Margens mais comprimidas, mas boa geração de caixa
Consideramos o resultado da companhia como neutro neste 1T22, considerando do lado positivo a geração de caixa da companhia, a remuneração aos acionistas e o bom crescimento de receita na base anual. Já do outro lado da balança ficaram os crescimentos com custos (superiores às de receita) e menor expansão de EBITDA, comprimindo as margens. Além disso, o lucro foi menor em virtude do maior negativo do resultado financeiro.
Entrando mais nos números
A empresa terminou o 1T22 com uma receita de R$ 11,35b (-1,3% t.t e +4,6% a.a), impulsionada por uma receita móvel total de R$ 7,58b (-3,4% t.t e +6,1% a.a), com destaque na parte móvel para:
- o crescimento das linhas pós e pré-pagas que juntas somaram R$ 6,87b (-1,4% t.t e +5,7% a.a);
- crescimento da base de clientes pós-pago em 1,27m de usuários (-17,8% t.t e +11,0% a.a) e reversão da tendência de queda da base pré-pago, superando nossas estimativas (de -100k) e adicionando 112k;
- a venda de aparelhos que atingiu R$ 708m (-19,5% t.t e +10,0% a.a), que na comparação trimestral é inferior devido à ausência de ofertas como as de final de ano (Black Friday e Natal).
Ainda, com a parte fixa a história não foi diferente: alcançou R$ 2,7b (+5,3% t.t e +11,9% a.a), cujas principais contribuições foram:
- do FTTH que alcançou R$ 1,27b (+8,1% t.t e +25,9% a.a), reflexo de uma maior base de clientes que atingiram 4,83m de usuários (+5,0% t.t e +29,1% a.a), sem mencionar o número de casas passadas que atingiu 20,5m (+4,6% t.t e +25,8% a.a) e o de conectadas totalizando 4,8m (+4,3% t.t e +29,7% a.a)
- do IPTV que somou R$ 384m (+8,1% t.t e +18,2% a.a), que apesar da queda da base para 899m de usuários (-2,0% t.t e -1,6% a.a), foi compensada por um ARPU superior, de R$ 141/usuários (mensal, +9,3% t.t e +17,5% a.a);
- da parte de Dados Corporativos e TI que atingiram R$ 870m (+4,8% t.t +13,6% a.a), que são vinculados aos serviços B2B, cujo potencial de expansão é bastante elevado, sobretudo com a adesão dos serviços propiciados pelo 5G ao longo dos próximos anos.
Os custos totais foram levemente superiores ao que esperávamos (+1,3% vs Est.), finalizando o tri em um valor de R$ 6,84b (+4,1% t.t e +7,0% a.a). Algumas das variações responsáveis por isso foram:
- a queda dos custos relacionados a outras receitas e despesas operacionais para R$ 79m (-85,5% t.t e -62,8% a.a), pelos menores créditos de recuperação tributária;
- aumento dos custos com pessoal para R$ 1,11b (+3,5% t.t e +9,4% a.a), como consequência de um eventual reajuste salarial e pressões inflacionárias;
- crescimento dos custos comerciais e de infraestrutura para R$ 3,07b (+1,0% t.t e +1,9% a.a), devido a maiores despesas com publicidade, uso e manutenção de redes e gastos com energia elétrica.
O EBITDA, por sua vez, seguiu essa mesma linha e veio 4,2% abaixo de nossas estimativas, resultando em R$ 4,51b (-8,5% t.t e +1,3% a.a) com uma margem de 39,7% (-3,2 p.p t.t e -1,3 p.p a.a). O leve aumento na base anual pode ser explicado por uma elevação dos custos superando a expansão da receita.
Do lado do lucro, a empresa registrou R$ 750m (-71,5% t.t e -20,4% a.a), abaixo tanto das nossas expectativas quanto do consenso. Isso se deve em grande parte a uma maior pressão do resultado financeiro que atingiu R$ -524m (+30,9% t.t e +66,6% a.a), em função do maior endividamento em virtude da aquisição das licenças do 5G, maiores taxas de juros (atrelados ao CDI, Selic, IGP-DI e IPCA) e alguns contratos que foram reconhecidos como leasing (devido ao IFRS16). Tais efeitos, somados a uma pressão superior de custos versus nossas estimativas culminaram com a baixa do lucro.
Remuneração ao Investidor
Em termos de fluxo de caixa operacional (EBITDA – CapEx), a empresa atingiu R$ 2,6b (+4,4% a.a), exibindo a forte capacidade de geração de caixa da empresa e o potencial de pagamento de proventos.
Vale mencionar que a empresa deliberou crédito de JCP de R$ 430m no 1T22 que será pago em 2023. Ainda, a empresa renovou seu programa de Recompra de Ações até 22 de fevereiro de 2023, reiterando que ela já recomprou R$ 115m em ações no 1T22. Em linhas gerais, a empresa entregou 7,0% de dividend yield se mantendo como uma boa pagadora de dividendos.
Closing da Oi
O evento mais esperado do ano finalmente teve seu fechamento e, assim, a empresa divulgou alguns números sobre suas perspectivas de geração de valor e sinergias. Vale mencionar que a empresa 1) adquiriu cerca de 43 MHz de espectro, o que propiciará menores gastos com investimentos para expansão de capacidade, 2) acrescentará 12,5m de acessos na sua base (37% em pós e 63% em pré) e 3) obterá cerca de 2,7k sites.
A empresa espera obter em sinergias sob a métrica de VPL, cerca de R$ 5,4b considerando apenas custos e CapEx (R$ 1,8b de rede, R$1,7b de espectro, R$ 1,0b comercial e R$ 0,9b outros).