recomendações

      Vale a pena conferir