No 3T24, a Valid reportou um lucro de R$ 90,3m, crescimento de 13,4% t/t e 48,8% a/a, superando nossas expectativas em 10,4%. O EBITDA totalizou R$ 132m, um pouco abaixo de nossas projeções (-4,1%), com expansão de 2,3% t/t e 4,5% a/a. No geral, consideramos o resultado construtivo e alinhado às nossas previsões. A empresa está caixa líquido em R$ 150m ao final do 3T24 e esperamos um pagamento extraordinário de dividendos no 4T24.
Com a melhora no lucro e consequente aumento de caixa, acreditamos que os acionistas serão bem remunerados em 2024, com uma forte distribuição de proventos que pode se aproximar do lucro líquido recorrente estimado de R$ 268m para o ano. Caso não ocorra nenhuma aquisição relevante (M&A) no curto prazo, esperamos o anúncio generoso de dividendos extraordinários concentrados no 4T24.
Desse total estimado de dividendos, R$ 104,9m já foram anunciados e R$ 62,6m pagos. Amanhã (7/11) será o último dia para garantir os R$ 42,3m ainda não pagos (data ex-dividendos em 08/11/2024), o que representa um dividend yield de 2,0%. Esses proventos devem ser somados ao montante que esperamos ser declarado no 4T24, estimado em cerca de R$ 163m, com um yield de 7,7%, totalizando quase 10% de dividend yield projetado com base nos resultados de 2024.
No trimestre, observamos uma boa dinâmica de receitas, especialmente na vertical de ID, impulsionada pelos altos volumes de emissão de documentos, e na área de Mobile, que apresentou sinais de recuperação em relação aos últimos trimestres, anteriormente impactados por preços internacionais mais baixos dos cartões SIM. Em contrapartida, a unidade Pay enfrentou uma redução de volume na Argentina, resultando em queda de receita, EBITDA e margem EBITDA tanto no comparativo anual quanto no trimestral. Além disso, as despesas operacionais (OPEX) registraram um crescimento mais acentuado, principalmente devido ao aumento das contratações para novos projetos. Isso levou a uma modesta expansão do EBITDA, mas também a uma redução na margem EBITDA em comparação ao trimestre anterior.
Acreditamos que o crescimento das receitas continuará em pauta para os resultados de 2025 e 2026, quando a empresa deverá enfrentar desafios decorrentes da redução nos volumes de CNH, afetada pelo baixo número de emissões em 2020 devido à pandemia e pela extensão do prazo de validade da CNH de 5 para 10 anos. No longo prazo, acreditamos que as novas linhas de negócio, como Governos Digitais e Onboarding, ganharão maior relevância no mix à medida que alcançarem mais maturidade.
No início de 2023, essas novas verticais ainda não geravam receita. No 3T24, as novas soluções somaram R$ 64m em receita, representando 11% do faturamento total da empresa, com um EBITDA de R$ 29m, ou 22% do total da Valid. Acreditamos que o crescimento dessas novas verticais, como Governo Digital e Onboarding, deverá compensar parte do impacto negativo causado pela queda nos volumes de CNH, levando a uma expansão mais moderada de +5,5% a/a no EBITDA para 2025, segundo nossas projeções.
Em 2025, prevemos que a vertical ID fique mais pressionada pela redução nos volumes de CNH. Em 2020, as emissões de carteiras foram comprometidas por conta da pandemia COVID-19, o que deve acarretar um menor número de renovações em 2025, pressionando negativamente as receitas da vertical ID. A partir de 2026, a pressão na renovação de CNH virá pela extensão dos prazos de validade de 5 para 10 anos que começou em 2021.
Vemos as ações da Valid sendo negociadas a múltiplos bastante atrativos, com 4,0x EV/EBITDA 2024e, 3,8x EV/EBITDA 2025e, 8,1x P/L 2024e e 7,4x P/L 2025e. Diante disso, reiteramos nossa recomendação de COMPRA para VLID3, com preço-alvo de R$ 30,00 (upside de 13,4%) para o final de 2025.
Valid (VLID3) | Resultado 3T24: Forte crescimento de lucro t/t e a/a
Alavancagem: Caixa liquido e crescente
Observamos novamente a evolução do resultado financeiro, que ficou positivo no valor de R$ 4,1m – algo que não acontecia desde o 3T21 – e contribuiu significativamente para a melhora de lucro no trimestre.
A geração de caixa da companhia desacelerou nesse trimestre, devido à extensão do prazo médio de recebimento no segmento mobile e ao pagamento de dívida. Esse pagamento abre espaço para uma melhoria contínua no resultado financeiro nos próximos trimestres. Com isso, a alavancagem (dívida líquida / EBITDA doze meses) seguiu em tendência de queda, atingindo -0,3x.
Alavancagem Financeira: Tendência de queda com geração de caixa
Valid ID: Maior volume histórico de emissões
A Valid reportou um bom desempenho na vertical ID, totalizando uma receita de R$224,6m (+11,0% t/t, +15,6% a/a), marginalmente aquém de nossas expectativas de R$ 227,5m.
Como esperávamos, a Valid registrou no trimestre o maior volume histórico de emissões de documentos, totalizando 8,3m de documentos emitidos, um crescimento de +10,5% em relação aos 7,5m emitidos no 3T23 e de +11,0% frente aos 7,3m do 2T24. Esse aumento foi impulsionado por três fatores principais: (i) maior demanda pela CIN em todos os estados onde a empresa atua; (ii) início do contrato de ID na Bahia, concluído em agosto; e (iii) maior número de dias úteis no trimestre.
O EBITDA reportado totalizou R$ 71,7m (+3,1% t/t, -2,1% a/a), número abaixo de nossas estimativas de R$ 75,3m, impactado negativamente por um aumento expressivo das despesas operacionais (OPEX), que totalizaram R$ 152,9m (+15,1% t/t, +26,3% a/a).
Com esse aumento, a margem EBITDA foi de 31,9%, refletindo uma retração de -2,4pp em relação aos 34,3% do 2T24 e de -5,8pp frente aos 37,7% do 3T23. O crescimento das despesas foi impulsionado principalmente pelo aumento da força de trabalho para atender à demanda de novos projetos, sobretudo com o início das operações na Bahia. A empresa destacou que, à medida que esses projetos atingirem o nível de maturidade, espera-se uma melhora nas margens.
Valid ID | Forte Crescimento da Receita t/t e a/a
Valid Pay: Performance da Argentina Prejudicam o Trimestre
No 3T24, a receita líquida da vertical de Pay (segmento de pagamentos) da Valid atingiu R$ 201m, refletindo uma retração de -1,8% t/t e -10,2% a/a. O desempenho foi impactado principalmente pela intensificação da concorrência na Argentina, que pressionou os volumes no mercado local. No Brasil, apesar do crescimento na volumetria durante o período, a expansão foi compensada por uma redução no preço médio praticado, limitando o avanço da receita no país.
O volume de cartões (Brasil e Argentina) alcançou 17,7m de unidades no 3T24, representando um crescimento de +1,5% t/t e +11,9% a/a. As despesas operacionais (OPEX) aumentaram +5,4% t/t, mantendo-se praticamente estáveis no comparativo anual (-0,4% a/a). O EBITDA da vertical totalizou R$ 26,5m, uma queda expressiva de -32,3% t/t e -45,6% a/a, pressionado pela valorização do dólar, queda de receita e pelo aumento nos custos de matéria-prima tanto na Argentina quanto no Brasil.
Valid Pay | Expansão dos Custos Prejudica Margem EBITDA
Valid Mobile: Um Trimestre de Recuperação
Como havíamos previsto, o 3T24 foi um trimestre de recuperação para a vertical Mobile, depois do 1S24 ter sido pressionado por menores preços dos cartões SIM no mercado. As receitas cresceram +38,8% t/t e+9,9% a/a, totalizando R$ 154,1m, beneficiada pelo volume de SIM Cards e pela parte de soluções e OEM.
O EBITDA chegou a R$ 34,0m (+65,3% t/t e +77,1% a/a), acompanhado de uma expansão de +3,5pp t/t e +8,4pp a/a na margem EBITDA.
Por outro lado, o OPEX foi de R$ 120,1m, apresentando uma leve queda de –0,8% a/a, embora tenha apresentado um forte aumento em +32,7% t/t.