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    Publicado em 04 de Outubro às 23:06:08

    Vamos (VAMO3) e Randon (RAPT4): de olho no setor de locação de caminhões

    Durante os últimos anos o mercado de locação de caminhões vem se tornando cada vez mais popular. O cenário atual fez com que muitas empresas optassem por locar sua frota, ao invés de comprá-la, devido às taxas de juros, preços elevados e um maior enfoque em seu core business.

    Novas Empresas no Segmento

    Recentemente tivemos anúncios das entradas de Randon e Gerdau, Volkswagen, Volvo e Scania no business de locação de caminhões. A entrada dessas empresas no setor de locação reforça nossa visão de popularização e maior capilaridade do segmento.

    JV – Gerdau (GGBR4) e Randon (RAPT4)

    Poucos dias após o anúncio do programa da Volkswagen, Randon (RAPT4) e Gerdau (GGBR4) anunciaram a formação de uma joint venture voltada para locação de caminhões. A nova empresa contará com aporte inicial de R$ 250 milhões, com igual participação societária de 50% do capital social cada uma. O investimento será faseado em 3 anos (R$ 100 milhões em 2022, R$ 100 milhões em 2023 e 50 milhões em 2024).

    Tomando como premissa que o modelo de negócio será baseado na estrutura apresentada pela Vamos (VAMO3), imaginamos que a nova empresa deverá operar com estrutura de capital equivalente. Em 2017, a empresa do grupo Simpar (SIMH3) possuía R$ 500 milhões de capital social, com uma estrutura de capital próxima a 40/60, isto é, 40% de Equity e 60% de Dívida, usaremos essa mesma premissa. Se a nova empresa for avaliada a um múltiplo próximo ao da Vamos de 13x EV/EBITDA 2022, o valor adicionado por ação ao preço de Randon deveria ser de R$ 1,80. Para isso, tomamos como premissa que a nova companhia conseguirá atingir um Yield da carteira (receita bruta de locação/imobilizado bruto) de 2,5%, com margem EBITDA próxima a da Vamos, cerca de 70%:

    A parceria se baseia em um ecossistema já montado perante às duas empresas, com a Randon entregando a parte de implementos e a Gerdau possuindo conexões voltadas para o segmento, além de uma empresa de logística que deverá beneficiar o negócio.

    Volkswagen Truck Rental

    A Volkswagen anunciou seu programa de assinaturas voltado para locação de caminhões. O VW Truck Rental visa facilitar a gestão de frota, além de reduzir os custos operacionais das empresas, oferecendo serviços de manutenção corretiva e preventiva, seguro, telemetria, documentação, gestão de multas, IPVA e carroceria caga seca ou baú.

    A alemã foi a primeira montadora a oferecer o serviço de aluguel. De início, o programa começa com 100 unidades, oferecendo pacotes que variam entre R$ 3.679 até R$ 15.999 por mês. Os contratos podem ter durações de 36 ou 60 meses.

    Volvo

    A Volvo também anunciou sua entrada no mercado de locação de máquinas e caminhões. A montadora sueca irá trabalhar com planos de aluguel por quilômetro rodado, hora trabalhada e por assinatura. Os contratos terão manutenção e seguro inclusos, com prazos de locação podendo variar entre 24 a 60 meses.

    Scania

    A montadora Scania, que já conta com cerca de 10.000 veículos alugados na Europa, também anunciou sua entrada no segmento de locação brasileiro. A empresa sueca ainda não apresentou data definida, mas informou que a modalidade estará disponível em seu portfólio no curto-prazo.

    Resposta da Vamos (VAMO3)

    Follow-on

    A Vamos anunciou recentemente sua nova rodada de emissão de ações, que visa levantar um montante de R$ 641,4 milhões. Segundo a companhia, esse valor será utilizado para a aquisição de máquinas e equipamentos.

    Utilizando o preço médio de compra dos últimos resultados, vemos que a Vamos (VAMO3) poderia comprar em torno de 2.000 caminhões, o que representaria um acréscimo de aproximadamente 7% em sua frota, fazendo com que ela aumentasse algo próximo a 0,10% de seu market share considerando a frota total de caminhões utilizados por empresas de transporte de cargas.

    Antecipação de Recebíveis

    A empresa também anunciou que antecipará cerca de R$ 1,3 bi da sua carteira de recebíveis (que soma aproximadamente R$ 10,8 bi). Para nós, esse movimento, aliado ao follow-on mostra que a empresa reagiu aos comunicados feitos pelas novas concorrentes, buscando não só manter sua liderança no mercado de locação, mas também aumentar suas vantagens competitivas frente ao seus novos concorrentes. Somando a antecipação e a oferta de ações, a companhia irá levantar algo entorno de R$ 1,94 bi, o que representa um valor 1,27x maior que o CAPEX contratado reportado no 2T22, além de reduzir sua alavancagem de 3,3x para 1,9x (LTM) e de 2,5x para 1,5x (EBITDA de 2T22 anualizado).

    Estimamos que a Vamos poderá comprar cerca de 6.700 caminhões, o que aumentaria aproximadamente 0,3% seu market share total no mercado de caminhões, além de incrementar sua frota em 24,6%.

    Preço-alvo

    Com recomposição da capacidade de investimentos, atualizamos nossas premissas de crescimento de número de ativos, agora com menor dificuldade em atingir a meta de 100 mil ativos até 2025. Nossa recomendação segue sendo de COMPRA, com preço-alvo de subindo de R$ 16,50 para R$ 22,00.

    Benefícios da Locação

    Desde o início da pandemia, o preço de automóveis semi-novos e usados subiu aproximadamente 30%. Isso aliado à redução da atividade econômica brasileira fez com que muitas empresas voltadas para transporte de cargas repensassem a real necessidade de compra efetiva de veículos, levando-as para a solução mais eficiente, a locação. Além disso, a Selic em patamares elevados reduz a procura por financiamentos, prejudicando o processo de renovação de frotas.

    O principal ponto que destacamos para o aluguel dessas máquinas é a terceirização de atividades. Os pacotes de aluguel oferecidos atualmente contam com serviços de manutenção preventiva e corretiva, além de documentos e até mesmo gestão de multas. Isso permite que a empresa contratante seja mais assertiva em suas operações, já que ela poderá focar inteiramente em sua atividade principal, não precisando se preocupar com manutenções dos veículos, mantimento de galpões para armazenamento de peças compradas única e exclusivamente para esse fim, ou até mesmo em ficar exposta a variações nos preços de componentes e serviços de manutenção, já que em tese esses estariam “travados” no contrato.

    Outro ponto é o benefício fiscal que as empresas possuem ao alugar esses veículos. A locação de empresas enquadradas como lucro real pode trazer dedução nos valores das mensalidades de IRPJ, além de créditos de PIS/COFINS. Contudo, esse é um benefício pouco atraente, visto que empresas que compram seus veículos tem custo de depreciação, que também reduz a base de cálculo do imposto de renda. Dito isso, a terceirização ainda assim seria o principal benefício da locação, visto que o simples benefício tributário pode não ser atrativo.

    Início de uma Tendência?

    Conforme mencionamos anteriormente, o fato de empresas que estão diretamente ligadas ao segmento de pesados estarem se inserindo no mercado de locação nos mostra que este é um horizonte ainda pouco explorado e com muito potencial no mercado brasileiro. Em termos comparativos, a Vamos, que hoje é líder no mercado de locação de caminhões, possui pouco mais que 1% do market share brasileiro se considerarmos a frota circulante atual.

    Com uma maior visibilidade e consequentemente uma maior visão dos benefícios de se terceirizar uma frota, é de se esperar que a procura por esse tipo de serviço cresça cada vez mais, ainda mais se considerarmos que o Brasil possui como principal modal o rodoviário.

    A princípio, a entrada de mais competidores pode parecer negativa para a Vamos, remetendo a compressão de rentabilidade no médio/longo prazo. Na nossa visão, dada a subpenetração do segmento, a entrada de novos players pode trazer mais visibilidade para o mercado de aluguel de pesados, trazendo um efeito positivo no curto prazo.

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