Na segunda-feira, 05 de agosto de 2024, após o fechamento do mercado, a Vamos divulgará seus resultados referentes ao 2T24. Esperamos um trimestre positivo, com crescimento de receita e EBITDA na comparação anual, impulsionado pelo segmento de locação e seminovos, enquanto o segmento de concessionárias deve mostrar uma recuperação gradual.
Esperamos mais um trimestre positivo para os segmentos de locação e seminovos, com crescimento de dois dígitos na base anual, puxado por uma demanda resiliente. No período, observamos uma alta expressiva na NTNB 5Y, que saiu de uma média de 5,6% no primeiro trimestre para 6,3% no 2T24, no entanto, não antevemos um incremento substancial do yield. Projetamos novo incremento no volume de venda de seminovos, devido à continuidade das vendas dos ativos remanescentes do contrato com o Grupo Petrópolis. No segmento de concessionárias, o mercado de veículos pesados apresentou dinâmicas distintas entre caminhões e máquinas agrícolas. Se no 1T24, observamos uma melhora no negócio de concessionárias puxada pela forte expansão em caminhões, o Plano Safra e a alta do dólar ainda não refletiram em maiores vendas de máquinas agrícolas.
Projetamos para o 2T24 uma receita líquida de R$ 1,859 bilhões (+26,5% a/a e +7,7% t/t), EBITDA de R$ 883 milhões (+32,7% a/a e +7,7% t/t), com margem de 47,5% (+2,2pp a/a e 0,0pp t/t), e lucro líquido de R$ 210 milhões (+99,6% a/a e +15,8% t/t). Projetamos impactos irrisórios referentes aos desastres no Rio Grande do Sul. Com as expectativas de manutenção dos juros locais no patamar de 10,5%, revisamos nossas estimativas de lucro para o segundo semestre, caindo de R$ 920 milhões para R$ 845 milhões. Ainda assim, enxergamos a Companhia negociando a 11,1x P/E para 2024, bem abaixo dos concorrentes e inferior a sua própria média histórica.
Seguimos com nossa recomendação de COMPRA, com preço-alvo de R$ 13,60.
Setor dando sinais mistos
No 2T24, o mercado de veículos pesados apresentou dinâmicas distintas entre caminhões e máquinas agrícolas. As vendas de caminhões demonstraram um crescimento consistente, saltando de 38 mil unidades em março para 43,7 mil em abril, antes de uma leve queda para 38,7 mil em junho. Anualmente, houve um aumento de 30,1% em abril e uma variação positiva de 2,6% em junho.
Em contraste, as vendas de máquinas agrícolas caíram de 3,9 mil unidades em março para 3,2 mil em maio. Os dados de maio e junho ainda não foram divulgados, mas nas nossas projeções, teremos volumes piores do que os apresentados no primeiro mês do 2T24. Olhando para o segundo semestre, destacamos que o Plano Safra, com um orçamento maior do que o esperado, pode ter um impacto positivo nas vendas de caminhões e máquinas agrícolas. Além disso, a alta do dólar e a melhora no crédito para a agricultura sugerem uma melhora no ambiente de investimentos para o produtor rural.
Consolidado: Melhora sequencial
Consideramos um trimestre positivo para Vamos. Projetamos um trimestre de crescimento para a Vamos, especialmente devido à performance no segmento de locação e seminovos. Receita líquida e o EBITDA crescem sequencialmente, indicando que o pior momento da companhia foi deixado para trás. O mercado estava preocupado com os possíveis impactos dos desastres no Rio Grande do Sul. Durante a divulgação de resultados, a Vamos estimou perdas entre R$ 20 e R$ 40 milhões, principalmente em lojas e estoques. Não esperamos impacto significativo em ativos locáveis ou para venda, com o impacto provavelmente ficando no limite inferior da estimativa.
A receita líquida deve atingir os R$ 1,86 bilhões (+26,5% a/a e +7,7% t/t). Lembramos que os resultados vêm de uma base de comparação muito fraca do 2T23, dessa forma esperamos um crescimento significativo do EBITDA, atingindo R$ 883 milhões (+32,7% a/a e +7,7% t/t), com margem EBITDA de 47,5% (+2,2pp a/a e 0,0pp t/t). O lucro líquido segue sendo impactado pela alta alavancagem da empresa, estimamos R$ 210 milhões (+99,6% a/a e +15,8% t/t).
Locação e Seminovos: sustentando a melhora nos resultados
Esperamos mais um trimestre positivo para os segmentos de locação e seminovos, com crescimento de dois dígitos na base anual, puxado por uma demanda resiliente e implementação de novos contratos. Durante o trimestre, a NTNB 5Y mostrou um aumento significativo ao longo do 2T24, começando em 5,7% em março e atingindo 6,5% em junho. Esse movimento reflete uma maior percepção de risco inflacionário a longo prazo e influencia diretamente os custos de financiamento e a precificação dos contratos da Vamos. Essa volatilidade gera uma pressão altista na precificação dos novos contratos de locação, o que pode ajudar o yield da companhia a se manter próximo ao patamar do 1T24, em torno de 2,5%.
Não esperamos grandes volumes de implantações neste trimestre, uma vez que a necessidade de capital diminuiu após a implementação bem-sucedida do contrato com o Grupo Petrópolis no 1T24. No entanto, a melhora nas perspectivas futuras para o setor de locação deve impulsionar o Capex contratado. Esperamos algo acima de R$ 1 bilhão.
Um ponto de atenção é o aumento na inadimplência e retomada de contratos. No 1T24, os destratos foram menores, após aumentos sequenciais em 2023. Caso isso ocorra nesse trimestre, podemos observar um aumento no volume de venda de seminovos acima do esperado.
A receita líquida de locação e seminovos deve atingir R$ 1.077 milhões, um aumento de 39,3% em relação ao 2T23 e 10,0% em relação ao 1T24. O EBITDA projetado é de R$ 863 milhões, um crescimento de 38,7% em relação ao 2T23 e 8,8% em relação ao 1T24, com margem EBITDA de 80,1%.
Concessionárias: base de comparação fraca
Como mencionamos anteriormente, há uma melhora relevante nas vendas de caminhões no Brasil, com volumes de vendas crescendo sequencialmente. O novo plano Safra, anunciado no trimestre, prevê um aumento significativo no volume de crédito a ser concedido, beneficiando tanto a demanda de locação quanto a de concessionárias, correlacionada com o desempenho do agronegócio.
Apesar da melhora nas vendas de caminhões, as vendas de máquinas agrícolas seguem fracas, o que impacta negativamente o desempenho do segmento. Esperamos um crescimento tímido trimestre contra trimestre, porém forte na base comparativa anual devido a um 2T23 muito fraco.
A receita líquida de concessionárias deve atingir R$ 704 milhões, um aumento de 9,6% em relação ao 2T23 e 5,0% em relação ao 1T24. O EBITDA projetado é de R$ 8 milhões, com margem EBITDA de 1,2%.
Customização: menor, mas com bons resultados
Apesar de ser um segmento menos relevante, a customização deve entregar bons resultados, com EBITDA superando o das concessionárias. A demanda por implementos se mantém alta, sustentando o desempenho positivo do segmento. A demanda por implementos se mantém alta, e esperamos que o mercado ultrapasse as 80 mil unidades vendidas no ano. Nossas estimativas apontam para uma receita líquida de customização de R$ 77 milhões, um aumento de 45,8% em relação ao 2T23 e 1,9% em relação ao 1T24. O EBITDA projetado é de R$ 12 milhões, um crescimento de 39,6% em relação ao 2T23 e 30,5% em relação ao 1T24, com margem EBITDA de 14,9%.