Nas linhas de cima, a empresa reportou números próximos das nossas expectativas e das expectativas do mercado. Porém quando olhamos para rentabilidade, diante de um cenário tão desafiador, houve queda nas margens devido 3 fatores: 1) aumento do volume de produtos menos verticalizados, 2) aumento dos custos de matérias-primas e 3) aumento dos custos logísticos. Embora tenha entregado crescimento, o mercado deve reagir de forma negativa ao resultado, justamente por conta da piora de margens. Essa piora nos mostra que, globalmente, embora a demanda por motores e equipamentos elétricos ainda continue em um patamar elevado, também persiste a dificuldade de repasse de inflação. Outro destaque negativo foi a queda do ROIC. Do lado positivo, destacamos as boas performances dos segmentos ligados a commodities e nos negócios de GTD ligados à renováveis e transmissão de energia.
Nesse trimestre, o valor de R$ 7,19 bilhões de receita líquida veio em linha coma as nossas expectativas +3,2%, assim como a margem EBITDA de 17,5% %, 0,1pp abaixo dos 17,6% projetados. Esperávamos um EBITDA de R$ 1,22 bilhões e o reportado foi apenas 2,7% superior às nossas expectativas, atingindo R$ 1,26 bilhões. O lucro líquido de R$ 913 milhões ficou 11% abaixo das nossas estimativas, impactado pelo aumento do nível de endividamento e consequente aumento das despesas financeiras. O caixa líquido caiu de R$ 1,8 bilhões no 4T21 para R$ 265 milhões no 2T22 devido ao aumento nas atividades de financiamento.
Quando olhamos para as expectativas do mercado, a receita líquida ficou 3,2% acima dos R$ 6,96 bilhões esperados, o EBITDA em linha, com margem 0,6pp abaixo dos 18,1% e o lucro líquido 2,1% abaixo do projetado.
A receita líquida subiu 5,2% t/t e 25% a/a. O EBITDA reportado cresceu 1,9% t/t e caiu 9,8% a/a. O lucro líquido caiu 3,3% t/t e 19,5% a/a.
Vale destacar que no 2T21 houve efeito não recorrente devido à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Excluídos, o EBITDA e lucro líquido apresentariam crescimento de 14,5% e 6,6% respectivamente.
O aumento do nível de investimento em modernização e expansão da capacidade produtiva frente a 2021 e o aumento da conta de estoque, puxaram o ROIC para baixo. A WEG segue dando continuidade aos investimentos nas fábricas do Brasil, México, Índia, China e EUA. O caixa segue em posição confortável, R$ 2,7 bilhões no 4T21 agora R$ 2,5 bilhões.
No trimestre passado reforçamos que embora tivesse sido mais um trimestre de crescimento, os desafios da cadeia de suprimentos global e consequente pressão no custo prazo, seguiriam desafiando as margens ao longo de 2022.
A empresa tem uma boa carteira de pedidos de aerogeradores e painéis solares até o meio de 2023, portanto, o novo mix de produtos menos verticalizado, seguirá com boa representatividade na receita total, o que também penaliza a margem EBITDA, que deve seguir em patamares inferiores a 2020 e 2021.
Análise das receitas no mercado interno
Os destaques no mercado interno foram os negócios de motores elétricos de baixa tensão, redutores, automação e os negócios relacionados a transmissão & distribuição de energia. Além disso, os projetos voltados para geração eólica se mantiveram em patamares elevados. No segmento solar, o volume segue sendo puxado pela eminência do novo Marco Legal de Geração Distribuída, que manterá a isenção de encargos nas instalações realizadas até 6 de janeiro de 2023. A fonte solar já se tornou a 3ª maior fonte de energia do Brasil. Houve melhora no segmento de motores comerciais refletindo uma melhora nos pedidos de bens de consumo duráveis, diretamente ligados ao consumo das famílias.
Análise das receitas no mercado externo
Olhando para a receita no mercado externo, observamos uma alta de 5,7% frente ao trimestre anterior, mesmo com o dólar médio caindo cerca de 5,7%, passando de R$ 5,23 para R$ 4,93. O destaque ficou com os equipamentos de ciclo curto, mais especificamente o volume de motores de baixa tensão. As principais regiões de crescimento foram NAFTA e América do Sul. Os equipamentos de ciclo longo para os segmentos de óleo e gás, mineração, papel e celulose seguem com bons volumes. O baixo nível de investimentos nesses setores nos últimos 5 anos garantiu uma boa carteira de pedidos para o ano de 2022.