A Vamos divulgou seu resultado do 3T21 um pouco abaixo das nossas expectativas. A receita líquida veio 6,5% acima da nossa estimativa, mas o Ebitda e o lucro líquido vieram 1,3% e 12,7% abaixo do nosso número. Embora o resultado desse trimestre não tenha nos surpreendido, os indicadores financeiros tiveram um expressivo crescimento comparado com o mesmo trimestre do ano anterior. Receita, Ebitda e o lucro líquido aumentaram 90,6%, 71,4% e 127% respectivamente vs 3T20. Pelo lado operacional, frota cresceu 45,4% a/a e 11% t/t, atingindo um total de 20,3k ativos, divididos em 17,3k caminhões e 3k em máquinas e equipamentos. Assim como tem acontecido nas locadoras de veículos leves, a Vamos também tem se beneficiado do aumento do preço dos caminhões usados, melhorando a margem bruta na venda dos ativos e abrindo espaço para uma redução na depreciação. Como o mercado de aluguel de veículos pesados é sub penetrado, o importante é que a companhia tem conseguido crescer em todas as suas linhas de negócios, que devem gerar impactos importantes para os próximos resultados à medida que os novos investimentos feitos pela empresa vão se maturando e a companhia ganhando escala. Após o follow on de R$1,1 bi realizado em setembro, a companhia reduz sua alavancagem e agora possui recursos necessários para acelerar seu plano de expansão. Seguimos animados com a empresa, que possui um mar de oportunidades a ser capturado pela frente e tem apresentado um crescimento com melhora na rentabilidade.
No segmento de locações, a empresa continua sua trajetória de aumentar o número de contratos assinados e a diversificação de clientes. O aumento dos juros e do preço dos caminhões acaba beneficiando a Vamos, já que a compra de veículos acaba ficando mais cara e muitos clientes acabam migrando para o serviço de locação para expandir ou renovar as suas frotas. Nesse trimestre, foram assinados 272 novos contratos com destaque para um importante contrato de 10 anos com uma fabricante de bebidas, totalizando 1.328 contratos vs 504 em Set/20. O número de clientes atingiu a marca de 638 clientes vs 207 em Set/20, gerando uma receita futura contratada (backlog) de R$6,2 bi (+113,1% vs Set/20). A receita líquida cresceu 32,3% a/a enquanto os custos diminuíram quase 9% a/a, explicados pelo menor volume de veículos vendidos e na queda de depreciação por ativo. Esses fatores levaram o segmento a apresentar um Ebitda de R$ 225 milhões (+53,2% a/a) com uma margem de 89,2%, contra 90,6% no 3T20. O capex nesse trimestre foi de R$ 926 milhões, um crescimento de quase 200% do que vimos no 3T20.
No segmento de concessionárias, já aparece o resultado das aquisições realizadas ao longo do primeiro semestre. Essas aquisições são importantes para todo ecossistema da empresa, já que garante a presença na região centro-oeste, a principal região do agronegócio do país. Receita líquida aumentou quase 110% vs 3T20 enquanto os custos e despesas subiram 104,2% e 77,4% respectivamente. Como as aquisições são recentes, a empresa ainda não conseguiu capturar toda sinergia e diluição que vamos observar pela frente, impactando a margem Ebitda da divisão que saiu de 12,8% no 2T21 para 11,6% nesse trimestre, mas ainda superior da apresentada no 3T20 de 9,1%.
No consolidado, o resultado financeiro cresceu 70% a/a devido ao aumento da taxa de juros e a nova captação de dívida de R$1 bi em junho/21 compensado parcialmente pelo follow on que adicionou R$ 1,1 bi ao caixa da empresa, levando a uma alavancagem de 1,5x Dív líq/Ebitda vs 3x Dív líq/Ebitda que apresentou no 3T20, deixando a empresa em situação confortável para financiar seu plano de crescimento.
Pontos Positivos
- Aumento da frota e do backlog
- Aumento do número de contratos e clientes
- Redução da alavancagem e melhora do perfil da dívida
Pontos Negativos
- Receita por ativo estável t/t
- Piora nas margens t/t