O resultado foi em linha com o que havíamos deliberado durante a prévia do 2T22 e, portanto, positivo. Os repasses de preços foram sentidos sobretudo na receita móvel, impulsionada também pelo crescimento da base e pela incorporação espontânea de parte dos antigos clientes da Oi. Já a parte dos custos foi afetada por maiores gastos com as burocracias envolvendo a migração da Oi Móvel, mais os impactos de inflação (pessoal e energia) e com as despesas de marketing, propaganda e redes.
Receita
Móvel. Foi puxada tanto pelo crescimento orgânico quanto inorgânico (representado pela adição de parte da base de clientes da Oi que realizaram o shift entre operadoras). Além disso, a questão dos reajuste de preços junto à parte da base de clientes do pós-controle contribuiu em grande medida para o resultado, culminando em uma receita móvel de R$ 8,1b (+7,0% t/t e +16,0% a/a).
Fixo. Seguindo a tendência que observamos nos dados da Anatel de crescimento da base do FTTH em +71k m/m em abril, a empresa adicionou +210k usuários no trimestre, totalizando mais de 5,0m no total. Outro ponto fundamental é o reajuste de preços para o FTTH no fim de março para cerca de 25% da sua base, o que resultou numa receita fixa total de R$ 2,7b (+0,9% t/t e +10,8% a/a).
Aparelhos. O lado de aparelhos não teve grandes surpresas, atingindo R$ 695m (-1,9% t/t e +26,4% a/a).
Em suma, a receita total foi de R$ 11,8b (+4,2% t/t e +11,1% a/a).
Um ponto interessante a ser mencionado é que desconsideramos a inclusão da base móvel correspondente da Oi Móvel para a Vivo, fazendo para nossas análises apenas a contribuição orgânica e atribuindo um valor adicional à parte inorgânica.
Custos
Nos custos dos serviços e mercadorias vendidas, tivemos: 1) aumento dos gastos com serviços que totalizaram R$ -1,4b (+9,8% t/t e +16,0% a/a) em virtude dos impactos de vendas de licenças e serviços para empresas, bem como aumento de despesas com Fistel (relacionadas ao aumento da base) e o impulsionamento das vendas de cunhos digitais; 2) do lado de custos com produtos vendidos houve um dispêndio de R$ -834m (-5,0% t/t e +16,7% a/a) acompanhando a dinâmica da venda de aparelhos. Dessa forma, o total dessa grande linha foi de R$ -2,2b (+3,7% t/t e 16,3% a/a).
Dentro da parte de custos da operação, notamos um aumento no gasto com pessoal, que atingiu cerca de R$ -1,2b (+7,7% t/t e +20,1% a/a) com o impacto dos repasses com inflação. Outro destaque dentro dessa linha foi o de comerciais e infraestrutura, que somou quase R$ -3,3b (+6,4% t/t e +7,3% a/a) resultado de despesas maiores com publicidade, manutenção e utilização das redes. Dessa forma, juntamente com seus outros itens integrantes (por exemplo, a burocracia com as questões da Oi Móvel), os custos da operação totalizaram R$ -5,1b (+7,1% t/t e +27,3% a/a).
EBITDA
O EBITDA, excluindo o efeito de eventos não recorrentes, apresentou um crescimento tanto nas bases trimestrais quanto anuais, resultando em R$ 4,6b (+1,5% t/t e +8,3% a/a). No entanto, a margem EBITDA não seguiu a mesma tendência e foi inferior em ambas as bases de comparação, resultado em 38,7% (-1,04 pp t/t e -0,99 pp a/a).
Isso pode ser explicado por um aumento robusto da receita líquida, principalmente no que tange os serviços móveis, mas que foi superado pelo crescimento dos custos, por conta da maior pressão inflacionária e de outros fatores (como previamente explicado), o que foi crucial na queda da margem frente aos períodos passados.
Lucro Líquido
O lucro líquido foi abaixo do que esperávamos, resultando em R$ 746m (-0,6% t/t e -44,6% a/a) com uma margem líquida de 6,3% (-0,30 pp t/t e -6,33 pp a/a).
Vale mencionar que houve a deliberação de JCP no valor de R$ 630m, que é dedutível da base tributária gerando uma alíquota efetiva de imposto mais baixa impactando positivamente no lucro final. Porém, o resultado financeiro mais negativo, totalizando R$ -601m (+14,7% t/t e +282,1% a/a), pressionado por um endividamento médio maior por conta da aquisição das licenças 5G em 2021, do aumento da taxa de juros e dos contratos reconhecidos como leasing no período.