Nossa visão: Julgamos a aquisição da divisão de Motores Industriais e Geradores da Regal Rexnord pela WEG como positiva. A transação representa um passo estratégico importante que pode impulsionar o crescimento da WEG nos próximos anos. Estimamos um ganho de aproximadamente 3p.p de market-share no segmento de motores elétricos de baixa tensão como resultado da aquisição.
Assim como projetávamos em setembro de 2022, a medida que o cenário global ficasse mais desafiador em 2023/2024 poderíamos voltar a observar a Companhia buscando oportunidades de consolidação no segmento de motores industriais. Vimos um movimento similar ocorrendo entre 2014 e 2018, janela na qual a empresa mais fez aquisições. As oportunidades voltaram a surgir, só que dessa vez em uma magnitude diferente.
Destacamos alguns pontos positivos:
i) Com uma baixa sobreposição de clientes entre as empresas, a transação da acesso a novos clientes e a novos mercados, ajudando a suportar o crescimento da Companhia nos próximos anos.
ii) Possibilidade de ganhos relevantes de margem, que por sua vez devem sair dos atuais 6,7% da Regal no 1S23, para se aproximar dos níveis históricos da WEG no segmento, atingindo 18,5% de margem EBITDA em 5 anos.
iii) O múltiplo EV/EBITDA pago na transação foi de 7,7x em 2022, frente a um múltiplo de 19,7x que a WEG negocia para 2024, sendo assim, a aquisição adiciona cerca de 2,1% de valor de mercado apenas pela incorporação dos resultados da Regal aos múltiplos da WEG.
Resumo da Transação
A WEG anunciou a aquisição dos negócios de motores elétricos e industriais e geradores da Regal Rexnord. A transação totaliza US$ 400 milhões (EV/EBITDA 7,7x vs. 26,7x da WEG em 2022 e 19,7x em 2024) e contempla 10 fábricas em 7 países, além de filiais comerciais e uma equipe de aproximadamente 2.800 colaboradores. As marcas Marathon, Rotor e Cemp serão mantidas. Segundo os dados divulgados no fato relevante, a operação em questão faturou cerca de US$ 541,5 milhões no ano de 2022, sendo 75% da receita destinado para o segmento de motores e 25% para o de geradores.
A transação saiu a um valor relativo abaixo dos 19,7x que a WEG negocia para 2024, e esse motivo já seria o suficiente para enxergamos geração de valor na transação. Apenas considerando o ajuste dos múltiplos, a aquisição adicionaria cerca de 2,1% de valor de mercado à Companhia. Mesmo que a margem EBITDA reportada pela Regal Rexnord no ano de 2022 tenha sido de 9,5% (bem inferior a que estimamos para WEG no segmento), entendemos que as margens devem convergir para algo próximo a 18,5% no longo prazo.
A WEG tem a oportunidade de otimizar suas operações e aproveitar a própria estrutura da Regal para ficar mais próxima de seus clientes. Acoplar uma estrutura verticalizada e uma qualidade de execução contribuirá positivamente para a recuperação das margens. Além disso, a redução da ociosidade fabril da Regal deve contribuir para a maior diluição de custos fixos, melhorando a eficiência da operação. Esses fatores, combinados com a integração bem-sucedida das operações, podem pavimentar o caminho para margem EBITDA próxima a 18,5% no longo prazo, o que representa um aumento significativo em relação às margens atuais da Regal.
Não é um fenômeno isolado…
Conforme antecipamos em nosso relatório de WEG publicado no ano passado, a WEG poderia se aproveitar do cenário desafiador nos anos de 2023/2024 para ampliar sua presença em seus segmentos de atuação. Grandes players como GE, Siemens, e agora a Regal estão se desfazendo de parte de seu portfólio mais intensivo em capital, focando em produtos de alta tecnologia.
No caso da Regal Rexnord, a empresa está se desfazendo dos ativos como parte de sua estratégia de focar no core business da empresa. No primeiro semestre de 2023, a divisão de Industrial Systems representou apenas 9,1% da receita total da Companhia. Adicionalmente, a decisão de vender também foi motivada pelo processo de desalavancagem financeira com a meta de atingir alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) inferior a 2,5x até o ano de 2025.
Para a WEG, o impacto na alavancagem não é algo relevante. Nas nossas contas pós-aquisição, a Companhia ainda terminaria 2023 com mais caixa do que dívida. O cenário atual continua abrindo espaço para crescimento inorgânico. Com a economia global desacelerando, “quem tem caixa é rei” e não descartamos novas aquisições ao longo de 2024.
Tentando quantificar o ganho de market-share
Além do ganho de margem, a operação em si gera muito valor para a companhia devido à baixa sobreposição de clientes e acesso a mercados/geografias pouco, ou até mesmo inexplorados pela companhia até então.
Em 2022, durante o WEG Day, as estimativas apontavam para um market-share global relativo ao mercado de motores industriais de baixa tensão de 9,8%, referente ao ano de 2021. Na ocasião estávamos diante de um mercado equivalente a US$13,7 bilhões. Recentemente, a Interact Analysis publicou um novo estudo, dizendo que em 2022, impulsionado por um aumento acentuado nos preços, o mercado alcançou um valor estimado de mais de US$17 bilhões.
Segundo divulgado, 75% da receita da operação de Indsutrial System da Regal são provenientes da operação de motores industriais. Dessa forma, conseguimos estimar o potencial ganho de mercado no segmento. Em 2021, a Companhia apresentou US$ 576,3 milhões de receita, equivalente a 3,1% do mercado global. Em 2022, essa participação foi para 2,2%.
Dessa forma, estimamos um ganho potencial de mercado entre 2,2 e 3,1 p.p com a aquisição, fazendo com que a WEG atinja até 13% de participação no segmento. Já no que diz respeito a geradores, o foco maior está no ganho de participação fora do Brasil, principalmente no mercado chinês.
Por fim, gostaríamos de ressaltar que as fábricas adquiridas contam com bons níveis de capacidade ociosa, o que reduz substancialmente a necessidade de novos investimentos no curto prazo para sustentar o crescimento orgânico da WEG no curto/médio prazo.