Neste relatório, falaremos sobre nossas expectativas referentes aos resultados do 1T24 da Vamos, que serão divulgados na segunda-feira, 06 de maio de 2024, após o fechamento do mercado. Embora tenhamos uma expectativa de melhora trimestral, o desempenho do segmento de concessionárias deve ficar aquém do reportado no mesmo período do ano anterior. Embora os segmentos de locação e seminovos estejam apresentando um crescimento robusto, isso não será suficiente para garantir um aumento no lucro líquido consolidado.
Na divulgação de resultados do 4T23, a empresa reportou, via fato relevante, alguns números prévios do seu desempenho no 1T24. Na ocasião, observamos uma melhora no negócio de concessionárias, com as receitas do primeiro bimestre de 2024 atingindo R$ 444,3 milhões, um ritmo mensal 37,6% maior que o observado no 4T23, esperamos que esse ritmo de crescimento se mantenha no trimestre.
O 1T24 marca a entrada em operação dos ativos adquiridos do Grupo Petrópolis. A operação de sales & leaseback contou com a aquisição de 2,9 mil veículos, que devem contribuir parcialmente com os números do trimestre. O pagamento da transação deve impactar negativamente a alavancagem da empresa, que deve encerrar o trimestre próxima de 3,5x, segundo nossas projeções.
Mesmo com os dados das principais entidades do setor apontando para uma melhora nas vendas de caminhões, a situação no segmento de máquinas agrícolas continua desafiadora. Dada a maior exposição ao segmento de caminhões e o bom momento em locação com redução da retomada de ativos, esperamos que a Vamos entre em uma rota de resultados melhores ao longo de 2024.
Ainda enxergamos a Companhia negociando a 9,7x P/E para 2024, bem abaixo dos concorrentes e inferior a sua própria média histórica. Seguimos com nossa recomendação de COMPRA, com preço–alvo de R$ 13,60.
Consolidado: Um trimestre com tons de melhora
Consideramos um trimestre neutro para Vamos. Mesmo sabendo da recuperação da divisão de concessionárias, ainda vemos números inferiores aos apresentados no mesmo trimestre de anos anteriores. Com o pior momento concentrado no 4T23, esperamos que o trimestre seja marcado por um volume menor de devolução ou cancelamento de vendas por financiamentos não aprovados. Um aspecto positivo é que provavelmente veremos uma redução nas deduções da receita bruta para a líquida, o que deve resultar na reversão do EBITDA de negativo para positivo no segmento.
Na ponta oposta, mais uma vez, o destaque positivo do trimestre deve ser a divisão de locação. Embora os contratos do Grupo Petrópolis ainda não contribuam com o trimestre de maneira completa, esperamos uma expansão na receita líquida de serviços com redução do volume de retomada de ativos.
Projetamos para uma receita líquida no 1T24 de R$ 1,7 bilhão (+3,1% a/a e +19,4% t/t), EBITDA em R$ 776 milhões (+17,7% a/a e + 17,4% t/t), com margem de 44,7% (+5,6p.p. a/a e -0,8p.p. t/t) e Lucro líquido de R$ 144 milhões (-14,3% a/a e -25,9% a/a).
Locação e Seminovos: um Yield estável – positivo para um primeiro trimestre
Temos a expectativa de mais um trimestre positivo para os segmentos de locação e seminovos que, ao contrário de concessionárias, cresce na base trimestral e dois dígitos na base anual, puxado por uma demanda resiliente mesmo diante dos desafios enfrentados no Agro. Projetamos uma manutenção da taxa de utilização da frota, ou seja, sem aumento do percentual de imobilizado que não contribui na geração de receita. Vale lembrar que embora o Capex implantado da operação com o Grupo Petrópolis no 1T24 (algo próximo R$ 570 milhões) entre na base gerando receita, a contribuição não deve ocupar os 3 meses do período.
Em termos de rentabilidade, esperamos que a Vamos mantenha Yield de locação em 2,5%. Mesmo que sazonalmente o primeiro trimestre marque um período de queda na rentabilidade, devido a entrada das sucro-alcooleiras (contratos maiores e de maior duração), não esperamos que isso se repita no 1T24. Recentemente vimos um movimento de alta no Yield dos títulos de dívida com vencimento próximo a 60 meses (da NTN-B 5Y), saindo de 5,2% para 5,7% no final do período. Adicionalmente, a incorporação dos ativos da Petrópolis ao portfólio deve ajudar na manutenção no nível de rentabilidade médio da Companhia no período. Lembramos que a operação de sales & leaseback contou com a aquisição de 2,9 mil veículos, a um valor médio de R$ 211 mil e Yield médio de 2,7%.
Para Seminovos, projetamos um volume de venda um pouco maior de caminhões, justamente pelo incremento das novas aquisições na frota operacional. Dos 2,9 mil caminhões adquiridos, o contrato previa o giro de 1,1 mil ativos. Nas nossas contas, a companhia arrecadaria cerca de R$ 220 milhões de receita adicionais com a venda dos ativos no mercado secundário. Essas vendas devem se espalhar pelo 1T24 e pelo 2T24. Nossa expectativa é de uma leve redução na margem bruta de seminovos, mas ainda sim em um patamar elevado de 25%.
Como consolidado dos segmentos temos uma projeção de receita líquida de R$ 957 milhões (+18,8% a/a e +8,6% t/t) e EBITDA de R$ 758 milhões (+34,3% e 10,3%), com margem de 79,2% (+9,1p.p. a/a e + 1,2p.p. t/t).
Concessionárias: apresenta melhora, mas longe do ideal
Acreditamos que o segmento de concessionárias da Vamos deve seguir em linha com os dados reportados pela Fenabrave para o 1T24, com crescimento e recuperação em relação ao fraco final do ano 2023, porém com queda a/a pelo efeito de antecipação de compra já mencionado.
A Vamos já divulgou dados referentes aos 2 primeiros meses de 2024 e correspondeu as nossas expectativas. A receita líquida de concessionárias foi de R$ 444 milhões, um ritmo médio mensal 38% maior que o 4T23. Acreditamos que esse ritmo de crescimento permaneça para março, que deve vir com uma receita em linha com janeiro e fevereiro.
Além de um cenário melhor para a venda de caminhões, devemos somar o efeito de um 1T24 com menos devoluções em relação ao 4T23. O trimestre passado foi marcado por alto indicie de cancelamento nas compras. Para o trimestre atual, esperamos uma reformulação dos critérios internos para compra de pesados pela Vamos e uma estabilização das devoluções.
Os dados apresentados pela Fenabrave para o 1T24 apresentam uma melhora no volume de vendas de caminhões no mercado nacional na comparação com o trimestre passado (4T23). Apesar da melhora os números permanecem abaixo dos registrados em anos anteriores. Ao todo foram emplacados 25,9 mil caminhões (-5,6% a/a) e vendidas cerca de 9,3 mil (-34% a/a), segundo nossas projeções para o mês de março. Essa deterioração adicional no segmento de linha verde está ligada à redução da margem dos produtores rurais e à expectativa de uma safra pior em 2024.
Por outro lado, a melhora sequencial ao longo do primeiro trimestre, pode nos indicar uma mudança de trajetória nos resultados da divisão de concessionárias da Vamos ao longo do ano, mas ainda é cedo para acreditar em uma recuperação completa das vendas.
Para o segmento de concessionárias, projetamos uma receita líquida de R$ 699 milhões (-12,1% a/a e +44,3% t/t) e a reversão de margens e EBITDA negativos no 4T23 pela maior diluição de custos, para 1,0% (-9,9pp a/a) e R$ 7 milhões (-92,2% a/a), respectivamente.
Customização
Para a unidade de customização, esperamos uma variação do volume de vendas correlacionado aos reportados para o mercado de implementos. A apesar da queda trimestral, os dados da Fenabrave indicam um crescimento 6,3% a/a.
Embora os volumes estejam aumentando, observamos fortes reduções nos custos de matérias-primas no 4T23, que na nossa visão, devem ser repassadas para o cliente final, por isso, projetamos uma estabilidade nas receitas anuais, atingindo R$ 79 milhões (-4,0% a/a e -9,6% t/t) e EBITDA em R$ 11 milhões (+39,2% a/a e + 17,2% t/t), com margem de 14,5% (+4,5p.p. a/a e +3,3p.p. t/t).